Kim Kallstrom e Max – uma história além das quatro linhas
A solidariedade é um valor que pode ser definido como a tomada de consciência das necessidades dos outros e o desejo de contribuir e colaborar para a sua satisfação. Originada no Francês Solidarité, solidariedade significa se identificar com o sofrimento do outro e, principalmente, se dispor a ajudar a solucionar ou amenizar o problema. E foi numa noite de futebol, que Kim Kallstrom mudou a vida de um garotinho.
Uma noite qualquer de futebol e uma para a vida de Max
Suécia e Alemanha fizeram um baita jogo, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2014. Foram oito gols em Solna, com vitória da Alemanha por 5 a 3. No entanto, enquanto a bola ainda não rolava, outra história ocorreu naquela noite. Ainda mais importante que a virada dos alemães ou a passagem dos suecos à repescagem. Ela foi protagonizada pelo meia Kim Källström e por Max, menino de oito anos que o acompanhou o jogo como mascote na entrada em campo.
O sueco Max foi escolhido para ser uma das onze crianças para acompanhar os jogadores, ele também estava entre as onze crianças caracterizadas com Síndrome de Williams, doença com características de Autismo e que causa uma desordem genética, por ser muito rara.
O pequeno Max estava assustado diante da situação, Kim percebendo o medo do sueco abraçou-o e o acalmou, criando um vinculo com o garoto com atenção dada a ele naquele momento.
Pequenos gestos que mudam vidas
Kim Källström demonstrou um carinho acima do comum com Max. Os gestos mereceram até mesmo uma carta de agradecimento do pai de Max, que teve trechos publicados pela imprensa sueca, que transcrevo abaixo:
“Por causa de suas ações, Kim, meu filho pôde experimentar exatamente o mesmo que qualquer um: o orgulho, o sentimento de ser especial, o ‘eu fiz isso’ e o prazer”, afirmou Emil, o pai de Max. “Estou escrevendo porque não estou totalmente certo se você tem noção da diferença que realizou para nós. Na terça, meu filho fez algo realmente especial ao se concentrar por 15 minutos e sentir o nervosismo, bem como por sentir a alegria de conhecer a seleção”.
“Eu vi que você estava envolvido, escolheu apoiar Max, notou seus medos e agiu. Sua decisão em se agachar mandou a ele várias mensagens boas, fez a diferença para Max entre o sucesso e o fracasso. O que você fez durante oito minutos dará a ele meses de orgulho, memórias para o resto da vida e a sensação de que ele conseguiu. Por isso eu digo: muito obrigado, do fundo do meu coração. Agora eu tenho alguém em casa com uma camisa da seleção que se acha uma celebridade e você tem grande responsabilidade por isso”
Muito emocionado com a carta que recebeu, o atleta, em entrevista, falou sobre a satisfação de ajudar Max:
“Logicamente fico feliz que o pai de Max tenha apreciado o que fiz, mas o mais gratificante é que, apesar do ligeiro nervosismo do garoto no túnel, pudemos juntos tornar essa experiência muito positiva. Em uma situação dessa, eu ajo mais como um vizinho ou um pai do que como um jogador de futebol. Eu sei que tenho responsabilidade junto aos pais nesses casos. Tento ser calmo e confortante, o que geralmente agrada as crianças”.
Muito mais que um jogo de futebol
Histórias como essa, de Kim Kallstrom e Max, mostram como a responsabilidade e a representatividade dos jogadores de futebol têm um poder transformador, mesmo em pequenas oportunidades. E para mostrar, de certa forma, para aquelas pessoas que dizem: “Futebol é só um jogo” que não é bem assim.
Se fizermos uma lista dos melhores jogadores do mundo, dificilmente colocaríamos Kim Källström nesta relação, entretanto não há dúvidas de qual jogador estará sempre presente na relação dos melhores do garoto Max.