Paulinho é ou não um inimigo interno no Sporting?
Criou-se nas redes sociais uma teoria de que Paulinho estava a prejudicar o jogo do Sporting e que era o grande responsável pelo fracasso recente do emblema de Alvalade na Liga NOS, teoria essa que se acentuou com os dois empates consecutivos com Moreirense e Famalicão. Mas será isto verdade se olharmos apenas para os números do avançado português?
Se nos focarmos nos números individuais de Paulinho suportados pela base estatística fornecida pelo GoalPoint (que pode consultar aqui mais ao pormenor), concluímos que Paulinho não piorou o jogo do Sporting, mas sim melhorou o mesmo!
O Paulinho em campo, entre a 17ª e a 26ª jornada, efetuou 1,73 passes para finalização por jogo (máximo do clube neste período), tendo também sido o atleta com mais remates efetuados por partida com uma média de 1,38 remates/jogo. A nível de ações para golo o avançado é apenas superado por Pedro Gonçalves (0,43 vs 0,53).
A estes números junta-se ainda 1 golo e 1 assistência, curiosamente nos dois empates já referidos. Em números absolutos Paulinho também se destaca, nomeadamente nos passes para finalização que resultaram em ocasiões flagrantes e com muitos menos minutos disputados que os colegas de equipa, ao já o ter feito por 3 vezes!
Mesmo a nível defensivo a estatística do site especializado diz-nos que Paulinho efetua uma média de 3 ações defensivas por 90 minutos! O dobro de Tiago Tomás e de Nuno Santos!
O que se notou muito no Sporting foi antes, uma quebra geral da equipa desde o fecho do mercado de inverno, ou seja durante toda a segunda volta da Liga NOS.
Poderá o adepto mais desconfiado referir que isso coincide com a chegada de Paulinho, mas convém notar que Paulinho esteve lesionado durante algumas partidas, sendo interessante verificar como atuou o Sporting com Paulinho neste período e sem Paulinho.
Mais uma vez apoiados pelos dados estatísticos vemos que o clube aumentou os remates efetuados, os enquadrados, ações com bola na área adversária, aumentou o xG e diminuiu o xGA (se não está familiarizado com o contexto pode aprender mais aqui), tudo isto com Paulinho em campo comparativamente aos jogos em que Paulinho, já no clube leonino, não foi opção.
É a prova que mesmo jogando com o núcleo duro da primeira volta a equipa piorou os seus números, algo que terá uma justificação mais coletiva que individual.
A equipa cria menos situações e aproveita pior as ocasiões que ainda assim vai criando, um problema que existe com e sem a presença do avançado, algo que ajuda a perceber porque razão o líder está algo afastado da liderança dos melhores ataques e que serve também para perceber de que forma a qualidade defensiva acaba por ser mais importante do que a ofensiva, dando razão à expressão: “Ataques ganham jogos e defesas campeonatos”.
Apesar de tudo isto há aspetos “não estatísticos” que suportam a ideia de que Paulinho prejudicou a equipa. É factual que a equipa do Sporting perde profundidade com a entrada do avançado comparativamente às jogadas que efetuava com TT ou Jovane Cabral numa posição mais central. Mas também não é menos verdade que ganha qualidade na recepção da bola longa, na utilização do apoio frontal e na presença na área para o jogo aéreo. Afinal de contas só podem jogar 11, e como em tudo, para se ganhar de um lado , normalmente perde-se do outro.
Paulinho pode não estar a ser o super reforço que a sua quantia fazia prever e especular, mas também não é o atleta que está a “sabotar” toda a campanha final da Liga NOS e responsável máximo da perda de pontos do clube leonino.