Union Berlim: A Capital à procura de ouro na Bundesliga

Emanuel RicardoOutubro 19, 20225min0

Union Berlim: A Capital à procura de ouro na Bundesliga

Emanuel RicardoOutubro 19, 20225min0
Conseguirá o Union Berlim fazer o impossível e levantar o título de campeão da Bundesliga quando a temporada terminar em 2023?

O ano de 2022 tem sido um pouco atípico e é possível enumerar facilmente acontecimentos que o tornaram assim. O arranque de temporada nas principais ligas europeias não foge à regra. Algumas equipas consideradas underdogs estão em primeiro lugar enquanto os grandes tubarões nadam perdidos na tabela. Talvez o gráfico futebolístico mais atípico seja mesmo o da Bundesliga onde à décima jornada o primeiro lugar pertence ao F.C. Union Berlim.

A equipa da capital germânica subiu em 2019 ao principal escalão de futebol alemão (sendo a primeira vez desde a reformulação do clube em 1991) e apenas regista melhorias nas três temporadas em que esteve na Bundesliga, terminando em 11º lugar, 7º lugar e na temporada transata em 5º lugar. Paradoxalmente ao clube da capital, nomes como Dortmund, Leipzig, Wolfsburgo e Leverkusen estão afastados dos lugares europeus. O Bayern Leverkusen está, inclusive, na antepenúltima posição da tabela. Os decacampeões Bayern Munich ocupam a segunda posição e estão a perseguir de perto o Union Berlim, com quatro pontos de diferença.

O Union Berlim, que possuí a sétima equipa mais barata do campeonato (104,30M de euros) entre as 18 participantes, costuma arrumar-se num sistema tático de três defesas centrais, que varia conforme o adversário e o período de jogo. O treinador Urs Fischer, de nacionalidade suíça, organiza normalmente a sua equipa em 3-5-2. Em jogos onde a sua equipa não é favorita e enfrenta adversários com uma carga ofensiva maior faz descer os médios laterais no campo, organizando-se em 5-3-2. O sistema também varia conforme os diferentes momentos do jogo, tendo em conta o que a equipa está a precisar.

Para a temporada 2022/2023 a equipa alemã reforçou a sua defesa de forma calculista. Contratou por empréstimo Diogo Leite ao F.C. Porto num acordo a rondar os 500mil euros e o neerlandês Danilho Doekhi que chega do Vitesse a custo zero. Ambos os centrais são titulares na equipa de Fischer, jogando um descaído no lado esquerdo da defesa e o outro no lado direito. Ao meio dos dois novos centrais está Robin Knoche que se assume como o patrão da defesa do Union de Berlim.

A defesa da equipa da capital é a menos batida no campeonato com apenas seis golos sofridos em dez jornadas, utilizando bastante a consistência defensiva como forma de posteriormente explodir em contra-ataques mortíferos. A defesa a três para construção de jogo também é consistentemente utilizada, muitas vezes direta para os alas ou os pontas de lança.

À frente da defesa está um dos jogadores mais importantes em todos os processos de jogo do Union Berlim: Rani Khedira. O alemão é responsável por ajudar na construção defensiva, criar espaços para a construção de jogo e dar segurança defensiva aos médios que jogam à sua frente, o atleta funciona como a âncora do centro de campo de Fischer. Os dois “oitos” com que a equipa normalmente se organiza são: Morten Thorsby e Janik Haberer, ambos são novas contratações. O norueguês Thorsby custou 3M de euros, vindo do Sampdoria, já o alemão Haberer veio a custo zero após terminar contrato com o SC Friburgo.

Ainda assim, Urs Fischer possuí uma vasta gama de opções para o meio-campo, dependendo do que procura em cada jogo, tal como András Schäfer, que tem dividido a titularidade com Thorsby. Apesar do forte meio-campo é inegável a importância dos alas em carregar a bola para o ataque, uma vez que a equipa do Union Berlim tem sequencialmente menos posse de bola que o adversário e vive muitas vezes da explosão dos seus alas no contra-ataque. Do lado direito joga o capitão Christopher Trimmel e do lado esquerdo Niko Gießelmann, apesar de que Julian Ryerson também tem lutado pela titularidade com os seus colegas, conseguindo alinhar de qualquer lado do campo.

O maior segredo da equipa de Fischer recai nos dois homens da frente, que se completam excelentemente, tendo estilos completamente opostos. O neerlandês Sheraldo Becker é o melhor marcador da equipa (6 golos) e o jogador com mais assistências (4), é nele que a equipa confia as desmarcações nas costas da defesa, devido à sua mobilidade e velocidade, terminando de forma exímia os contra-ataques que a equipa formula. Por sua vez, o norte americano Jordan Siebatcheu, de 1,91m de altura é o homem-alvo perfeito para os cruzamentos que chegam das investidas realizadas pelos alas. Siebatcheu foi a contratação mais cara da temporada, custando 6M de euros ao Young Boys da Suíça, e já rendeu 3 golos e 3 assistências à equipa da capital alemã.

Ao fim das 10 primeiras jornadas o Union Berlim senta-se na primeira posição com sete vitórias, dois empates e apenas uma derrota. Nas vitórias conseguidas bateu os adversários diretos ao pódio: RB Leipzig, Wolfsburgo e o Borrussia Dortmund. Empatou com o Bayern Munich num jogo que terminou igualado a uma bola, em casa, no Estádio An der Alten Försterei. A sua única derrota surge contra o Eintracht Frankfurt, fora de casa, sendo que ainda estão imbatíveis em casa para o campeonato.

O trabalho que Urs Fischer está a fazer na sua equipa, tendo em conta as armas disponíveis, merece ser valorizado. A equipa demonstra uma dinâmica bastante positiva e confiante em relação aos adversários e todos os jogadores conhecem bem a sua função e importância para o bom entrosamento das transições ofensivas, que são as principais armas da equipa. Levanta a pergunta: Será este ano que um clube da capital alemã elevará o troféu


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