Wolverhampton Wanderers: Projecto para vingar ou alterar?
O Wolverhampton Wanderers apostou num projeto com várias caras portuguesas no plantel para atacar a subida à Premier League. Até agora, o objetivo parece que vai ser atingido, mas será este um projeto para vingar ou alterar? Neste artigo o Fair Play disseca a armada portuguesa do Championship e analisa aquilo que a equipa pode fazer no futuro.
A Armada Lusa
A presença de portugueses em Wolverhampton não é de agora. Ivan Cavaleiro e Hélder Costa mantiveram-se para esta época, mas João Teixeira e Sílvio também lá tinham jogado na temporada que passou. Porém, nesta época, a equipa conta com 7 portugueses no plantel (junto à equipa técnica), cerca de 30% dele, já que este também é relativamente pequeno. Por essa mesma razão, é de elogiar ainda mais o trabalho de Nuno Espírito Santo e da sua equipa técnica, que num campeonato bastante longo, estão a conseguir alcançar os objetivos a que foram propostos.
Apenas duas notas e referir que o francês Willy Boly, bem conhecido dos portugueses, também faz parte da formação do Wolves, emprestado pelo FC Porto e tem sido importante, participando em 33 partidas. E que Léo Bonatini, também conhecido dos portugueses, depois de ter passado duas épocas no Estoril também está na equipa e já contribuiu com 14 golos esta época em 42 jogos.
Dentro das quatro linhas os portugueses estão a dar nas vistas, muito devido ao timoneiro também português que tem uma sensibilidade maior na escolha dos jogadores.
Começamos pela defesa e Roderick Miranda está a tentar relançar a sua carreira, depois de realizar toda a sua formação no SL Benfica e não conseguir dar cartas na equipa principal. Não é titular habitual, mas já realizou 18 jogos esta época com a camisola laranja.
O jovem Rúben Vinagre, emprestado pelo Monaco, esteve presente em 14 encontros pelos Wolves e vai tendo algumas oportunidades, conseguindo manter as presenças nas camadas jovens portuguesas. Tem sido 2ª opção e, por isso, deverá voltar a França no final da presente temporada.
Avançamos no terreno e seguimos para o meio-campo e para um dos jogadores mais importantes para NES, nesta época, mas também ainda jovem. Ele é, Rúben Neves, já com 37 jogos na atual temporada e muitas exibições a dar nas vistas. De referir que o médio-defensivo, contratado ao FC Porto por 18 milhões de euros, na altura, com 20 anos e à espera do 1º filho, arriscou com esta decisão de sair do seu clube de formação e emigrar nesta situação familiar. Não obstante, está a dar cartas e com a lesão de Danilo, parece ter lugar assegurado no Mundial da Rússia no verão.
Mais um jovem nesta equipa, mas este como menos oportunidades. Pedro Gonçalves de 19 anos, tem jogado apenas pelos sub-23 e não tem conseguido mostrar serviço. Veremos o que pode fazer na próxima época.
Lá na frente existem 3 jogadores portugueses que estão a mexer com as defesas britânicas. Começamos por Ivan Cavaleiro, que já conhecia a casa e é, a seguir a Roderick, o mais velho dos portugueses mencionados, com 24 anos. Depois de não ter sido feliz no SL Benfica, onde fez a sua formação, foi vendido ao Monaco por 15 milhões de euros, que na temporada seguinte, vendeu-o ao Wolves por 8. Finalmente a mostrar o seu verdadeiro potencial, o extremo que detém o dorsal número 7, já realizou 44 jogos esta época e marcou 9 golos. A chamada à seleção parece estar mais perto que nunca, mas também parece que ainda não será chamado para a Rússia.
Seguimos para o melhor marcador dos portugueses nesta equipa. Diogo Jota, que está emprestado pelo Atlético de Madrid, mas com opção de compra de 14 milhões de euros, tem formado ataque com Cavaleiro e outro já que este também já realizou mais de 40 jogos esta época com a camisola laranja. Com 14 golos parece estar a mostrar aquilo que mostrou aquando da sua aquisição por parte dos colchoneros ao Paços de Ferreira. Ainda com 21 anos, Jota tem lugar garantido nos sub-21 e ainda não pensará nos AA.
