O último mercado de Hugo Viana
Não era novidade que o mercado de inverno de 2025 seria o último de Hugo Viana no Sporting, depois de ter acordada a sua mudança para o Manchester City, de maneira a ocupar o posto de Txiki Begiristain. O diretor desportivo conseguiu dar um salto importante na carreira, mas sabia que tinha uma última missão a cumprir por Alvalade: deixar o plantel às ordens de Rui Borges mais completo e pronto para a segunda metade de 2024/25, que ainda tem condições de conquistar tudo (a Champions League não é um objetivo realista).
Com a chegada do antigo técnico do Vitória SC, o 3x4x3 deixou de ser a tática utilizada, com uma aposta firme no 4x4x2, ao qual a equipa se tem adaptado paulatinamente. Ainda assim, era público que seriam necessários reforços, já que existiam posições carenciadas. Olhando para as entradas, Hugo Viana conseguiu mexer-se minimamente bem, com Rui Silva a ser um claro upgrade na baliza, já que é superior a Franco Israel e Vladan Kovacevic. Biel veio cobrir a necessidade da existência de mais um extremo desiquilibrador, devido à saída de Marcus Edwards, que não conseguiu ser feliz por Alvalade.
Txiki Begiristain and Hugo Viana in Manchester on Wednesday night. 🤝
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O jogador inglês foi o único a deixar o Sporting neste mercado de transferências, numa transferência por empréstimo para o Burnley, com uma cláusula de opção de compra de 12 milhões de euros, que poderá vir a ser obrigatória em caso de subida da turma orientada por Scott Parker. Dado o potencial do atleta, aparenta ser uma verba abaixo do esperado, mas visto o rendimento de Marcus Edwards nos últimos meses foi o negócio possível, já que o extremo até se encontrava a treinar à parte dos colegas. Não foi por falta de oportunidades que não vingou pelo Campo Grande, onde apenas mostrou traços do que poderá ser.
Porém, o que marca o último mandato de Hugo Viana é a falta da chegada de um lateral direito, que era a prioridade para a equipa técnica. Com a alteração tática, Geny Catamo e Geovany Quenda passaram a atuar como extremos, as suas posições originais, já que o posto de ala desapareceu. Iván Fresneda e Ricardo Esgaio passaram a ser os únicos elementos de raiz para ocupar o lugar, sendo que o português não é uma opção viável, estando inclusivamente de saída para algum país periférico onde se possa destacar.
Rui Borges optou inicialmente por lançar Eduardo Quaresma na posição, embora seja um defesa central de origem, mas Iván Fresneda foi convencendo a equipa técnica de que poderia ser o número 1 para o posto, sendo a sua saída para o Como cancelada. O espanhol foi de resto associado a várias equipas, como o Valência e apenas não saiu porque o Sporting falhou todos os alvos que tentou durante janeiro. Nisto, a culpa terá que ser atribuída a Hugo Viana.
Some of Hugo Viana’s best sales while at Sporting
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Alberto Costa foi o primeiro desejo de Rui Borges, mas o jovem de 21 anos optou por assinar pela Juventus, que se disponibilizou a pagar 12,5 milhões de euros ao Vitória SC. Se por um lado fica a sensação de que o Sporting fez bem em não entrar num leilão por um atleta com tão pouca experiência, por outro existe a questão de que o jogador conta com um elevado potencial e que encaixaria perfeitamente no plano de jogo utilizado em Alvalade. Isto além de conhecer totalmente Rui Borges, responsável pelo seu lançamento no D. Afonso Henriques. Nota para o facto de Alberto Costa nem ter sido inscrito pelo conjunto de Turim na Champions League.
Hugo Viana virou-se para o mercado espanhol, que tem dado muitos frutos ao Sporting, negociando o nome de Andrés García, que atuava no Levante, da La Liga Hypermotion. Tal como no caso de Alberto Costa, os leões perderam o jogador na linha de meta, ultrapassados pelo Aston Villa, com Unai Emery a telefonar ao jogador para o convencer a rumar a Birmingham, por sete milhões e meio de euros, verba que pode aumentar consoante os bónus.
São dois falhanços graves do diretor desportivo, que viu-se ‘obrigado’ a manter Iván Fresneda, que poderia ter rendido 10 milhões de euros ao Sporting. Recentemente foi noticiada uma abordagem por Gaizka Larrazabal, lateral direito do Casa Pia, mas pouco mais se sabe do caso.
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🏆🏆🏆 Taças da LigaObrigado por todos estes anos de Dedicação. Boa sorte, Hugo Viana! 🦁
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Hugo Viana tampouco conseguiu colocar Vladan Kovacevic, o terceiro da hierarquia, deixando esse tema para Bernardo Palmeiro (e Flávio Costa), que o emprestou ao Légia, mas que fez com que Rúben Vinagre se transferisse em definitivo para o conjunto polaco.
O antigo médio pareceu desatento neste mercado, podendo estar mais concentrado na situação do Manchester City, já que até foi visto com Txiki Begiristain, numa fase em que devia estar focado no Sporting. Os reforços que chegaram vêm completar lacunas, mas se Rui Silva foi a opção A, o mesmo não se pode dizer de Biel, que rompe com a política de transferências da turma de Alvalade nos últimos anos. O brasileiro nunca se destacou por um largo período de tempo no Bahia e os oito milhões de euros investidos parecem um exagero.
Biel destaca-se sobretudo a atuar por dentro. Na minha opinião, apesar de estar inserido num contexto taticamente menos rigoroso, onde a linha defensiva e a linha média permanecem demasiado distantes, criando um grande espaço entre linhas, consegue tirar pic.twitter.com/lrVoiW3GKO
— Sporting Things (@Sporting_Things) February 2, 2025
No entanto, tudo isto não apaga a boa imagem que Hugo Viana deixa do Sporting, sendo um dos grandes responsáveis para o regresso do sucesso ao clube. Foram sucessivos os bons mercados realizados nos últimos anos, montando uma equipa forte, com uma base sólida, como há muito não se via do lado verde da Segunda Circular. Criou-se um projeto na essência da palavra e parte do mérito é do antigo médio. O seu bom trabalho é que o levou ao Manchester City, onde terá a missão de colocar a turma inglesa de volta à rota dos títulos, depois de uma época que tem sido bem abaixo do esperado.
Pedia-se um pouco mais de empenho neste último capítulo. Se o mercado de verão ficou marcado pela insistência injustificada em Fotis Ioannidis, apesar de chegada de Conrad Harder, o de inverno não é visto de uma melhor maneira, com uma série de negócios falhados e com um plantel a ficar apenas com Iván Fresneda como capaz de desempenha a função de lateral direito, o que mostra desleixe.
Está colocado o ponto final nesta história de Hugo Viana no Sporting e resta apenas um elemento da tríade que levou a equipa aos mais recentes títulos. Veremos quem no futuro se sairá melhor.