Astana: No Cazaquistão o Sporting tem de mandar nos que lá estão!
Sorteio: quando os extremos se tocam
Calhou em sorte ao Sporting fazer aquela que será provavelmente a viagem mais longa em provas europeias: deslocar-se do extremo sudoeste da Europa até ao transcontinental e longínquo Cazaquistão. Sim, é verdade, é por uma pequena faixa na margem direita do Ural, o rio que separa a Europa da Ásia. A grande parte do seu território fica já no grande continente asiático, onde o país dos cazaques vai recolher uma parte substancial da sua identidade e costumes.
Uma lição de geografia
A única lição que mereça a pena retirar talvez seja a de geografia. Porque a de futebol estima-se que seja leccionada pelo Sporting, pelos diferença de galões. Mas a pior forma de abordar esta eliminatória seja mesmo essa: a da sobranceria de pensar que os galões serão suficientes para seguir em frente. Exemplos ainda bem recentes de que pode não ser bem assim devem por o clube de sobreaviso.
Um pesadelo logístico
Já foram sobejamente citadas as enorme distâncias a percorrer pela equipa para chegar a Astana, uma capital desenhada e construída de encomenda, como só os petrodólares permitem alcançar. Felizmente há já no clube conhecimento de experiência feita, uma vez que no ano passado a equipa de futsal do Sporting se deslocou a Almaty para disputar a respectiva final europeia.
Agora o esforço é acrescido pelo maior número de pessoas a deslocar e onde à chegada a podem recepcionar temperaturas negativas que só conhecemos de ouvir falar. E quando se diz negativas o plural é amplamente justificado: é comum que quer a máxima e a mínima andem sempre abaixo de zero nos termómetros.
Pior ainda será satisfazer a necessidade de observação do adversário. Uma tarefa complicada, uma vez que neste momento o campeonato vive a sua pausa de inverno, que é também o final do campeonato. Este só se inicia em Março e nem sequer se consegue antecipar qual será o plantel adversário porque, entretanto, o mercado voltará a fervilhar e não parece que dinheiro ali seja um problema.
Nem tudo é desvantagem. Quando a eliminatória se disputar os cazaques estarão ainda na pré-época, ao passo que o Sporting estará já em velocidade de cruzeiro, provavelmente até já mais equilibrado, se conseguir ser assertivo na reabertura de mercado. E não se pode dizer que o calendário seja particularmente complicado no momento em que as equipas se encontrarão em Fevereiro:
Dia 11: Feirense (c)
Dia 15: Astana (f)
Dia 18: Tondela (f)
Dia 22: Astana (c)
Dia 25: Moreirense (c)
O adversário, tanto quanto se conhece hoje
A primeira nota de interesse relativamente ao Astana é o facto de o futebol português ser tudo menos desconhecido para o seu treinador. Stoilov, de seu nome, era médio e, em meados dos anos 90, teve uma passagem rápida e discreta pelo Campomaiorense durante duas temporadas. Dividiu o balneário com Beto, Paulo Torres, Jimmy Hasselbaink, entre outros.
A equipa orientada por Stoilov é marcada pela veterania e elevado índice físico atrás. O guarda-redes Nenad Eric (35 anos) tem menos tempo de jogo (10 jogos) na época que o seu colega Alexandr Mokin (24 jogos) mas foi ele o titular nos últimos jogos da actual campanha europeia. Tem quase dois metros de altura, no que é muito bem acompanhado pelos homens que habitualmente pontuam à sua frente, ao centro da defesa: Logvinenko (1,87m) e Anicic (1,92m). Não são contudo um exemplo de fiabilidade. Até os laterais (Shitov e Shomko) não descem abaixo dos 1,85m. Shomko, à esquerda, é indiscutivelmente o melhor dos dois, é rápido e dá bastante profundidade ao flanco.
Na intermediária sobressaem Grahovac (bósnio) e o Maewski (bielorrusso), dois médios defensivos que equilibram, seguram e são muito criteriosos com a bola nos pés. Na frente o jovem Twumasi (23 anos) e o experiente Kabananga (28 anos) trazem a velocidade, imprevisibilidade e fantasia africanas e também golos. Dezanove o primeiro e treze o segundo só este ano, sendo curioso e avisado assinalar que o central Logvinenko tem quatro golos no seu pecúlio e oito para Grahovac, o que é interessante para a sua posição.
O Astana joga habitualmente com quatro defesas, variando depois o número e funções nos jogadores mais adiantados. Mas não hesita em recorrer a um preenchimento diverso quando Stoilov entende ser útil para a sua estratégia. Por exemplo, com o Villareal chamou Egveny Postnikov para o lado dos centrais habituais, jogando assim com 3 centrais, mas sem grande sucesso (2-3). Porém resultou muito melhor com o Macabi em Israel (0-1). É uma equipa que, conhecedora das suas potencialidades, não vive obcecada pela posse de bola, privilegiando as rápidas e venenosas transições para chegar à frente.
Por tudo quanto envolve esta deslocação – a distãncia, o desconhecido, etc – esta eliminatória tem tudo para ser dificil e complicada. Por isso, quando chegar a hora do jogo o Sporting tem de se mentalizar que naquele relvado, no Cazaquistão, vai ter que mandar nos que lá estão.
One comment
Nurlan
Dezembro 16, 2017 at 3:49 am
Esta uma “pequena faixa”,da Europa com tamanho,- Espanha com junto Portugal?