Momento Mundial 2018: Lukaku e um detalhe decisivo

Francisco IsaacJulho 3, 20183min0
A Bélgica foi responsável por uma remontada genial frente ao Japão com o último golo a aparecer aos 94'. Lukaku foi fundamental nesse processo, mas como?

Os artigos Momento Mundial 2018 são peças curtas e rápidas, mas com alguma análise e apontamentos para os vermos de outra forma! Da 1ª ronda até à final desta prova vamos ter sempre momentos para mais tarde recordar!

OS DETALHES DE LUKAKU QUE AS ESTATÍSTICAS NÃO SE VÃO LEMBRAR

Jogo frenético no Rostov Arena com o Japão e Bélgica a disputarem um dos melhores jogos desta edição do Mundial 2018. Um 3-2 decidido nos últimos segundos conferiu proporções celestiais à vitória dos Diabos Vermelhos com Nacer Chadli a desviar um excelente centro de Meunier.

Nesta jogada fenomenal, que começa num lançamento rápido de Thibault Courtois para Kevin de Bruyne, a Bélgica foi rápida, inteligente e eficaz, aproveitando de imediato as fraquezas do Japão num par de segundos. O médio do Manchester City galga metros e dá um adiantar na bola fundamental (similar ao que Neymar fez contra o México no 2-0) para depois esboçar um passe soberbo para o velocista Meunier.

A partir daqui, e com os nipónicos completamente a correr desesperados para trás, o lateral atira um passe rasteiro em força para a área onde surgia Romelu Lukaku. Desde o início da jogada que o avançado procurou arrastar o lateral-esquerdo Nagatomo, num primeiro momento, e logo de seguida Hasebe, notando que ambos estavam algo perdidos em como marcar o avançado.

A passada eléctrica e veloz do striker e a sua aceleração para o espaço fizeram a diferença no momento de conferir um corredor vazio a Meunier para aproveitar. É notável como Lukaku “agarra” Nagatomo, com o lateral a ficar completamente viciado na perseguição ao avançado. Com o flanco conquistado, agora o avançado só tem de criar problemas na entrada da área, sendo Hasebe o seu novo foco.

É fundamental reparar que Lukaku olha para o médio-centro durante um segundo para perceber quem o acompanhava, estudando o seu leque de opções, que vai desde finalizar a jogada com um remate de primeira, “agarrar” a bola por um micro-segundo e depois passar ou…deixar passar para Chadli sem tocar na mesma.

Mais uma vez, o comportamento físico do avançado faz a diferença forçando uma mudança de velocidade e direcção repentina que obriga o seu marcador a segui-lo e a deixar as suas costas completamente expostas. Shoji ainda se apercebe da monstruosidade que se vai passar, acelera mas já não vai a tempo de salvar o Japão.

Lukaku tem um último momento de genialidade, ao não só deixar passar a bola, como simula com perfeição que se ia fazer ao esférico… naquele micro-segundo (e hoje estamos muito no Mundo dessa faixa de tempo) pára os japoneses por um instante, o que permite a Chadli  ter a baliza só para si… 3-2 e aquilo que parecia ser uma noite infernal, passou a ser uma das reviravoltas mais memoráveis do futebol mundial.

Se fôssemos só pelo rating e estatísticas de alguns sites, Lukaku tinha sido das piores unidades da Bélgica, quando foi sempre uma das melhores. Não marcou golos, é verdade, e a maioria dos seus remates foram interceptados, contudo foi sempre um dos elementos da Bélgica que fez o jogo mexer. Encontrou boas linhas de passe, colocou os seus perseguidores com uma atenção redobrada, o que ofereceu sempre espaço e tempo aos seus colegas para rematarem ou assistirem.

Mais uma vez, o detalhe de Lukaku a oferecer o golo do apuramento para os quartos-de-final foi sensacional, naquilo que tem de ser entendido como um Momento para a vida… a Bélgica tem agora de ultrapassar o Brasil e se os belgas confiarem no panzer do Manchester United, pode ser que haja surpresa no Mundial 2018.


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