O momento actual do Sporting CP: há salvação para o futuro?
O Sporting tem passado recentemente uma das fases, ou a fase mais negra, da sua história. Um dos três grandes do futebol português, porém a sua dimensão não se cinge à modalidade do desporto-rei, pois a verdade é que é o terceiro clube do mundo com mais títulos em todas as modalidades.
Sendo rigorosos e não nos focando só, e apenas, no futebol a célebre frase do Visconde de Alvalade «Queremos que o Sporting seja um grande clube, tão grande como os maiores da Europa» estaria hoje concretizada. E com isto, o lema estaria igualmente a ser “levado a bom porto” – Esforço, Dedicação, Devoção e Glória.
Desde que Bruno de Carvalho chegou à Presidência do Clube de Alvalade a fluência do Universo Sporting aos estádios melhorou muito.
Parecia que a massa associativa e adeptos teriam rejuvenescido, e que de repente, todos sentiam um grande orgulho. Orgulho esse que andava desaparecido ou pelo menos “adormecido”.
Temos de realçar que os variados discursos do Presidente Bruno de Carvalho postulavam sempre uma grande unidade, porque «o Sporting éramos nó [adeptos, sócios, direcção, jogadores e todos os outros]s», havendo uma efetiva «união de aço».
A presidência do actual presidente foi marcada por vários acontecimentos de fundo que iriam influenciar a história do clube e garantir a sua própria existência. A construção do pavilhão João Rocha em que fora construído devido a contributos de associados e simpatizantes, a celebração de um acordo obrigacionista.
Hoje é um Sporting com mais visibilidade devido à existência de um jornal (desde 1922) e de um canal de televisão- tudo nos primeiros quatro anos.
Após um primeiro mandato os Sportinguistas decidiram escolher continuar com o projecto. Acontece que a partir deste momento, qualquer que fosse o resultado, os tempos nunca se avizinhariam fáceis, pela simples que os sócios do clube estavam divididos. A verdade é que Bruno de Carvalho ganhou com os ditos 90%, porém muito dessa vitória se deveu à escolha e à continuidade de Jorge Jesus.
Esta vitória teve repercussões no modo de agir do Presidente. Sentiu que esta legitimação lhe conferia poderes aquém do aceitável. Tudo começou há bem pouco tempo. Começou na Assembleia Geral, em que numa fase critica da época, era necessário tranquilidade e paz para que se conseguissem os objectivos propostos, porém propôs-se alterar os Estatutos.
Durante esta Assembleia o Presidente do Sporting dirigiu-se aos adeptos num tom nada próprio pedindo a todos os sócios que alterassem as suas vidas e rotinas de modo a que não vissem determinados canais televisivos e não comprassem determinados jornais desportivos.
Todavia, Bruno de Carvalho não ficaria por ali, apesar de que era necessário que esta fase menos boa fosse efémera. Após uma Assembleia Geral sucedeu-se o episódio dos Sportingados, em que numa ideia de “estás comigo ou contra mim” criou-se mais uma cisão entre os sócios.
Com isto, conseguiu que houvesse acusações de um lado e outro, especulações, pedidos de desculpa, mas a relação estava a desgastar-se, a paciência de alguns estava no limite e alguns adeptos começavam a insurgir-se contra o presidente.
E como uma catástrofe nunca vem só, pensamos os comentários pós-jogo da Liga Europa contra o Atlético de Madrid foram “última gota” para os que estavam determinados em mudar de presidente.
O presidente via Facebook, veio criticar verazmente a equipa. O que deixem-nos dizer não ficou nada bem, altamente repudiável.
A equipa reagiu também com um texto. As opiniões divergiram quanto à resposta dos jogadores, uns dizem terem feito bem, outros mal. Mais grave do que as relações profissionais estarem a degradar-se era, sem dúvida, a da família sportinguista não estar unida surgindo diferentes fações que se criticavam entre si, vivendo-se a meio da época um claro momento de “auto-destruição”.
Mais recentemente numa semana, o Cube de Alvalade perdeu a Taça de Portugal e deixou fugir o segundo lugar que dava o apuramento para a Liga Milionária para o seu rival. Porém, foi o mal menor da semana para a Família Sportinguista.
Todos sabem quais são os episódios a que nos referimos, talvez o dia mais triste da história do clube. Todos repudiaram, rapidamente foi divulgado em algumas entidades de comunicação social que tal serviço estaria encomendado. Surge também o caso “cashball” de possível corrupção. Cada vez mais as relações andam tensas e desgastadas.
Nos últimos dias os jogadores têm apresentado cartas de rescisão com vista a extinguirem as suas relações laborais com uma eventual “justa causa”. Parte dos sócios não hesitam em criticar os jogadores, já outros defendem-nos explicando que não é possível a subsistência da relação de trabalho com o Presidente.
Num tom de despedida, esperamos que o Sporting venha a encontrar dias mais pacíficos porque o futebol português necessita dos seus maiores símbolos históricos (seja o Sporting CP, FC Porto, SL Benfica, CF “Os Belenenses”, Académica de Coimbra) de boa saúde. O clube vive, hoje, um ambiente de “guerra civil”.
Não sabemos o que se passará na tal Assembleia Extraordinária com o fim de destituir o presidente, nem se a mesma existirá. Caso haja, apelamos à Família Sportinguista que vá e que de forma ordeira, respeite opiniões contrários, mostre que o clube ainda respeita e pauta os valores com que os seus fundadores lançaram as bases do Sporting CP.
O último grande momento de Bruno de Carvalho no clube?