Vitória Sport Clube, os verdadeiros guerreiros do Minho
O REGRESSO DA COROA PERDIDA AO VITÓRIA
A três jogos do final da primeira-volta da Liga NOS, o FC Porto reina a quatro, cinco e seis pontos do SL Benfica, Sporting CP e SC Braga, respectivamente. Em 5º lugar surge o Vitória Sport Clube, que atravessou uma remodelação interessante no Verão passado com Luís Castro a ingressar no emblema vimaranense depois de uma excelente experiência em Chaves.
Em 14 jogos, o Vitória tem amealhados 25 pontos, com duas vitórias “fenomenais” contra o FC Porto (3-2 no Dragão, com uma reviravolta inesquecível) e Sporting CP (1-0), num claro sinal de mudança depois de ter vivido um 2017/2018 muito complicado. Se compararmos os rendimentos entre épocas, o Vitória possui em 2018/2019 mais 2 pontos, com menos 7 golos sofridos e mais 6 golos marcados numa clara diferenciação entre a última (meia) época de Pedro Martins e agora de Luís Castro.
A “revolta” iniciada pelo novo técnico do Vitória SC, partiu na reconstrução dos processos defensivos, que apesar de simplificados por Pedro Martins revelavam pouca “agressividade” na recuperação, possibilitando a adversários mais confiantes de carregarem os seus dinamismos até à área vitoriana… veja-se a goleada contra o Sporting CP por 5-0, o 3-1 sofrido ante o SL Benfica que poderia ter sido mais e o show do ataque dos actuais campeões nacionais que “só” deram 4-2.
Os níveis de confiança foram mínimos e os problemas mantiveram com o treinador substituto de Pedro Martins, José Peseiro. Com a chegada de Luís Castro o Vitória SC recuperou alguns traços que foram bem desenvolvidos por Rui Vitória e Sérgio Conceição, com a capacidade de luta ao meio-campo, recuperação rápida e bem processada pelo meio-campo, o à vontade da defesa em sair com a bola e a clarividência do ataque.
André André recuperou a sua “coroa” no miolo de jogo do Vitória SC, enquanto que Guedes, Osorio, Rafa Soares, Tozé, Davidson entraram para dar outra dimensão ao futebol praticado por esta equipa que tem sido um “castigo” para os supostos grandes.
Enquanto que no ano interior foi o Braga a carregar o estandarte de “maior” do Minho, pelas dificuldades técnicas e internas do clube (eleições que marcaram um pouco a agenda e futuro do emblema vitoriano), já actualmente parece que a balança vai se reequilibrando, algo fundamental para o futebol português.
ARSENALISTAS SÃO O FUTURO DA PRIMEIRA LIGA?
O SC Braga de Abel Ferreira tem conquistado a imprensa desportiva, muito pelos detalhes “sórdidos” positivos em termos de combinações nas alas, nas transições relâmpago e, também, por possuir um plantel jovem muito caprichoso e interessante: João Novais, Ricardo Horta, Ricardo Esgaio, Paulinho, Trincão, Xadas ou Tiago Sá. Alguns analistas e comentadores têm rotulado os bracarenses da equipa que melhor futebol apresenta em Portugal, muito devido às características já ditas de forma simplista e rápida.
Todavia, os resultados são na maioria das vezes o espelho do que o futebol de cada equipa consegue oferecer e o SC Braga, depois de muita “conversa” de que eram claros candidatos ao título, estão já a 6 pontos de distância do 1º. Mas o maior problema não é a distância para o actual dono da Liga NOS, é a forma como cederam e se apresentaram ante qualquer um dos top-5 da Primeira Liga nesta época ou mesmo na anterior.
Um recordar relâmpago: humilhação total na Luz por 2-6, o resultado mais pesado dos últimos 20 anos frente ao SL Benfica; 0-1 no Dragão, num jogo em que tiveram apenas 1 bola ao poste e pouco mais, completamente cilindrados pelos processos a meio de Óliver Torres, sendo que o resultado pecou por escasso por parte dos campeões nacionais; 1-1 contra o Vitória SC, num encontro bem dividido e recheado de equilíbrio; e uma vitória “pobre”, arrancada a “ferros” na 2ª parte frente a um dos piores Sportings CP dos últimos anos em termos de futebol praticado.
