Sporting: segurança no inicio a projectar o sucesso
Está superado com um alarde de segurança e até com distinção a primeira grande etapa da longa caminhada que representa para o Sporting a época 2017/18.
Depois da traumática experiência do ano passado, com uma ida ao mercado tão prometedora como depois decepcionante, poucos arriscariam que os primeiros e tão importantes passos fossem dados de forma tão segura que o comando da Liga NOS e qualificação para a fase do grupos da Liga dos Campeões documentam.
Saídas que não comprometem, entradas que prometem
As boas noticias não se acabam por aqui. Do ponto de vista das perdas, o mercado de verão não foi tão voraz sobre aquelas que eram tidas como as iguarias mais apetecíveis, tais como Gélson, William ou Bas Dost. A saída de Adrien acaba por ser sentida como uma contingência inevitável. Para lá do capitão e entre os jogadores que saíram a titulo definitivo que tenham registo de passagem pela titularidade não se encontra nenhum que detivesse um estatuto que pudesse ser considerado uma perda de monta.
No balcão de chegadas era preciso ver para crer, depois do já aludida decepção da época passada. O registo mais sólido tem sido o de Bruno Fernandes que tem provado poder ser tão importante como “8” ou como “10”. Tão importante que é, sem sombra de dúvidas o jogador que melhor tem desempenhado ambas as funções e isso é dizer quase tudo sobre como têm sido importantes as suas participações. Ainda na intermediária Marcos Acuña tem surpreendido sobretudo pela consistência das suas exibições.
O argentino não parece ser um extremo puro e tão criativo como se poderia pensar e a forma como se movimenta quase sempre em favor do colectivo, leva até a imaginá-lo como um futuro “8”, tão capaz a fazer chegar o jogo à frente como a ser determinante no fecho dos caminhos da sua baliza, assim como um elemento importante na reacção à perda da bola.
Um papel que pode também ser desempenhado por Battaglia que, neste pontapés iniciais, e apesar de algumas hesitações, parece estar talhado para mais uma adaptação bem sucedida de Jesus.
Defensivamente foi onde se registaram as maiores mexidas. Não deixa de ser surpreendente a saída de Schelotto, pelo elevado número de jogos que lhe tinha sido oferecido como titular, para passar de imediato à porta de saída. Piccini pegou de estaca, demonstrando a confiança que o treinador deposita nele, embora as impressões iniciais não se afastem muito da imagem insuficiente que Schelotto já havia deixado.
As boas prestações de Mathieu não devem ser considerado propriamente grande surpresa, a grande dúvida estaria na sua prontidão para uma época exigente ao mais alto nível. Se as lesões não atrapalharem tem reservado para ele um papel importante na presente época. Até porque o seu vizinho do lado – Coentrão – vai confirmando a fragilidade física que impediram a sua afirmação total no campeoníssimo Real Madrid.
Daí que, até como solução de recurso, o francês possa ter que recapitular os melhores compêndios sobre a função de defesa lateral. Jonathan pode chegar para consumo interno, mas é duvidoso que seja suficiente para os compromissos mais exigentes. Mas aí levanta-se a dúvida sobre a prontidão e adequação de André Pinto – praticamente não jogou – e Tobias Figueiredo, cujos pouco minutos só serviram para acentuar a má imagem deixada no ano passado no estágio insular no Nacional. O valor de Ristovski está ainda por descobrir.
Outros actores aguardam ainda a entrada em cena e não parecem ter reservado papéis de protagonistas. Talvez Doumbia possa contrariar essa impressão inicial, ele que parece talhado para os jogos em que seja necessária maior contenção atrás e resposta rápida no ataque, o que não parece ser o melhor argumento para as actuações de Bas Dost.
A verdade é que os receios de fragilidade defensiva deixados na pré-temporada parecem afastados, e não é apenas Dost o homem capaz de marcar golos. Gélson já leva tantos como o holandês, Bruno Fernandes tem três, Acuña e Battaglia já se estrearam também.
Generosidade europeia no sorteio
Esses compromissos estão já aí à porta e o sorteio da fase de grupos foi generoso pelo menos em dificuldades e expectativa de grandes jogos e importantes receitas para o clube. Não o deverá ser menos no sentido de reafirmação do nome e prestigio internacional, porque é a este nível que ambos se realizam.
Daí que reclamar da sorte por ter que jogar com campeões europeus, na melhor competição mundial de clubes, onde pontuam as maiores estrelas do universo futebolístico, seria o mesmo que ir ao El Bulli, do grande Ferran Adriá e pedir um menu infantil ou um bife com batatas fritas. Venham de lá, carregados de estrelas a Juventus, o Barcelona e não se menospreze o Olympiakos, que está a meio do ranking da UEFA (28º). Bem melhor do que o actual registo do Sporting e para o melhorar rapidamente não há melhor que esta competição.
O estatuto de não favorito pode retirar a carga psicológica que a obrigação de ganhar tantas vezes tolhe as pernas e tolda o melhor raciocínio. Na actual conjuntura de míngua de resultados parece até ser o papel mais indicado. Não existe outra obrigação que não seja a de fazer boa figura e desfrutar das luzes da ribalta, procurando ainda assim o pecúlio suficiente para seguir em frente na Liga Europa, a competição que parece mais talhada a brilharetes das equipas lusas.
É verdade que guardamos más recordações do Barcelona, quando os apanhamos no inicio da ascensão ao trono na era Guardiola. E esse arranque foi provavelmente naqueles 3-1 em Camp Nou, quando a escolha de Guardiola já sofria contestação. O resto é o que a ficou para a posteridade: uma das melhores equipas da história do futebol. Não conhecemos ainda em plenitude o actual valor futebolístico do Barcelona. Sabe-se para já que este arranque de época foi dos que mais rombos provocou nas expectativas e orgulho dos adeptos culés.
Mas, enquanto a respectiva estrutura directiva vai dando ares de “orquestra do Titanic”, reconhece-se que, mesmo ferido e em aparente estretor, o monstro catalão é detém poder suficiente para provocar muitos estragos. Mas que bom seria para nós estar em crise e com Messi, Pique, Busquet, Iniesta e Suarez nos nossos quadros!… E como se viu pelas primeiras jornadas de La Liga, e já depois do “banho madrileno”, até pela inércia de um passado recente glorioso se consegue vencer…
Temos ainda as estreias de Olympiakos e Juventus em Alvalade. Será provavelmente da disputa directa com os gregos que se decidirá o futuro imediato na Europa, pelo que assume particular importância o jogo de estreia em Atenas no próximo dia 12. Será muito importante e certamente definidor deixá-los de imediato em sentido, pontuando em Atenas. Como quase sempre e em todos os anos, mais uma pequena revolução nos quadros da equipa grega trouxe novas caras, de onde ressaltam Gillet (ex-Nantes) Milic (ex-Fiorentina) Carcela (Granada), Vukovic (ex-Konyasport), Emenike (Fenerbahce), entre outros. Após duas jornadas, duas vitórias carimbam-lhe o passaporte para mais um campeonato.
A Juventus é uma verdadeira chuva de estrelas, com Buffon; Chiellini, Sandro, Kedhira, Dybala, Mandukic, Bernardeschi, Douglas Costa e Higuain! O risco de encadeamento e consequente atropelo é enorme. É tão somente uma das principais favoritas a levantar o ceptro da competição na final de Kiev, em Maio.