De Bruyne, o feiticeiro de Pep

Pedro NunesOutubro 21, 20173min0
Pensamento rápido, vertical e uma visão de jogo verdadeiramente transcendente. Esta época juntou-lhe o aspecto mais físico e a capacidade trabalhadora, sem nunca abdicar da produção ofensiva. Futebol com lentes 3D, régua e esquadro. Assim joga Kevin de Bruyne.

O City está a jogar o futebol mais bonito da sua história e um dos jogadores mais em foco é, sem margem para dúvidas, Kevin de Bruyne. O belga tem despontado e posiciona-se agora como um dos melhores meio-campistas da actualidade. Na Premier, joga e faz jogar, enchendo o olho a todos os que gostam de ver um autêntico feiticeiro da bola. Guardiola assume que Messi está numa fila à frente, mas que de Bruyne segue logo na roda do argentino.

O menino que agora se tornou homem tem o cabelo loiro espetado e visual à nerd. É certo e sabido que não nos devemos deixar levar pelas aparências, mas a regra tem que ter exceção. Até porque aqui as características físicas se traduzem muito bem nos estereótipos que as sustentam. O cabelo loiro espetado está para irreverência futebolística como o visual nerd está para a capacidade de disciplina tática e compreensão do jogo. É nestes parâmetros que assenta cada vez mais o futebol do belga. De Bruyne é daqueles que joga primeiro com a cabeça e depois com os pés. Esta temporada o seu papel tem mudado e tem sido sacrificado por Guardiola para baixar no terreno e vir buscar jogo junto a Fernandinho, assim como se tem evidenciado como o primeiro a pressionar aquando da perda de bola, ele que transporta uma capacidade física que fazem inveja a muitos box-to-box. Mas não é isso que lhe tira influência lá na frente. Complementa todas as características que fazem dele um verdadeiro criador de golos. De 2015 para cá, naquela liga, ninguém deu mais golos a marcar do que o belga, que já leva 32 assistências. Para trás, ficou o assistente da moda, Ozil, com 29.

Em Inglaterra, as engrenagens demoraram a funcionar em pleno. Só à segunda vinda é que se conseguiu afirmar. Depois de brilhar na sua terra natal ao serviço do Genk, foi com 21 anos que o Chelsea o decidiu trazer para Stamford Bridge, onde não conseguiu vingar treinado por Mourinho. Foi parar à Bundesliga durante ano e meio, emprestado ao Wolfsburgo. E aí, tudo mudou. Mudou tanto que, depois da saída do belga, por coincidência ou não, os lobos nunca mais se conseguiram reerguer. Voltou a terras de Sua Majestade para jogar nos citizens. Quando se fala de um jogador deste calibre, 74 milhões de euros é uma caríssima pechincha.

Juntamente com o seu companheiro de sector, David Silva, vai dominando esta edição da Premier League. Tal como Guardiola, demorou algum tempo a adaptar-se, mas agora esta conexão entre os dois traz cada vez melhores resultados. O técnico catalão espera sempre que a sua equipa tenha a bola durante a maior parte do tempo de jogo e que chegue à baliza adversária o maior número de vezes possível. Para isso, De Bruyne é tudo aquilo que Guardiola necessita para fazer a ligação entre o seu futebol e a Premier.

Foto: Evening Standard

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