Selecção de Portugal: as opções e estratégias para a hora das decisões

Francisco IsaacNovembro 10, 20217min0

Selecção de Portugal: as opções e estratégias para a hora das decisões

Francisco IsaacNovembro 10, 20217min0
Momento de toda as decisões para Portugal, que joga o apuramento para o Europeu nestas duas últimas jornadas e esta é a nossa análise ao que aí vem

É o sprint final de Portugal em direção ao Campeonato do Mundo 2022, faltando 180 minutos (e mais uns “pós”) para garantir um apuramento directo ou, no pior dos casos, seguir para o playoff, um cenário de maior risco e que Fernando Santos e os seus jogadores quererão evitar a todo custo. Que “armas” tem Portugal para esta dose dupla de jogos decisivos? E estarão as melhores unidades afinadas para garantir vitórias frente à Irlanda e Sérvia? A análise do Fair Play à última janela de jogos de seleção em 2021.

AS PEÇAS-CHAVE PARA O QUE AÍ VEM

Nenhum dos principais actores das Quinas falha este duplo compromisso, estando todos num momento de forma minimamente alto, o que garante uma vantagem teórica, começando pelo facto de Bruno Fernandes, João Moutinho, Bernardo Silva, João Cancelo, Renato Sanches, Cristiano Ronaldo e/ou Pepe de terem realizado excelentes exibições nos últimos cinco encontros ao serviço dos seus clubes, um pormenor sempre importante para perceber a realidade actual de uma dada selcção, neste caso a de Portugal.

Não se deram surpresas na convocatória – Pedro Gonçalves, apesar de ter feito três golos nos últimos três jogos não recebeu chamada por não estar fisicamente ainda a 100% -, mantendo o “core” principal que tem marcado presença nesta corrida para o Mundial, com as adições dos últimos tempos Rafael Leão, Matheus Nunes e João Félix (lembrar que o avançado falhou uma parte dos jogos desta campanha de apuramento), sendo que João Mário, Rafa Silva e Anthony Lopes saíram da convocatória por lesão, o que permitiu o retorno de Gonçalo Guedes e José Sá. Por isso, o 11 de Portugal não deverá fugir ao que foi montado nos últimos encontros, com Rui Patrício, Nuno Mendes (Raphael Guerreiro continua lesionado), Pepe, Rúben Dias, João Cancelo a ocuparem as posições na baliza e defesa.

Já no meio-campo algumas dúvidas, pois Renato Sanches (titular em quatro dos cinco últimos jogos pelo Lille), William Carvalho, Danilo Pereira (agarrou a titularidade no PSG, à excepção de na última jornada) João Palhinha, Matheus Nunes, Rúben Neves e João Moutinho estão todos em topo de forma, e criará aqui a maior dificuldade de escolha para Fernando Santos.

Quem escolher? João Palhinha com João Moutinho e Bruno Fernandes? Ou João Palhinha, Renato Sanches e Bruno Fernandes? E ainda, porque não, João Palhinha, William Carvalho e Renato Sanches, libertando Bruno Fernandes para outros “trabalhos” mais na frente? De qualquer das formas, será em termos da execução que estará a maior preocupação quer dos adeptos, quer do seleccionador nacional, procurando uma expansão territorial dominante, controlo da redonda inteligente e leste, pondo em xeque a manobra defensiva do opositor, especialmente da Sérvia que tem a predileção de assumir uma postura agressiva e de alto choque perante o seu adversário, impedindo assim um desdobrar ágil e veloz da bola.

Já no ataque, com a dúvida se Bruno Fernandes vai ser colocado como um falso 10, possivelmente, Fernando Santos, irá apostar em Diogo Jota, Bernardo Silva e Cristiano Ronaldo, com João Félix e Rafael Leão a saltarem do banco para dar um extra caso seja necessário criar mais profundidade nas alas e junto à área, ou com a entrada de André Silva, numa tentativa de ter um bomber que crie disrupção dentro da grande-área e junto dos centrais adversários – o avançado do Red Bull até poderá começar de início contra a Irlanda, junto de Cristiano Ronaldo.

