West Bromwich Albion – Para quê mudar?
O West Bromwich Albion vive uma das mais delicadas fases da sua história recente. Uma equipa que nos habituou a uma regularidade e coesão notáveis encontra-se agora numa situação delicada, situação essa que poderia ser menos grave, não fosse o precoce despedimento do anterior técnico Tony Pulis.
O galês conseguiu um trabalho notável nas duas épocas que esteve no clube, tendo salvado a equipa duma situação semelhante à deste ano em 2015/2016 quando tudo apontava para o descalabro, tendo conseguido um tranquilo 10º lugar na época passada, algo que a equipa não conseguia há largos anos. No entanto, dificuldades no arranque desta temporada levaram ao despedimento do antigo treinador de Crystal Palace e Stoke City (onde também tinha realizado trabalhos convincentes) para ser substituído por Alan Pardew.
O facto é que a equipa estava acima da linha de água até ao despedimento de Pulis, tendo caído na zona perigosa após o segundo jogo sem o técnico nascido no País de Gales.
Terá a demissão de Pulis sido a decisão correta? Poderá ser cedo para o afirmar, mas dispensar um técnico que nunca foi despromovido pode parecer uma decisão estranha. A equipa estava acima dos lugares aflitivos, e embora o futebol fosse deveras pobre (já o era muitas vezes nas épocas anteriores, mas a equipa conseguia resultados) o plantel parecia ter soluções para se aguentar entre os grandes do futebol inglês.
Com um leque de internacionais de valor, como o keeper Ben Foster, os defesas Allan Nyom, Johnny Evans ou Chris Brunt, ou os médios Jake Livermore, Claudio Yacob, Nacer Chadli ou os avançados James McClean, Matt Philips e Salomón Rondón, os baggies juntaram ainda ao seu plantel nomes interessares e valiosos como o egípcio Ahmed Hegazy, Kieran Gibbs, Grzegorz Krychowiak, Gareth Barry, Oliver Burke ou Jay Rodriguez, elementos que tornaram o plantel bastante mais competitivo e flexível.
Ainda assim, tanto o 4-3-3 de Pulis (que ainda tentou mudar para um 3-5-2, sem sucesso) como o 4-4-2 de Pardew denotam dificuldades, sendo demasiado fáceis de anular pelos adversários. A equipa depende muito de rasgos individuais e de arrancadas dos seus elementos ofensivos, com Rondón e Jay Rodriguez à cabeça, faltando criatividade e irreverência à equipa quando Nacer Chadli e Gareth Barry não estão em campo.
Os extremos apresentam características já pouco inovadoras no futebol atual (McClean, Brunt e Phillips são muito de ir à linha cruzar), não sendo capazes de contribuir para um futebol apoiado e com jogo interior, e os elementos do meio campo como Krychowiak, Livermore e Yacob são médios com evidentes qualidades na pressão e recuperação de bola mas com dificuldades na criação de futebol ofensivo para a equipa, sendo aconselhável uma ou duas contratações chave para colocar West Bromwich na rota da manutenção.
Com apenas 3 vitórias em 24 jogos, duas delas com Pulis, 19 golos marcados e 31 sofridos, os Baggies têm 14 jornadas para tentar sobreviver no primeiro escalão do futebol inglês, algo que têm conseguido nos últimos 8 anos. A luta promete ser dura, com os rivais diretos Swansea e Stoke e evidenciarem melhorias e Brighton, Huddersfield, Newcastle e Southampton a apresentarem quebras de forma, estando por isso a luta pela sobrevivência ao rubro.
Tony Pulis nunca viu uma equipa sua ser despromovida, e não vai ser este ano, uma vez que foi contratado pelo Middlesbrough, que se encontra na luta pelo regresso à Premier League. Terá sido inteligente desfazer-se de um técnico com um currículo como o do galês?
A direção, juntamente com Alan Pardew pensam que sim. Pulis e o Fair Play estarão atentos ao percurso dos Baggies, enaltecendo certamente em caso de sucesso ou apontando o dedo a uma decisão que poderá ter sido ruinosa, caso o destino do West Bromwich Albion seja o difícil e competitiva Championship. A questão pertinente que todos colocam nas ruas de West Bromwich é óbvia: Para quê mudar?