A Lazio de Simone Inzaghi
Costuma-se dizer que há males que vêm por bem, e, o episódio insólito entre Marcelo Bielsa e os responsáveis da Lazio na pré-época de 2016/17 abriu a possibilidade a Simone Inzaghi de fixar-se em definitivo no comando Laziale. Entre o dia da renúncia de Bielsa e o de hoje, podemos observar que a Lazio vive um dos ciclos mais satisfatórios e de ilusão dos últimos anos. No legado do ex-avançado, a Lazio já conquistou uma Supertaça de Itália e terminou a época 2016/17 em 5º lugar com 70 pontos. Regressando assim à Europa.
O timoneiro Biancocelesti na época passada conseguiu optimizar ao máximos os recursos individuais que tinha à sua disposição, conseguindo que estes formam-se depois sinergias para criar um óptimo colectivo. Immobile é a imagem dessa optimização tendo conseguido marcar 26 golos em 41 partidas e Keita Baldé fez uma das melhores temporadas. Do 4x3x3 do ano transacto o clube da capital perdeu Keita Baldé, Lucas Biglia e Felipe Anderson, apesar de não ter saído, ainda não estreou-se na presente temporada.
A EXPLOSÃO DE LUIS ALBERTO
Em 2017/18, Simone Inzaghi estabilizou o seu 3-5-1-1 e 3-5-2 como sistemas base para a nova temporada. Arrumou como pôde a equipa para novamente a optimizar e tirar o máximo rendimento de cada unidade para que o todo saia beneficiado. E no meio desta equação quem mais saiu a ganhar foi o médio andaluz Luís Alberto. O espanhol de 25 anos andava meio que perdido depois de épocas não vingadas no Liverpool, Málaga e Deportivo da Corunha. Esta época tem um papel mais activo na sistematização do jogo ofensivo, e sem ir mais longe o médio já contribuiu com cinco assistências para golo num total de 13 jogos, onde por três vezes deixou o seu nome na lista dos marcadores de golo.
O antigo médio do Sevilla e Barcelona “B” desempenha o papel do Trequartista da Lazio, sustentando as posses de bola fluídas e bem elaboradas pelo conjunto romano. Estando sempre à procura do melhor espaço para receber e criar jogo, oferecendo últimos passes para Immobile, ou caindo num corredor para formar triângulos de apoio com um médio-interior (Savic à esquerda, Parolo à direita) e o ala (Patric à direita, Lulic à esquerda) e assim progredirem em direcção à baliza. Luís Alberto em média realiza 2,4 passes-chave por jogo e 49 passes por jogo onde 82,4% dos mesmos são acertados.
O DIAMANTE
Se Luís Alberto tem sido protagonista juntamente com Immobile que soma já 13 golos na Serie A, o mesmo se pode dizer dos dois interiores do sistema-táctico do Simone Inzaghi. Marco Parolo e Milinkovic-Savic são os parceiros ideais da dupla fetiche da Serie A – Luís Alberto e Ciro Immobile. Numa equipa que em média tem 49% de posse de bola e marcou 50% dos seus golos em ataque posicional (12 em ataque posicional, 6 de bola parada, 5 de penalti e 1 de contra-ataque), a importância dos dois interiores é enorme para elaborar o jogo ofensivo, mas, também defensivo.
O médio sérvio é dos jogadores mais completos da actualidade, Milinkovic-Savic tanto pode estar junto de Lucas Leiva ou dos centrais na fase de construção, como no momento imediatamente a seguir pisa a zona do penalti e mascara-se de target-man. A sua tremenda capacidade física e talento permitem-lhe ser um box-to-box de excelência, tendo apenas 22 anos. Participação directa em três golos, tendo apontado para já dois e assistindo apenas um. Além do mais, é dos médios com mais chegada à área contrária, e, com mais remates por jogo, em média são 2,4. Já o passes-chave fica-se pelo 1,4 por jogo, a sua especialidade não é tanto o último passe, mas sim a chegada à área. Marco Parolo mais low-profile em relação ao sérvio funciona mais como construtor sendo o jogador do meio-campo mais próximo de Lucas Leiva que é o Regista do 3-5-1-1 Laziale.
Em relação à sistematização defensiva, o conjunto romano forma o tal diamante no centro do terreno, onde em muitos momentos se pode tirar uma fotografia e vê-lo ali bem explícito nas quatro-linhas. O objectivo é fechar bem o corredor central e utilizar as ajudas e coberturas entre os médios, ficando os interiores com a tarefa de fechar o respectivo corredor assim que o adversário flutua a bola do corredor central para o lateral. A equipa bascula toda junta e variam entre um bloco subido com pressão logo a morder nos defesas-centrais, onde Immobile e Luís Alberto são os primeiros a saltar na pressão, e um bloco-zona médio onde pressionam somente quando a bola chega aos médios rivais.
NANI TERÁ DE ESPERAR
Em jeito de conclusão, dizer que há ainda mais motivos de interesse para os portugueses que queiram conhecer melhor a Lazio. Além da qualidade de jogo, há Nani como principal referência lusa, mas também Pedro Neto e Bruno Jordão. Sendo claro que, Pedro Neto e Bruno Jordão não têm ainda a importância de Nani. O extremo português já jogou pelos Biancazzurri tendo saído do banco por duas ocasiões em jogos da Serie A (Sassuolo e Juventus) completando em ambos 18’ minutos, o que dá um total de 36’ minutos em campo, mas teve a oportunidade de ser titular na Costa Azul contra o Nice, onde alinhou por 60’ minutos ao lado do ex-Sporting Felipe Caicedo. O jogador de 30 anos terá de aguardar a sua oportunidade e procurar ganhar consistência na equipa romana.