E na época transacta? Perderam por duas vezes tanto com o FC Porto (0-1 e 1-3) e SL Benfica (1-3 e 1-3), ganharam por uma ocasião ao Sporting CP (empate em Alvalade a dois golos) e duas vitórias, uma delas esmagadora contra o Vitória SC. Ou seja, Abel Ferreira só soma 4 vitórias contra os seus principais adversários nas duas últimas épocas, consentindo 6 derrotas e saindo com 2 empates.
Não é de certo o SC Braga que se “fala” e que se atribuiu o rótulo de “candidatos” ou incubadora de futuros campeões nacionais com tanta certeza, pois os poucos pontos somados ante os rivais são exemplo de que nem tudo é assim tão perfeito. Os bracarenses têm um investimento claramente superior quando comparado com o do Vitória SC, desenvolvido mais a sua academia, comprado mais instalações, expandindo-se com uma agressividade total na cidade de Braga, numa clara tentativa de se intrometer com FC Porto, SL Benfica e Sporting CP.
Na época passada a derrota por 1-3 frente ao SL Benfica foi explicada desta forma…. similar ou não à explicação dada no 2-6 em 18/19?
TÍTULOS, POSIÇÕES E FUTEBOL: QUEM DOMINA QUEM?
Porém, a nível de resultados desportivos, o Vitória SC tem conseguido conquistas importante como o SC Braga e desenvolvido alguns dos melhores produtos em Portugal, reunindo-se com uma equipa enérgica, leal e francamente inteligente sem a posse de bola como se tem evidenciado com Luís Castro.
Mas então porquê este namoro infindável com os arsenalistas portugueses? Como já dissemos, um plantel mais cativante e dinâmico do que o Vitória SC, um emblema mais mediático e com outra fome de chama, um presidente excessivamente activo na Liga de Clubes e um treinador “duro” e que vai dando a música que boa parte da imprensa e outros gostam de ouvir.
Contudo, é Abel Ferreira o treinador que muito se quer fazer parece ser? Tem sido completamente dominado pelo SL Benfica nos últimos dois anos, goleado inclusivé de uma forma tão assustadora que mete toda a estratégia do SC Braga em xeque; contra o FC Porto apresentam-se agressivos e sempre à espera de um deslize a meio do adversário, mas perderam chama contra os actuais campeões nacionais, apesar de alguns tentarem minimizar os últimos resultados.
Abel Ferreira foi honesto (ou terá tentado parecido ser) refutando sempre que eram claros candidatos ao título, ao contrário do discurso da SAD do clube e, na realidade, este SC Braga está claramente longe de ser sequer uma ameaça para o actual top-2 Nacional.
Já o Vitória SC tem sido uma dor de cabeça na temporada actual… a vitória no Dragão foi conquistada numa reviravolta extraordinária, que expôs alguns problemas do processo defensivo do FC Porto; por pouco não fez o empate na Luz, apresentando-se activo, subindo os níveis de intensidade na 2ª parte; e frente ao Sporting CP aproveitou um deslize para sair do Afonso Henriques com a vitória na mão.
Mais que os resultados (e pontos amealhados) é a qualidade exibicional dos vimaranenses, a forma como têm “cientificado” as transições, menos esplendorosas ou encantadoras como o Braga, mas mais lógicas, sucintas e equilibradas, sempre na procura de conquistar a zona antes de mover peças para o ataque. Luís Castro sabe ler bem melhor os “grandes” em comparação com Abel Ferreira e contra os números actuais não há argumentos.
No século XXI, há um ligeiro ascendente do SC Braga que tem se transfigurado e solidificado como uma das novas forças do futebol português, com uma Taça da Liga, Taça de Portugal, 2º lugar e uma final na Liga Europa no palmarés. Mas o Vitória SC, com menos investimento, menos soluções financeiras e uma descida pelo meio até à segunda liga, tem feito melhores desempenhos em vários momentos.
Neste momento, os 5 pontos que separam bracarenses e vimaranenses na tabela são difíceis de quebrar, mas vem aí uma 2ª volta e tudo pode mudar (ou não) numa questão de golos, vitórias e pontos. Será que o SC Braga é um produto “comercial” algo inflacionado pelo recente crescimento entre 2009 e 2018? E não terá sido o Vitória SC mal tratado pela maior parte da comunicação social ou, pelo menos, esquecido?
2 comments
Ray
Dezembro 29, 2018 at 2:05 pm
Sofalta acrescentar que um é clube com adeptos e o outro é uma subsidiária da câmara municipal.
Jose Almeida
Dezembro 28, 2018 at 4:07 pm
Bela sátira!