Um tubarão no rio Ave
Depois de 5 jornadas da Liga NOS, o Rio Ave ocupa a 5ª posição. 10 pontos e um futebol interessante que deixou o país atento ao que se passa em Vila do Conde. Apesar da derrota de ontem na Madeira (num campo complicado, como demonstrado pelo FairPlay neste artigo), a ideia de jogo de Miguel Cardoso mantêm-se. 65 minutos em inferioridade numérica (expulsão de Francisco Geraldes) mostraram um Rio Ave a construir e a jogar como nas jornadas anteriores. Uma teimosia saudável bem vincada nos vilacondenses.
O empate com o campeão
Depois de 3 vitórias (Belenenses, Boavista e Portimonense), o Rio Ave recebeu o Benfica que apresentava o mesmo registo. Apesar do excelente resultado que o empate com o tetra-campeão representa, isso não foi o que mais impressionou. A equipa de Miguel Cardoso foi, por largos períodos, superior ao Benfica e esteve sempre mais perto da vitória.
O golo dos vilacondenses, apesar de ter surgido num auto-golo, foi fruto da superioridade e inteligência na abordagem ao encontro. Uma triangulação de Bruno Teles com Rúben Ribeiro e Francisco Geraldes, aproveitando a superior velocidade sobre André Almeida, desposicionou Luisão da área e criou o pânico na defesa encarnada.
Apenas depois do 1-0 o Benfica conseguiu pegar no jogo e marcar o empate de grande penalidade.
Uma demonstração de força e potencial nas margens do rio Ave que pôs em alerta quem quer lutar pela Europa.
Mais que os resultados, o perfume
Ainda é cedo para, pelos números, considerar o Rio Ave uma verdadeira “ameaça”. Na luta pela Europa, equipas como o Braga ou o Vitória partiram e partem à frente.
Mas é na qualidade do futebol apresentado que este Rio Ave deslumbra. Saída de bola pelos centrais (sem o típico balão na frente), passes curtos e com várias linhas de passe disponíveis. Laterais subidos e triangulações rápidas aproveitando a sua velocidade. Meio-campo muito próximo como Tarantini e Pelé/Leandrinho a oferecer solução recuada e Rúben Ribeiro e Barreto nas alas. Sobra Francisco Geraldes, mas a ele já lá vamos.
Impressiona a construção e a organização defensiva. Pressão alta e forte, com 2 centrais imperiais e um duplo-pivot muito bem trabalhado. Para além disso, sobressai a qualidade dos executantes. Numa combinação de jovens valores com experiência, Miguel Cardoso tem um plantel equilibrado e perfeito para as ideias do treinador.
Mérito para o próprio mister que, contra a maré do futebol português, traz esperança ao nosso campeonato. Mesmo com um grande pela frente ou menos um jogador em campo, este Rio Ave não se esconde e pega no jogo como gosta e sabe fazer. Uma prova que manter-se fiel a uma boa ideia é, sempre, a melhor opção.
Francisco Geraldes e Rúben Ribeiro – os motores do tubarão
O médio da formação do Sporting chegou, por empréstimo dos Leões, ao Rio Ave onde se tornou já um dos motores de uma equipa bem oleada. Toda a construção passa por Geraldes e é nele que começam os desequilíbrios.
O único senão do criativo é a sua condição física (e o vermelho frente ao Marítimo). Geraldes ainda não é capaz de manter, durante os 90 minutos, o nível exibicional . Melhorando a sua resistência, tornar-se-á ainda mais influente na equipa e com isso melhorará o seu jogo.
Mas desengane-se quem vê nele a única solução deste Rio Ave. Como mostrou o jogo na Madeira, é aí que entra a magia de Rúben Ribeiro. O extremo de 30 anos tem um drible acima da média e um controlo do ritmo de jogo incrível. Tanto nos 65 minutos com o Marítimo como no cansaço de Geraldes, é Rúben quem pega (e bem) no jogo do Rio Ave.
Com ambos em campo, a construção distribui-se e as triangulações entre eles serão um elemento chave na época dos vilacondenses.
Que futuro?
Ainda falta imenso campeonato e é cedo para fazer deste Rio Ave um quarto classificado. Mas é facto que, tirando os 3 grandes (a espaços), ninguém joga melhor que a equipa de Vila de Conde. Mantendo-se assim, o Rio Ave tem tudo para se tornar no agitador desta Liga NOS.