Gringos no comando!

Brás AssunçãoAgosto 25, 20243min0

Gringos no comando!

Brás AssunçãoAgosto 25, 20243min0
Qual é a real influência dos treinadores estrangeiros no futebol do Brasil? Brás Assunção avalia as mudanças com a chegada de Abel

Com a epopeia de Jorge Jesus no Flamengo em 2019, onde ganhou tudo o que estava ao seu alcance, o futebol no Brasil mudou de paradigma. Além de ganhar tudo, Jesus conquistou os seus títulos com nota artística, algo que ele tanto estima. Esse feito fez com que os clubes brasileiros abrissem as portas para treinadores estrangeiros, como nunca tinha sido feito até então. Hoje temos trabalhos fantásticos como o do Palmeiras de Abel Ferreira, e do Fortaleza do argentino Vojvoda. Vamos lá ver o porquê desses trabalhos serem assim tão especiais.

Começando pelo Vojvoda, no ano da sua estreia no Brasileirão de 2021, ele conseguiu o feito histórico de ficar nos quatro primeiros lugares, atrás de Palmeiras, Flamengo e do campeão Atlético Mineiro. Foi também tricampeão Cearense e campeão invicto da Copa do Nordeste de 2022, além de ter chegado aos 1/8 final da Libertadores nesse mesmo ano.

Em 2023, conquistou mais um estadual Cearense e a cereja no topo do bolo até então, levou o clube à final da Sudamericana, com os equatorianos da Liga de Quito (LDU). Infelizmente perderam nas grandes penalidades, mas a história já estava feita. Isto porque foram o primeiro clube nordestino a chegar a uma decisão de uma competição continental.

Caso ainda não se tenham rendido a este nome, olhem só para estes números, num clube que não órbita nas principais zonas futebolísticas do Brasil (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul):

2021: 51 jogos, 25 vitórias, 10 empates e 16 derrotas

2022: 70 jogos, 33 vitórias, 19 empates e 18 derrotas

2023: 78 jogos, 41 vitórias, 15 empates e 22 derrotas

Números para lá de especiais, num dos nomes mais cobiçados pelos grandes clubes brasileiros, sempre que vaga uma cadeira no comando técnico. Até hoje, a resposta deste argentino foi sempre NÃO!

De Gringo para outro Gringo, o caso de Abel Ferreira e do Seu Palmeiras tem algumas semelhanças. Antes de Abel chegar ao Palmeiras, o clube vivia de oscilações. Foram campeões em 2016 com Cuca e em 2018 com Scolari. Mas o seu futebol não era o melhor, e na minha opinião, era até chato.

Com a chegada do furacão JJ, os efeitos comparativos com o futebol praticado pelos outros clubes, foram muito agrestes com os treinadores mais conservadores. Treinadores como Scolari, Luxemburgo e Mano Menezes eram vistos como ultrapassados e arcaicos. Em 2020 a aposta inicial do Palmeiras ainda foi no passado, tendo contratado Luxemburgo. Mas cedo se percebeu que esse não era o caminho e foram buscar o homem que tinha eliminado o Benfica de JJ, numa pré-eliminatória da Champions League em 2020-2021. Até então, muitos palmeirenses nunca tinham ouvido falar do antigo lateral direito do Sporting Clube de Portugal. A partir daqui caros leitores, Abel cravou o seu nome na história do futebol brasieliro.

Desde que chegou ao Verdão, Abel Ferreira já coleciona 10 troféus, colocando-se ao lado de outra lenda palmeirense, Oswaldo Brandão, que também ergueu 10 troféus como treinador do Palmeiras: Libertadores 2020 e 2021; Brasileirão 2022 e 2023; Copa do Brasil 2020; Recopa Sul-Americana 2022; Supercopa do Brasil: 2023; Campeonato Paulista 2022, 2023 e 2024

Além dos títulos conquistados, Abel tem trabalhado bem as pérolas da formação. O treinador tuga  lançou até ao momento, 27 jogadores formados na academia de futebol. Nomes como Endrick e Estevão saltam logo à vista.

Com tanto sucesso dos treinadores estrangeiros, é natural que cada vez mais se aposte em nomes fora do Brasil. Hoje são 8 treinadores estrangeiros, sendo eles argentinos ou portugueses, que trazem um Know-how técnico/táctico que tanta falta faz ao futebol brasileiro.


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS