O caso do Everton: a caminho do Championship? pt.2

O Everton vive assolado com problemas, e olhamos nesta 2ª parte como a temporada transacta e a actual podem adivinhar uma queda em falso de um dos clubes mais históricos do futebol inglês.

Na temporada que agora findou, o Everton deu-se ao luxo de perder os seus dois maiores ativos para clubes da Premier League. Richarlison rumou ao Tottenham (onde está a ser um fiasco) por 58 milhões de euros, enquanto que Anthony Gordon assinou com o Newcastle por mais de 45 milhões, em janeiro, permitindo aos “toffees” ficarem financeiramente mais desafogados, com algum dinheiro para contratações. Claro que o mesmo não foi bem investido. Gastou-se 35 milhões de euros em Amadou Onana, atleta que provou que não vale a ainda esse valor e que tem muito por onde crescer (não foi dos piores). Dwight McNeil assinou oriundo do Burnley, por 18 milhões de euros e não conseguiu ter qualquer tipo de consistência, aparecendo mais no fim da época.

Neal Maupay custou quase 12 milhões de euros para fazer 1 golo em 29 jogos. James Garner veio por 10 milhões de euros e tem muito por onde crescer, não estando no melhor ambiente para tal. Por fim Gana Gueye regressou a um lugar onde já tinha sido feliz, por 4 milhões de euros, mas parecia uma sombra da sua melhor fase. Tarkowski assinou livre e foi de facto reforço. O mesmo não se pode dizer de Conor Coady e Rúben Vinagre. O primeiro cometeu falha atrás de falha e já está no Championship e o atleta cedido pelo Sporting mal contou. A via dos negócios a “custo zero” e por empréstimos que o Everton decidiu tomar é uma das boas razões para o seu estado atual. Por vezes, mais vale apostar na formação (a do Everton tem qualidade) e contratar dois ou três nomes bem estudados e com força, do que optar por estes movimentos mais baratos, mas com alta taxa de falha.

No fundo o Everton tem uma equipa cheia de elementos que não merecem estar na Premier League. Michael Keane, Seamus Coleman (apesar de ser um histórico), Ashley Young, Onana (por agora), Alli, Iwobi, Gray ou Maupay não são mais valias para nenhum clube deste patamar. É mais simples fazer uma pequena lista de atletas que de facto contam e que progressivamente deveriam ser a grande base deste plantel: Pickford, Tarkowski, Mykolenko, Patterson, Garner, McNeill, Godfrey, Calert-Lewin e o mais recente reforço Arnaut Danjuma. A partir daqui é preencher as peças que faltam, com o dono a querer abrir os cordões à bolsa, pois o mercado está cada vez mais caro, apesar da grave crise que se vive.

O Everton gasta muito dinheiro, mas mal. Segundo o Goal, o clube de Liverpool é o sexto que mais investe desde 2016, estando inclusivamente a construir um novo estádio, que deverá abrir as suas portas em 2024 e que está recheado de luxos e conforto, algo que o Goodison Park aparentemente já não consegue dar. Os adeptos estão fartos desta situação. No dia da derrota do Everton frente ao Southampton (14 de janeiro de 2023), houve tarjas e protestos contra a direção, exigindo mudanças no imediato. O correu inclusivamente uma ameaça à segurança. Moshiri reagiu tranquilamente, alertando que o clube iria rumar a bom porto, mantendo Lampard no cargo (durou mais uma semana).

Não é tranquilidade e caminho para o sucesso que o Relatório e Contas revela. São 120 milhões de libras negativas, no relatório publicado em março, enquanto que nos últimos três anos as perdas estão próximas das 400 milhões de libras, algo que colocou o Everton na mira do fair-play financeiro e obrigou a vender Richarlison para não entrar num embargo.

Moshiri está tranquilo, manteve Dyche, o que é uma prova que o objetivo será a manutenção e o reforço do clube tem sido feito de uma maneira lenta e seguindo a linha de pensamento que tem sido executada nos anos anteriores, evitando-se o tal rompimento que aparenta ser a única solução para o Everton poder voltar a aproximar-se da luta pelos lugares europeus, uma batalha onde historicamente deveria estar.