Tottenham Hotspur: O gigante que nunca acordou

Emanuel RicardoAbril 4, 20234min0

Tottenham Hotspur: O gigante que nunca acordou

Emanuel RicardoAbril 4, 20234min0
Mais que qualidade desportiva dentro das quatro linhas, um problema crónico de mentalidade (ambição e profissionalismo) assola o Tottenham

Encaminhando-nos mais uma vez para os últimos jogos da temporada, há duas coisas que ateimam em não mudar na Premier League. A liga inglesa continua a trazer-nos o melhor futebol do mundo, através da ELEVEN Sports, e o Tottenham Hotsupr FC continua longe da conquista do maior prémio do futebol inglês. Recentemente, a equipa da cidade de Londres, despediu Antonio Conte (mais um treinador com final infeliz no comando dos spurs) e parece, novamente, perdida em relação ao seu projeto futuro de elevação do clube.

Olhando a tabela da Premier League, encontramos o Tottenham no quarto lugar da classificação, posição de acesso à UEFA Champions League, com dois jogos a mais que o terceiro e o quarto lugar, o que pode resultar na saída do top four inglês. Ainda assim, a temporada não está a ser desastrosa, mas pode ser rotulada como: mais do mesmo. A equipa londrina já nos habituou a estar nos lugares superiores da tabela, apesar de não conquistar nenhum troféu desde a temporada 2007/2008, em que venceu a EFL Carabao Cup. É necessário recuar à época 1960/1961 para encontrar a última liga ganha pelo clube, apenas a segunda da sua história. Ou seja, apesar do potencial que o clube demonstra constantemente, os spurs, são um gigante que ainda estão ‘por acordar’.

Recuando à campanha de 2020/2021, ainda com José Mourinho, recordamos o que o técnico português afirmou depois de sofrer uma derrota por 3-0 (depois de ter ganho a primeira mão por 2-0) que o eliminou dois oitavos-de-final da UEFA Europe League, frente ao Dínamo Zagreb FC: “Estou desapontado com a diferença de atitude entre uma equipa e a outra (…) Lamento que a minha equipa – e eu pertenço a essa equipa – não tenha trazido para o jogo as regras básicas do futebol e não apenas isso, as regras básicas da vida, o respeito pelos nossos trabalhos que é dar tudo.”

O treinador luso ainda acrescentou:

“Não preciso de críticas externas porque eu sinto-me profundamente magoado com o que aconteceu à minha equipa. Não quero dizer muito mais do que isso. Em nome da minha equipa, apesar de alguns deles (jogadores) não partilharem os meus sentimentos, apenas posso pedir desculpa aos adeptos do Tottenham.”

Pegando nas informações do técnico cinco vezes campeão europeu, vemos que não diferem muito das proclamadas por Conte: “Estão habituados a isto aqui, eles estão acostumados. Não jogam por algo importante. Não querem jogar sob pressão, não querem jogar sob stress. A história do Tottenham é esta”. O italiano complementou: “Somos 11 jogadores que entram em campo. Vejo jogadores egoístas, vejo jogadores que não querem ajudar-se uns aos outros e não colocam o coração (…) Até agora, tentei esconder a situação, mas agora não, porque não quero ver o que vi hoje. Isto é inaceitável e também inaceitável para os adeptos. Eles seguem-nos, pagam o bilhete e verem este tipo de exibição é inaceitável. Temos de pensar muito nisto”.

Comparando as posições dos dois antigos comandantes máximos do Tottenham é necessário colocar o elemento psicológico em cima da mesa. Os jogadores que assinam pela equipa de Londres parecem, à partida, aceitar que não conseguiram vencer nenhum troféu. A sensação parece generalizar-se no plantel. O caso Harry Kane (um dos melhores ponta-de-lança do mundo, que não tem nenhuma conquista numa carreira dedicada ao clube) assombra ainda mais a definição do que é ‘ser Tottenham’.

Avaliando a situação atual da temporada, vemos a perpetuação do estado abordado. A equipa foi eliminada da EFL Carabao Cup, da EFL FA Cup, e da Champions League, não estando em luta por nenhuma competição. Apesar disto, a qualidade presente na equipa, bem como o investimento e as infraestruturas de última geração, justificam conquistas.

O atenuar do sentimento cinzento na equipa de Londres promete não estar para breve e já com a próxima temporada no horizonte, o presidente Daniel Levy, terá de preparar um ‘despertador chorudo’ para conseguir levantar este gigante sonolento. O potencial continua inato, resta saber a vontade.


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