G12 ou G3? A (nova) estratificação do futebol brasileiro pt.1
Tal como em Portugal, o fenómeno da existência de “Grandes” no futebol afeta o Brasil, numa situação mais gravosa, pois são em maior quantidade. Se aqui facilmente identificamos SL Benfica, Sporting CP e FC Porto como exclusivos pertencentes a esse grupo, no país sul-americano o processo não é assim tão simples, já que são doze instituições.
As equipas são de quatro estados diferentes: São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Com a exclusão dos vinte e dois Estados restantes, a tarefa fica mais simples. As equipas são: SE Palmeiras, São Paulo FC, Santos FC, SC Corinthians, CR Flamengo, Fluminense FC, Botafogo FR, CR Vasco da Gama, Grémio FBPA, SC Internacional, C. Atlético Mineiro e Cruzeiro EC. Porque são estas equipas consideras do G12? São as que ganham mais títulos, no computo geral. Mesmo com outros clubes a aparecer em finais como o C. Athletico Paranaense, este grupo é muito exclusivo, historicamente falando. Somos educados a aceitar esta pluralidade de “equipas grandes” no futebol brasileiro, mesmo que a maioria já tenha competido em divisões inferiores à Série A do Brasileirão. A problemática que queremos apresentar neste artículo relaciona-se com o presente e o futuro: faz sentido abordarmos um G3 dentro de um G12?
No Brasil, tal como em todos os países do Mundo, há equipas em melhor forma e outras a passarem por más fases, muito dependendo do projeto montado e suas condicionantes. Desde o inicio desta década (talvez um pouco antes, com a chegada de Jorge Jesus), o futebol brasileiro tem sofrido uma pequena reestruturação, com a entrada de mais treinadores estrangeiros e o setor empresarial a investir capital. Façamos uma pequena tabela para identificar os vencedores das principais competições:
Temporada | Série A | Libertadores | Copa Brasil
2020 – Flamengo | Palmeiras | Palmeiras
2021 – Atl. Mineiro | Palmeiras | Atl. Mineiro
2022 – Palmeiras | Flamengo | Flamengo
⭐️? Todas as 6⃣2⃣ finais da CONMEBOL #Libertadores! O @Palmeiras venceu 2⃣ vezes seguidas rivais brasileiros para ir à #GloriaEterna. pic.twitter.com/oJVEkaMoUE
— CONMEBOL Libertadores (@LibertadoresBR) November 28, 2021
Dos doze nomes referidos na introdução, só aparecem três. Passámos a assistir à criação de um grupo dentro do próprio grupo. Como se justifica o seu aparecimento?
• Bom planeamento a curto prazo;
• Capacidade financeira.
Estes dois fatores estão intimamente ligados, já que a existência de capital permite a incorporação de novos elementos ao grupo de trabalho, além de uma melhora nas infraestruturas como se vêem nestes clubes de futebol. Possivelmente em 2023 iremos assistir ao auge deste fenómeno. Não desfazendo os outros plantéis do Brasileirão (onde existem boas peças), a qualidade dos três que estamos a escrutinar é superior.
Ao longo deste espaço temporal, Flamengo tem conseguido montar “super elencos”, realizando grandes vendas e contratando jogadores que façam a diferença. São contratações pensadas e com alguma bagagem, de modo a incorporarem-se com facilidade ao projeto. Dos “rubro-negros” saíram anteriormente elementos como Vinícius Jr. ou Reinier por verbas elevadas, o que permitiu (além de todas as outras fontes de receitas, já que é o maior clube do Brasil, em número de adeptos) a entrada de mais valias como Pedro, Thiago Maia, Everton Cebolinha e mais recentemente o regresso de Gerson, que rendeu em 2021 um valor de 25 milhões de euros.
Para além disso, o “Fla” vende por bons valores os jogadores que não têm capacidade de integrar o seu plantel (no momento), como no caso de Lincoln, Rodrigo Muniz ou de Michael, tornando a balança de transferências quase sempre positiva. Ao juntar jogadores com crédito a craques como De Arrascaeta e Gabriel Barbosa e a jovens promissores como João Gomes (entretanto vendido ao Wolverhampton Wanderers FC) e Victor Hugo, o Flamengo exibe o que é um exemplo de como montar um plantel, com dois bons XI.
O CORINGA TÁ DE VOLTA! ??⚫ #TudoDeNovo pic.twitter.com/TgM52zGWlL
— Flamengo (@Flamengo) January 3, 2023
A escolha dos treinadores para iniciar a temporada, tem sido o principal “calcanhar de aquiles”. Se Jorge Jesus demonstrou ser uma escolha acertada, a maioria dos seus sucessores tem falhado. Dorival Júnior foi o que mostrou mais qualidade, porém 2023 começará com Vítor Pereira ao comando técnico, após uma saída conturbada do rival Corinthians.
O treinador tem sido a grande mais valia do Palmeiras. Desde a chegada de Abel Ferreira, o Verdão transformou-se no maior protagonista do futebol sul-americano, ganhando duas Libertadores, uma Taça do Brasil e uma Série A. O português já venceu tudo o que tinha para vencer, excetuando o Mundial de Clubes, podendo voltar para a Europa a médio prazo, com muito mais crédito comparativamente ao que tinha quando saiu.
No entanto, contou igualmente com um plantel de qualidade, dando-se destaque a Weverton, Raphael Veiga, Dudu, Rony, Gustavo Gómez e Gustavo Scarpa, que formaram um excelente esqueleto tático. Não tendo tanta profundidade como o rival do Rio de Janeiro, o XI titular não é inferior. A somar aos títulos, o Palmeiras tem conseguido lançar várias promessas de qualidade como Gabriel Menino, Patrick de Paula (atualmente no Botafogo) ou Danilo (recentemente transferido para o Nottingham Forest FC, sendo companheiro de Scarpa, mais uma vez).
Endrick é o jovem mais falado para Abel trabalhar durante 2023 e 2024 (depois seguirá para o Real Madrid), no entanto há outras joias a ter em conta, como Estevão ou Giovani. Com o antigo lateral, há espaço para todos brilharem no plantel, desde que estejam a dar o máximo e tenham o foco somente no clube. Esse é o grande segredo do Palmeiras, somado à qualidade do treinador, que é considerado por muitos o melhor da sua história.
Palmeiras e o técnico Abel Ferreira chegaram a um acordo para renovação de contrato por mais 3 anos.
? @marcoscosti
? Cesar Greco pic.twitter.com/1QfYuyh3Th— Planeta do Futebol ? (@futebol_info) March 19, 2022