Para terminar, temos mais uma pérola da academia do Seixal que foi deixada para trás. Falamos de Hélder Costa, que apesar de não ser sempre titular, tem estado presente em quase tantos jogos como os anteriores, isto é, 34 jogos e 5 golos por parte do extremo de 24 anos. À imagem de Cavaleiro, Costa, já cá estava tendo rendido 15 milhões de euros aos cofres encarnados. Para este luso-angolano, a seleção está um pouco mais longe, tendo ainda que subir mais uns degraus.
Para continuar ou Sol de pouca dura?
O artigo pretende analisar se esta aposta em portugueses é para continuar e se for, conseguirão aguentar-se na Premier League? Ora, como já referimos o plantel do Wolverhampton é reduzido e conseguir alcançar este feito é de louvar já que o Championship é das ligas com mais jogos na Europa.
Aludir, por isso, para o facto de os número quase que falarem por si, estando a 9 pontos do 2ª classificado, o Cardiff, com um jogo a mais. E a faltarem 5 jogos para o término do Campeonato, o Wolves está a 5 pontos de assegurar a subida.
Para esta época, a direção investiu 23 milhões de euros em compras definitivas e assegurou mais alguns empréstimos importantes, como já referido. Também perdeu vários jogadores que tinham sido importantes, mas a escolha de NES para comandar a equipa, fez com que houvesse uma aposta maior em jogadores portugueses, havendo, depois uma confiança e entrosamento maiores dentro de campo, sendo esta uma resposta plausível para o sucesso desta equipa, este ano.
A questão que colocamos é mais importante do que encontrar uma resposta para o sucesso desta época. Terá sido esta aposta em portugueses para apenas atacar a subida ou irão, os responsáveis do Wolverhampton, manter a confiança em NES e companhia? E ainda mais, conseguirá NES e companhia manter-se na Premier e bater-se contra treinadores como Guardiola, Mourinho ou Klopp? Outros portugueses já nos mostraram que sim…
Analisando um pouco a época da equipa, mencionar que jogam, na grande maioria das vezes, num sistema de 3 centrais, 2 médios-centro, 2 alas e 3 avançados (1 mais fixo e 2 mais abertos). Este sistema permite uma deambulação muito grande dos 2jogadores mais avançados que jogam nas linhas, sendo eles que mexem mais com o jogo; no meio-campo, nota-se um trabalho de ajuda na criação e numa 1ª e 2ª fases de construção; e os alas possibilitam que o jogo se expanda por todo o campo, abrindo o jogo do adversário para entrarem em jogo, aqueles 2 homens mais deambulantes.
De referir também que são a equipa que marca mais golos e a 2ª que sofre menos e apesar de estarem pertíssimo de assegurar a subida, matematicamente ainda é possível que isso não aconteça e o mais prudente seria que NES lembrasse os jogadores disso mesmo.
Serão felizes na Premier?
Apesar da última frase do último tópico, podemos partir já para a suposição de que o Wolverhampton vai subir. E se subir, vamos voltar à questão colocada acima: irá a direção manter a confiança nesta armada lusa? E conseguirá esta armada lusa lutar ao mais alto nível da Premier League?
Ora, existem muitos jogadores neste plantel que assentariam bem no principal escalão inglês, mas de referir que muitos jogadores desta época estão apenas emprestados e terá que haver um investimento maior para este ataque à Premier. E aqui falamos numa aposta mais rígida e não tão parcial como foi a do ano passado. Isto é, Espírito Santo, se ficar, terá que alargar os seus horizontes e abrir portas a mais jogadores que não aqueles da sua nacionalidade e do seu conhecimento.
De mencionar também que estamos, numa primeira instância, a falar numa luta pela manutenção, que numa Premier League, nunca é fácil.
Portanto, se esta equipa do Wolves é um caso de estudo pela aposta em portugueses e por ter conseguido subir de escalão, é legítimo afirmar que esta aposta em portugueses não poderá continuar para atingir outros objetivos. E respondendo, mais diretamente, ao título, este projeto terá que ser para alterar, não porque não existam portugueses capazes de vingar na Premier, mas porque elaborar uma equipa só a pensar em portugueses seria, no mínimo, imprudente e algo irrefletido.
Dizer, por fim, que é de louvar esta aposta da direção do Wolves, pois nem todos os clubes teriam esta capacidade e coragem. Esta aposta, que para além de singular, tem que ser anual, mostra ao mundo que existe muito e bom talento português por descobrir, já que estes conseguiram alcançar algo que há muito o Wolverhampton queria.
Contudo, vários elementos terão que mudar, mas principalmente a mentalidade desta aposta, que terá que se globalizar para manter o Wolves na Premier League.