Everton – E quando os milhões não chegam?
Na 1ª época de Koeman ao leme do Everton, os resultados foram razoáveis; um 7º lugar na Premier League que deu direito a uma possibilidade de chegar à Europa. Não só à procura de mais na Premier, como também à procura de conseguir fazer boa figura na Europa, os responsáveis do clube de Liverpool decidiram investir, e não foi pouco. Obviamente, que com este ataque ao mercado, a direção esperava muito mais de Koeman.
Comprar muito, mas mal?
No dia 3 de junho do presente ano, o Everton já tinha gasto cerca de 120 milhões de euros; Klaassen, Pickford, Keane e Sandro já estavam confirmados como jogadores dos toffes para a época 2017/2018. Ainda no mês de julho chegaram Rooney e Martina a custo zero e em agosto, Sigurðsson e Vlasic passaram a integrar a equipa. Foram cerca de 177 milhões de euros em 6 jogadores.
Avizinhava-se uma excelente época para a turma de Liverpool (algo que ainda pode acontecer) que até começou da melhor forma, mas as coisas começaram a descambar.
De quem é a culpa? Do treinador? Dos jogadores? Ou da direção?; A verdade é que com uma onda de maus resultados, o 1º culpado é o treinador e isso já se verificou, tendo Koeman sido despedido; relativamente aos jogadores, Michael Keane já veio a afirmar que: “As expectativas dos fãs é um problema, mas o problema principal é o que nós esperamos de nós próprios, e em alguns jogos nesta temporada, nós temos estado abaixo das nossas próprias expectativas.” e por isso sabemos que os jogadores também sabem que têm estado mal; mas e a direção terá comprado bem? Koeman também terá tido intervenção nisto claro, mas terão sido as transferências, acertadas?
Foram muitos milhões, mas é questionável se os jogadores comprados, têm as características certas. Koeman utilizou vários sistemas, entre os quais, o 343, o 433 e o 442, mas era notório que havia uma indefinição, tanto no sistema que mais se adequava, como na maneira de jogar mais apropriada para os jogadores. Os jogadores não pareciam encaixar nos sistemas aplicados e mesmo quando se encaixavam, não pareciam estar a jogar na posição correta, ou da maneira correta. Koeman, teria, certamente, uma maneira muito própria de jogar, mas os jogadores comprados não parecem ser os melhores para essa maneira de jogar. Assim, o Everton não parece ter uma maneira definida de jogar, não parece saber muito bem o que fazer, muito da variação de sistemas, mas parece faltar uma ideia de jogo.
Gareth Barry e Tom Cleverley saíram e não foram comprados nenhuns jogadores com características iguais ou parecidas. Isso vai ao encontro do problema dos novos jogadores não se encaixarem na maneira de jogar de Koeman: não conseguem fazer o mesmo que os jogadores da época passada faziam; e aí talvez culpemos a direção por não contratarem jogadores de modo a Koeman fazer jogar a equipa da mesma maneira que na época passada. O treinador holandês não se adaptou aos novos jogadores e foi despedido.
Referir, ainda, que com tantos milhões gastos, não foi comprado nenhum substituto à altura para Romelu Lukaku. Substituir um jogador que marca quase sempre mais de 25 golos por época, não é fácil, mas o dinheiro não seria um problema.
Um calendário difícil, mas que não desculpa tudo
O Everton até começou bem: ultrapassou as eliminatórias europeias e chegou à fase de grupos da Liga Europa e ainda chegou a ganhar o 1º jogo para a liga. Mas seguiam-se 4 jogos dificílimos, Man. City fora, Chelsea fora, Totenham em casa e Man. United fora; 3 derrotas e 1 empate foi o que o Everton conseguiu retirar destes 4 jogos. Entretanto já a Premier League seguia com 5 jogos e os toffes tinham 1 vitória, 1 empate e 3 derrotas, um 18º lugar com 4 pontos já era desapontante e considerado um mau início. A verdade é que era difícil ganhar todos estes 5 jogos, mas os adeptos estavam entusiasmados com as novas contratações e este mau início veio desiludir os adeptos.
A turma de Liverpool parecia ter ultrapassado o mau momento e justificado os maus resultados com o facto dos jogos terem sido contra alguns dos candidatos ao título, ganhando 2 jogos seguidos, 1 para a Taça da Liga e outro para o campeonato. Mas 5 dias depois recebem o Apollon e deixam-se empatar com mais 1 jogador, baixando, obviamente a motivação que já tinham ganho nos 2 jogos anteriores. Segue-se mais uma derrota caseira frente ao Burnley, mas chega a pausa para as seleções. Tempo de reunir as tropas, de corrigir os erros maiores e voltar melhor que nunca; mas isso não aconteceu.
Segue-se 1 empate frente ao recém-promovido Brighton e 4 derrotas seguidas até ao momento. O Everton já leva 7 jogos sem ganhar e 4 a perder. Já foi eliminado para a Taça da Liga, tem 2 derrotas e 1 empate na Liga Europa e, por conseguinte, poucas chances de passar e está abaixo da linha de água em 18º lugar com 8 pontos. Portanto, o calendário começou por ser difícil mas havia hipótese para melhorias, e que melhorias.
Depois de um bom 7º lugar, sem piedade para Koeman
Com 17 jogos jogados na presente época, o ex-treinador do Benfica foi despedido. O holandês foi a 3ª chicotada na Premier esta época, na sequência de maus resultados. Mencionar que o Everton conseguiu um bom 7º lugar na temporada transata, o que lhes deu um possível lugar na Europa e Koeman pareceu fazer uma boa 1ª época ao leme dos toffes, mas não resistiu às dificuldades desta nova época.
Como já foi aqui referido, o técnico deveria ter uma ideia de jogo pensada para a sua equipa, mas com a chegada de novos jogadores, também deveria ter alterado a sua estratégia em função desses novos jogadores pois estes não encaixavam na sua ideia de jogo. Contudo, Koeman parece ter insistido em jogar à sua maneira e os jogadores não conseguiram corresponder.
Koeman já veio a público expressar-se com a demissão mostrando-se desiludido: “Estou, naturalmente, desiludido neste momento, mas desejo sorte à equipa no futuro“. O técnico podia e devia ter feito melhor neste início de época tendo em conta as transferências feitas pelo clube, mas parece pensar que teria condições para ficar mais tempo no cargo.
A gota de água para os responsáveis do clube de Merseyside, foi a derrota por 5-2 frente ao Arsenal, deixando o clube abaixo da linha de água. David Unsworth foi nomeado treinador interino, mas já com 2 jogos realizados, os resultados não foram os mais favoráveis e o inglês não parece ter condições para ficar.
Em suma, o Everton está mal e precisa de uma mudança drástica. 177 milhões não chegam e por isso, há que conseguir retirar o melhor dos novos jogadores, não só para fazer a equipa jogar melhor, como também para os valorizar. Ainda estamos no início da época e apesar de se esperar mais da equipa neste início de temporada, ainda há tempo para fazer uma boa época tanto a nível nacional como a nível europeu.