UD Leiria: O Brilharete em 2000/2001

Francisco da SilvaDezembro 26, 20186min0

UD Leiria: O Brilharete em 2000/2001

Francisco da SilvaDezembro 26, 20186min0
Fundada em 1966, a União Desportiva de Leiria viveu a partir da década de 90 no convívio dos "Grandes" do futebol português. Em 2000/2001, Manuel José e os seus homens rubricaram a melhor temporada na história do clube.

A União Desportiva de Leiria foi, durante a segunda metade da década de 90 e início do Século XXI, uma força emergente do futebol português. Contudo, fruto de opções institucionais e desportivas erradas, o clube caiu em desgraça e encontra-se hoje numa divisão secundária. Em 2000/2001, o conjunto leiriense orientado por Manuel José alcançou a sua melhor classificação de sempre na primeira liga portuguesa, 5º posto. Recorde abaixo o elenco responsável por esta façanha pelo emblema das margens do Lis.

O Guardião

A guarda do Castelo de Leiria ficou entregue ao excêntrico Costinha. O bracarense acumulou jogos e passagens pelo Boavista, Sporting CP e FC Porto, contudo foi em Leiria que este guardião revelou todas as suas qualidades. Capaz de defesas assombrosas fruto da sua elasticidade e reflexos sobre-humanos, Costinha foi um dos pilares defensivos da equipa de Manuel José, porém, padecia de alguma irregularidade que lhe condicionou posteriormente a evolução da carreira. Na sombra de Costinha estava o vimaranense Fernando Baptista, que sempre que foi chamado a jogo demonstrou segurança, tranquilidade e competência.

 

 

 

 

 

A Muralha

O eixo defensivo branco e encarnado estava entregue a dois portuenses que defenderam o clube das margens do Lis com imenso brio e qualidade, Paulo Duarte e Renato. Ambos os centrais eram jogadores lestos, com bom sentido posicional e que se complementavam na perfeição. Além disso, Paulo Duarte e Renato eram dois líderes dentro das quatro linhas, o que ajudava à integração de novos elementos. A alternativa a estas duas “autoridades” residia em Éder Gaúcho, um central duro, forte no jogo aéreo e decisivo nas bolas paradas defensivas e ofensivas. As laterais estavam a cargo de dois dos elementos mais utilizados nesta temporada por Manuel José. Do lado direito, encontrava-se o sempre fiável e decisivo Bilro. Este lateral alentejano era um jogador extremamente esforçado, comprometido com a equipa e que batia com enorme qualidade bolas paradas e cantos. Do outro lado do terreno morava Nuno Valente, um dos melhores laterais no capítulo defensivo mas também com uma participação no processo ofensivo, nomeadamente devido à sua qualidade no cruzamento.

 

 

 

 

 

O Motor

O homem que mandava na casa das máquinas leiriense era Tiago. Em 2000/2001, o médio com passagens pelo FC Famalicão, CS Marítimo e SL Benfica, era o pêndulo e fiel da balança em Leiria, dado ser o principal recuperador de bola e o primeiro elemento a iniciar o processo de construção de jogo. Não admira, portanto, que o trofense tenha sido o jogador mais utilizado na temporada. Tiago era devidamente auxiliado por Luís Vouzela e Leão, dois médios de características defensivas e extremamente úteis para dar consistência ao bloco mais recuado. Ao nível da construção, Tiago dividia a batuta com João Manuel, Dinda e Bruno Ribeiro. João Manuel era um pensador, um jogador muito esclarecido com a bola e com uma boa capacidade de passe. Já Dinda era o pé-canhão. Este brasileiro era capaz de bisar a baliza adversária a partir de qualquer zona do terreno devido ao seu potente e colocado remate, bem como, pela sua facilidade em pisar terrenos mais avançados. Por último, Bruno Ribeiro era uma solução de recurso para ocupar a lateral esquerda e fechar o flanco às incursões adversárias.

 

 

 

 

 


A Artilharia

A principal referência ofensiva da formação do Lis era Derlei. Este avançado móvel foi o melhor marcador da equipa e o elemento mais influente na temporada, quer pela sua disponibilidade e qualidade ofensiva, quer pelo seu comprometimento defensivo implacável. Ainda hoje Derlei deixa saudade nos relvados portugueses. Paulo Alves era a referência atacante quando se procurava um jogo mais direto e objetivo devido à sua estatura e qualidade no jogo aéreo, já Emmanuel Duah era uma seta apontada à baliza adversária e que utilizava preferencialmente a sua velocidade e potência física. Petar Krpan era outro elemento atacante deste plantel que utilizava o seu pé esquerdo e todo o seu QI futebolístico para fazer balançar as redes adversárias. Talvez o seu maior defeito fosse a fraca relação com o golo. Por último, nota ainda para Luís Carlos e Zezinho, dois jogadores rápidos, disponíveis e geralmente utilizados por Manuel José para mudar o rumo dos acontecimentos.

 

 

 

 

 

 

PS: Excluídos do elenco acima encontram-se jogadores que na temporada de 2000/2001 que não realizaram pelo menos 200 minutos, tais como, Vasco Évora, Micas Pedrosa, Pedro Regueira, Tozé e Augustine.

 


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