Olhando para estas opções, e pela forma que os jogadores apresentam neste momento, é difícil dizer que o favoritismo não está do lado das Quinas, sendo esse elemento quase totalmente dispensado em jogos decisivos, necessitando de Portugal assumir o jogo, ser eficaz nas suas acções dentro da área, garantir protagonismo e de não dar balões de oxigénio ao adversário, especialmente no dar demasiado espaço nas costas do último elemento do meio-campo, ou nos corredores dos laterais.

IRLANDA E SÉRVIA… RECEITA PARA O SUCESSO OU DESASTRE?

Por isso, Irlanda e Sérvia, os últimos adversários desta corrida para o Mundial, caso tudo corra bem para os comandados lusos, que dificuldades podem colocar? No caso da seleção irlandesa, o perigo está em dois pontos: o encontro ser fora de portas, num ambiente frenético e “hostil”, que apesar desse apoio total, só ganhou uma vez nos últimos cinco encontros, com dois empates frente à Sérvia e Azerbeijão (ambos por 1-1); e a estratégia de Stephen Kenny, que passa por fechar a área em copas, ceder alguma manobra ao adversário de modo a incutir uma sensação de domínio, que rapidamente se pode traduzir num contra-ataque letal, jogando depois com o tempo e uma fisicalidade posicional inteligente.

Facto, a Irlanda não tem nada a perder e a ganhar neste encontro, estando já eliminada, podendo ser este detalhe um tónico problemático e que os liberte para tentarem aplicar uma estratégia mais arriscada e voltada para tentarem ir em busca de outro processo de jogo. Porém, esta possível teoria também pode facilitar a missão de Portugal, tendo outro espaço para jogar, mais especificamente junto à área ou nas costas do bloco de médios irlandeses, possibilitando a Bruno Fernandes, Bernardo Silva, João Cancelo, Cristiano Ronaldo e Nuno Mendes de procurarem uma intervenção pelo meio, quer a partir dos corredores laterais, quer nas tabelas entre e dentro da grande-área.

Já a Sérvia vai definitivamente querer ditar as regras na luta pelo posicionamento táctico a meio-campo, indo em busca da velocidade dos Dusan Tadic, Filip Kostic ou Filip Djuricic, e do poder de conclusão de Aleksandar Mitrovic (7 golos em 7 jogos) ou Dusan Vlahovic (4 golos até este ponto da caminhada), conferindo uma dimensão ofensiva minimamente relevante para o encontro final do apuramento para o Campeonato do Mundo. Lembrar que os comandados de Dragan Stojković só consentiram uma derrota nos últimos 15 jogos: vitórias frente a Azerbaijão (nos dois encontros), Luxemburgo (seis pontos conquistados), Irlanda e Qatar; empates frente ao Panamá, República Dominicana, Jamaica, Irlanda e Portugal; derrota frente ao Japão, tendo sido este o único encontro onde não marcaram qualquer golo, o que revela um capacidade ofensiva desta Sérvia de relevo, e que do nada pode construir uma reviravolta, como aconteceu frente a Portugal (de 0-2 foram capazes de igualar o resultado na 2ª parte) e Irlanda (recuperam de uma desvantagem de um golo, para uma vitória por 3-2).

Em suma, Portugal não pode expor os corredores à velocidade dos extremos sérvios, nem pode deixar de ter os médios mais recuados a não se envolver no fechar dos canais exteriores, de forma a impedir tabelas, jogadas curtas de entendimento, estando sempre à alerta para a letalidade de Mitrovic e Tadic, algo que vai exigir um trabalho reforçado de Pepe e Rúben Dias. Isto significa que o ataque português tem de ser proactivo, não entrar na jigajoga de querer só optar por centrar para dentro da área, e apostar em movimentos rápidos e de entendimento pelo centro do terreno, a zona que a Sérvia deverá estar menos à espera de problemas.

Portugal entra em campo no dia 11 de Novembro (quinta-feira) pelas 19h45, e fecha o apuramento no Domingo, 14 de Novembro, frente à Sérvia no Estádio da Luz, às 19h45.


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