O futuro altamente indefinido de João Félix

Ricardo LopesMarço 31, 20246min0

O futuro altamente indefinido de João Félix

Ricardo LopesMarço 31, 20246min0
Qual será o futuro de João Félix? Para onde irá o português? Quais são as perspectivas para o futuro? Ricardo Lopes oferece respostas

No verão de 2019, João Félix era um jovem feliz. O português tinha sido a estrela de um Benfica que Bruo Lage conseguira levar ao título, com a promessa como figura de proa. O Atlético de Madrid, buscando a sua grande jovem promessa, que pudesse ser a sua estrela durante a década seguinte, decidiu pagar 126 milhões de euros por João Félix, uma das transferências mais badaladas dessa fase (e de hoje em dia).

Afinal, João Félix tinha somente uma temporada de alto nível, a sua formação não estava sequer completa. 126 milhões de euros daria para contratar dois ou três elementos de grande qualidade e com capacidade de entrar no onze do Atlético de Madrid sem qualquer tipo de dificuldade. O avançado chegava ao Metropolitano com o sonho de triunfar e os portugueses viam nele um futuro Bola de Ouro, o herdeiro de Cristiano Ronaldo na Seleção Nacional, salvo as caraterísticas de cada um.

Porém, a aventura na capital espanhola não correu bem, como todos já sabemos. Há dois culpados por isto: O próprio João Félix e Diego Simeone. O primeiro, nunca mostrou a capacidade de se transformar em definitivo num atleta de elevado quilate. Hoje em dia, ainda temos a impressão que é uma jovem promessa, quando “já” tem 24 anos de idade. A sua inconsistência e falta de vontade levaram a este insucesso. Diego Simeone também tem a sua quota parte. Nunca pareceu dar o apoio suficiente ao luso, que necessita claramente de um amparamento consistente por parte do treinador e da equipa técnica.

O final (parcial, porque ainda há um contrato vigente) da relação entre todas as partes não foi positivo. Antes disso, João Félix foi experimentar a Premier League, mas não passou disso, de uma experiência. Escolheu um Chelsea moribundo como destino e pouco fez a diferença. Algo expectável, dado todo o cenário. Contudo, foi no verão de 2024 que o atleta chegou ao seu destino de sonho: o Barcelona. O “menino de ouro” que sempre sonhara jogar no Camp Nou (teve azar, chegou na época em que entrou em obras), finalmente ia vestir a blaugrana, depois de se ter oferecido por largas semanas a Joan Laporta e Xavi Hernández:

«Adoraria jogar no Barcelona. Sempre foi a minha primeira escolha e adorava que fosse o meu próximo clube. Sempre foi o meu sonho, desde pequeno. Se se concretizar, seria um sonho realizado», afirmou o craque em julho, ainda um mês antes de rumar à Catalunha.

Recentemente entrámos no último terço da época, com o Barcelona vivo na Champions League, mas fora da Copa del Rey e longe da liderança da La Liga. Olhemos no plano individual, onde já podemos retirar certas conclusões. João Félix, a 29 de março de 2024, leva 34 desafios, com nove golos marcados e cinco assistências. São apenas números razoáveis, para quem criou tantas expectativas. Certa fase da temporada, saltitou entre o banco de suplentes e o onze titular, mostrando pormenores deliciosos, mas em número reduzido. Isto prova que continua a ser um jogador inconsistente. Mas, se Diego Simeone não conseguiu mudar isso, com certeza não seria Xavi Hernández a consegui-lo.

O antigo médio espanhol referiu em dezembro, após uma vitória suada do Barcelona frente ao Almería o seguinte:

«A primeira parte é inaceitável, disse aos jogadores ao intervalo. Falta-nos eficácia, mas temos que ter agressividade e alma. Como treinador, não o aceito. Não podemos deixar de dar tudo de nós. No segundo, jogaram uma forma diferente. Ou deixamos a pele ou não ganharemos nada. Temos que acordar. Se não chega através do futebol, tem que chegar através da alma».

Apesar de não visar nomes, retirou João Félix ao intervalo desse desafio. Sejamos sinceros, o português nunca foi um atleta intenso, num foi agressivo, nem de pressionar. Nunca o atleta tomou a iniciativa de o fazer. Tem outros pontos fortes, mas não são de todo estes. E não foi pelo facto de ter custo 126 milhões de euros em 2019 e que isto ia mudar “do dia para a noite”

João Félix está a acompanhar todo um Barcelona, com bons momentos, mas sem grande fulgor. Raphinha, constantemente apontado à porta de saída, apresenta melhores números: 28 jogos, cinco golos e nove assistências. Participou no mesmo número de golos, mas em um número inferior de partidas. Ainda assim, é constantemente criticado.

O internacional português já não encanta os aficionados do Barcelona como no arranque de 2023/24, mas não lhe fecham uma porta a uma estadia em definitivo. Depende tudo do preço. O Atlético de Madrid já fez espalhar que quer 80 milhões de euros por João Félix. A turma da Cidade Condal vive um péssimo momento financeiro e não tem esse capital em caixa. Um novo empréstimo seria o ideal (os colchoneros não desgostam da ideia, mas apenas em último caso) para o Barça.

Qual o futuro de João Félix?

Não existe uma resposta clara. O jogador não pode concretizar a mesma jogada que fez no último verão, oferecendo-se ao Barcelona, expressando todo o seu amor pelos culés. Seria um “Fábio Coentrão” ao nível mundial, perderia toda a sua credibilidade e até poderia ver as portas do Camp Nou fechadas. O Atlético de Madrid vai aceitar qualquer proposta que bata as suas exigências e estará decerto tentado a negociar qualquer valor que seja apresentado. No entanto, quem vai dar 80 milhões de euros por João Félix? A Arábia Saudita é sempre uma candidata, mas a carreira do craque não deverá enveredar pelo Médio Oriente, pelo menos para já. A Europa teria vários candidatos a receber o viseense, já que há vários projetos a iniciar uma nova fase ou com falta de uma estrela: Liverpool, Bayern Munique, Juventus… É difícil não desejar João Félix, mas as condições que são impostas e todo o historial que traz com ele, tornam um investimento no jogador português um risco demasiado elevado.

O melhor cenário para João Félix é torcer para que o Barcelona consiga uma nova cedência, mas para isso terá que esperar até ao final do mercado e rejeitar várias abordagens, correndo o risco de que os catalães se “esqueçam” dele. Algo é certo: João Félix não quer o Atlético de Madrid e o Atlético de Madrid não quer João Félix. As restantes portas, estão todas abertas. Quem lança a primeira proposta?


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