O tudo ou nada: Portugal joga a última cartada no gelo nórdico

Cristiana PinaNovembro 30, 20235min0

O tudo ou nada: Portugal joga a última cartada no gelo nórdico

Cristiana PinaNovembro 30, 20235min0
A selecção feminina está numa situação complicada e precisa de vitórias nesta dupla jornada... conseguirá Portugal evitar a descida?

A seleção nacional feminina vai discutir nas próximas duas semanas o seu futuro na Liga Nações: com apenas três pontos na bagagem, fruto da vitória no passado mês de outubro frente à Noruega, as 25 jogadoras escolhidas por Francisco Neto tem a difícil tarefa de manter Portugal no escalão principal, da Liga das Nações.

O jogo está agendado para esta sexta-feira, dia 1 de dezembro, e será no Ullevaal Stadion, em Oslo, na Noruega. Tal como a seleção lusa, a Noruega também luta pela sobrevivência no principal escalão desta nova competição prevendo-se um jogo intenso e bem disputado. Caroline Graham Hansen e Ada Hegerberg são as armas mais perigosas no ataque norueguês, elas que têm vindo a ter uma utilização intermitente na seleção, fruto das lesões e também de alguns problemas internos com o corpo técnico, estão convocadas e chegam a esta pausa internacional num bom momento de forma. Graham Hansen, estrela do Barcelona, tem vindo a ser a melhor jogadora do clube catalão na temporada; enquanto a Hegerberg, avançada do Lyon, recuperou da lesão sofrida no Campeonato do Mundo; e leva já sete golos. Vão ser certamente duas jogadoras com as quais Portugal terá de ter vigilância redobrada.

A Seleção Nacional tem sido das seleções que mais tem crescido nos últimos anos; encontra-se no 19º lugar do ranking FIFA, o lugar mais alto da sua história. Participou no passado verão, pela primeira vez, num campeonato do mundo da categoria, e tem conseguido competir taco a taco com as melhores seleções; o empate frente aos Estados Unidos, na última jornada do mundial, onde esteve a uma bola no “ferro” de eliminar aquelas que à data eram as atuais campeãs mundiais, é uma prova disso. Nesta convocatória as principais surpresas são o regresso da lateral Ágata Filipa, da média Joana Martins e da central Carole Costa, esta última está de volta ao seio da seleção, após recuperar de lesão.

A defesa central do Benfica é um dos pilares da defesa lusa, e no jogo da primeira volta foi a autora, de dois, dos três golos com que Portugal derrotou a Noruega (3-2). Ao longo dos anos o futebol feminino português tem vindo a crescer de forma impressionante, e a entrada nas convocadas da seleção é cada vez mais difícil, uma vez que a qualidade da jogadora portuguesa é cada vez maior. Nesse sentido era expectável que o pós mundial trouxesse alguma renovação na convocatória, mas também no 11 inicial. Há jogadoras que reclamam uma oportunidade mais “a sério” como é o caso da Telma Encarnação, da Andreia Jacinto ou de Lúcia Alves. Jogadoras que têm vindo a brilhar nos clubes e que quando entram conseguem fazer a diferença; a Telma Encarnação, por exemplo, é a uma avançada com características únicas e a jogadora com mais golo desta seleção; no entanto, ainda não teve uma oportunidade, a titular, nestes quatro jogos da Liga das Nações, tendo apenas 83 minutos disputados; Sendo a finalização um dos principais problemas desta seleção, prova disso foi que dos cinco golos marcados, dois foram de grande penalidade; é a meu ver incompreensível que a Telma Encarnação e a Ana Dias, duas jogadoras que tem golo nas veias, não tenham uma verdadeira oportunidade.

A finalização é já desde há muito um problema crónico deste grupo, e ao alto nível estes lapsos pagam-se muito caro. Jéssica Silva e a Diana Silva são duas jogadoras com um perfil muito idêntico, e no losango utilizado por Francisco Neto uma jogadora com as características da Telma Encarnação podia dar uma maior profundidade ao jogo e capacidade de batalhar no último terço.

No meio-campo, a dupla de “Andreias”: a Andreia Jacinto e a Andreia Faria também reclamam mais minutos; a primeira é titular indiscutível há duas temporadas na Real Sociedad; e a segunda tem sido o pilar do meio campo do Benfica; duas jogadoras que podiam acrescentar irreverência e imprevisibilidade ao jogo. Lúcia Alves é outra das jogadoras que não tem o tempo de jogo merecido, a lateral tem sido uma das melhores jogadoras do campeonato; tem adicionado golo, velocidade e imprevisibilidade ao ataque do Benfica neste início de época, algo que tem faltado à equipa.

A qualidade da jogadora portuguesa é cada vez maior, e é necessário haver espaço para esta nova geração demonstrar a sua qualidade. A seleção deve jogar cada vez mais um futebol que se adeque às jogadoras lusas; as caraterísticas das jogadoras portuguesas mudaram, e é necessário que a tática acompanhe essa mudança. O futebol é evolução, e estas jogadoras necessitam dessa evolução tática para continuar esta bonita caminhada.


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