Os últimos testes antes da estreia no Campeonato do Mundo

Cristiana PinaAbril 6, 20235min0

Os últimos testes antes da estreia no Campeonato do Mundo

Cristiana PinaAbril 6, 20235min0
Portugal vai ter duplo encontro de preparação para o Campeonato de Mundo, e Cristiana Pina explica a lógica por detrás das escolhas de Francisco Neto

O campeonato do mundo aproxima-se a passos largos, e a seleção portuguesa feminina já iniciou a preparação para a estreia de Portugal, em campeonatos do mundo, que na sua 9ª edição se vai realizar entre a Austrália e a Nova Zelândia. Portugal está num grupo que pode ser considerado da “morte”, já que dele fazem parte os Estados Unidos, atual campeão em título e vencedor do torneio por quatro vezes, Países Baixos, vice-campeão em 2019, e Vietname. A estreia de Portugal será frente aos Países Baixos, dia 27 de julho.

Na convocatória, Ana Dias, jogadora do Zenit, é a única novidade; a avançada de 25 anos substituiu Kelsey Araújo, do Le Havre. A iniciar a terceira época na Rússia, Ana Dias está a viver o melhor momento da sua carreira: na época passada, que terminou em dezembro, marcou 12 golos e quatro assistências na Liga Russa, ao passo que esta época leva já quatro golos em apenas dois jogos.

Naquela que é a última convocatória antes do campeonato do mundo, Francisco Neto chamou para esta data FIFA o seu núcleo duro; os adversários dos jogos de preparação serão o Japão, dia 7 de abril pelas 17h00; e o País de Gales, dia 11 de abril. Duas seleções com calibre diferente: enquanto o Japão é uma das melhores seleções do mundo, atual 11ª no ranking FIFA, e onde jogam algumas das melhores jogadoras do mundo: Yui Hasegawa (Manchester City), Mana Iwabuchi (Tottenham), Saki Kumagai (Bayern de Munique) ou Fuka Nagano (Liverpool) são alguns dos exemplos; já o País de Gales está ligeiramente abaixo de Portugal no ranking (31º), e por isso será um teste mais fácil para as jogadoras portuguesas.

Apesar de Portugal ser favorito, a seleção galesa não deixa de ter algumas jogadoras de calibre a atuar na elite do futebol feminino como é o caso da capitã Sophie Ingle, que atua no Chelsea ou Hayley Ladd do Manchester United, dada a proximidade geográfica há também várias jogadoras a atuar na Superliga inglesa, uma das melhores ligas do mundo.

Da convocatória diria que 95% das jogadoras presentes têm quase presença garantida na convocatória final de Francisco Neto, com as dúvidas maiores a recair sobre a Ana Rute, Ana Dias ou Ana Capeta; com as jogadoras do Sporting e do Braga a terem probabilidades mais fortes de marcar presença por terem feito parte de toda a caminhada de Portugal até ao apuramento final; por seu lado a Ana Dias tem estes dois jogos para demonstrar ao selecionador que pode ser uma peça importante, de salientar que a jogadora do Zenit tem apenas uma internacionalização, e não era chamada desde abril de 2021.

Do núcleo duro as preocupações recaem sobre o parco ritmo de jogo de algumas jogadoras apontadas à titularidade como é o caso da Joana Marchão que tem apenas 807 minutos pelo Parma, de Diana Gomes que também perdeu a titularidade no Sevilha ou de Fátima Pinto que também tem sido pouco utilizada no Alavés. Três jogadoras que saíram de Portugal no mercado de transferências de 2022, que começaram a titulares inclusive, mas que devido a lesões durante a época, perderam espaço no 11 titular das suas equipas.

Falando dos jogos com Japão e País de Gales, penso que Francisco Neto abordará os dois jogos de forma diferente; se frente à seleção nipónica estará uma seleção muito próxima à que enfrentará os Países Baixos na estreia do mundial, com a seleção galesa penso que se irão testar novas alternativas.

Previsão de onze do Portugal x Japão – 7 de abril (17h00): Patrícia Morais, Diana Gomes e Carole Costa, Catarina Amado e Joana Marchão, Dolores Silva, Andreia Norton, Francisca Nazareth, Tatiana Pinto, Jéssica Silva e Diana Silva.

Previsão de onze do Portugal x País de Gales – 11 de abril (17h30): Rute Costa, Ana Seiça, Sílvia Rebelo, Lúcia Alves e Ana Borges, Andreia Jacinto, Vanessa Marques, Andreia Norton, Ana Dias, Ana Capeta e Jéssica Silva.

Os jogos terão lugar no estádio Afonso Henriques, casa do Vitória SC, e com capacidade para 30.029 pessoas; trata-se assim de um estádio de maior dimensão ao que habitualmente era utilizado, o que é demonstrativo do crescimento do futebol feminino nacional.

Um sinal da evolução natural desta seleção que ao longo dos anos tem quebrado barreiras e atraído cada vez mais pessoas aos estádios, mais mediatização e mais reconhecimento dos seus pares. A subida ao 21º lugar do ranking FIFA demonstra isso mesmo, e a eliminação de equipas que já se encontram “noutro estatuto competitivo” como é o caso da Islândia (14ª) ou da Bélgica (19ª) só o reforça. A primeira vez de Portugal num mundial será feita com equipamentos exclusivos lançados para o efeito, a FPF em colaboração com a Nike anunciaram uma linha de equipamentos exclusivos para a seleção feminina. Algo que também já tinha acontecido no Europeu do verão de 2022, mas que não tenha abrangido a seleção portuguesa.

A nível de clubes o derby SL Benfica x Sporting CP teve 27.221 adeptos, um novo recorde nacional, sendo que o Benfica tem tido também prestações altíssimas na Liga dos Campeões feminina, batendo-se contra alguns dos melhores clubes do mundo.

O passo que se segue a nível nacional tem de ser o aumento da qualidade da liga: é necessário que o Sporting e o Braga apostem de novo no futebol feminino, que aumentem a qualidade das suas equipas; para que não só o campeonato seja mais equilibrado, mas para que também sejamos capazes de atrair mais jogadoras diferenciais.

Foto de Destaque da Federação Portuguesa de Futebol


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