O “Brexit” da Premier League nas competições europeias

João NegreiraFevereiro 17, 20185min0

O “Brexit” da Premier League nas competições europeias

João NegreiraFevereiro 17, 20185min0
Artigo que analisa a performance das equipas inglesas nas competições europeias na última década. É a competitividade interna um fator relevante para o insucesso europeu? Vamos descobrir isso e muito mais neste artigo!

As equipas espanholas têm dominado a Europa; desde 2013/2014 que os títulos europeus vão para Espanha (excetuando a Liga Europa da temporada que passou). Aliás, por país, Espanha, lidera o número de campeões europeus entre as duas competições europeias.

Mas a que se devem estes factos? A fraca competitividade interna? Uma aposta maior nas competições europeias?

 Os dados corroboram-no…

O fracasso dos clubes ingleses não se fica pelos títulos mais recentes. Nos últimos 10 anos, apenas 6 equipas estiveram em finais da Liga dos Campeões e 4 nas da Liga Europa. A juntar a isto apenas 14 estiveram em meias-finais de Liga dos Campeões e 5 nas da Liga Europa.

De mencionar ainda que levantaram 2 Champions e 2 Liga Europa. Em comparação com as Big-5 (Itália, Alemanha, Espanha e França) os clubes ingleses ficam atrás de Espanha (17+10) e de Itália (12+9). Comparativamente, os números não são assim tão maus quanto aparentavam ser, porque se olharmos para França, que tem pouquíssimos títulos europeus, está muito acima.

Contudo, para a suposta, “Melhor Liga do Mundo” e “mais competitiva”, estes resultados ficam um pouco aquém das expectativas. E num olhar geral, temos visto poucas equipas britânicas a chegar a estas fases finais.

O Chelsea foi o último clube inglês a vencer a Liga dos Campeões. (Foto: worldsoccertalk)

O Brexit está a acontecer?

O título é uma analogia com o que se passa com o Reino Unido, politicamente falando. O Brexit é uma realidade e cada vez mais próxima de acontecer, sendo que isso também pode ter represálias para os clubes ingleses, tanto em direitos de transmissão, como em jogadores extra-comunitários.

Em relação ao Brexit nas competições europeias, há que concluir, depois dos dados apresentados acima, que os clubes ingleses estão muito longe das competições europeias. E isso leva-nos às perguntas acima: será que como a Premier League é tão competitiva (vejamos o caso do Leicester) os clubes não têm poder para as competições exteriores? Ou será que como essa mesma Liga é tão valiosa que os clubes têm uma maior aposta nisso mesmo?

As questões que se colocam são mesmo reais e podem ser uma justificação. Apesar de Espanha e Itália também terem 20 equipas nos seus campeonatos, não se espera que o último dê um upset a qualquer equipa que esteja nos 5 primeiros.

Ora, a verdade é que isso na Premier League acontece muitas vezes e falamos depois na questão do física onde os jogadores são obrigados a dar mais de si e se perderem podem ficar desmoralizados para as competições europeias. Existe uma hegemonia de cerca de 5 equipas em Itália e Espanha, em que apesar de serem competitivas, é muito difícil perderem contra os que estão “lá para baixo”. Outra diferença do Reino Unido para os outros países pode ser a quantidade exagerada de jogos de taças e não haver pausa de inverno, o que complementa estes fatores.

Outra questão válida, é a aposta interna ou externa. José Mourinho, no ano passado, admitiu publicamente, já na fase final da época, que iria apostar na Liga Europa para ter acesso direto à Champions e não na Premier League. Isso comprova que a Premier é bastante competitiva e que existe de facto uma aposta em algumas competições.

Pelo contrário, vemos muitas vezes o Real Madrid a apostar mais na Liga dos Campeões do que na La Liga. Tanto porque os jogos internos seriam mais fáceis, como porque queriam apostar, por exemplo, na La Décima.

Podemos afirmar que, se este Brexit está mesmo a acontecer, a “Premier League está em declínio”, que “esta não é afinal a Melhor Liga do Mundo”, que “Inglaterra não é o país do futebol”, mas não, a aposta contínua nos direitos televisivos e ter muitos dos clubes mais valorizados do mundo, contraria essa hipótese.

O Liverpool é o clube inglês com mais títulos europeus. (Foto: thesefootballtimes.co)

Apesar de tudo isto, pela primeira vez na história, a Inglaterra tem cinco equipas na fase final da Liga dos Campeões, sendo que o Liverpool e o Manchester City já estão muito perto dos quartos de final com vitórias sobre Porto (4-0) e Basileia (5-0), respetivamente.

Em suma, podemos concluir que tem existido, de facto, uma má performance dos clubes ingleses nas competições europeias no últimos 10 anos. Por isso, é imensamente difícil algum clube inglês fazer uma boa campanha europeia, ao mesmo tempo que faz uma boa campanha interna; como tem feito a Juventus, por exemplo. Tem que haver uma escolha e deixar de parte algo para atingir outro e isso depende das apostas das direções e do que querem para o clube, para o momento ou para o futuro.

De referir que algumas referências à Liga Europa, podem corresponder à Taça UEFA.


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