É a Academia de Alcochete ainda importante para o Sporting?

José DuarteJunho 22, 20185min0

É a Academia de Alcochete ainda importante para o Sporting?

José DuarteJunho 22, 20185min0
A saída de Jorge Jesus, a crise financeira do Sporting CP e a chegada do novo treinador vai forçar o uso de jogadores da Academia de Alcochete mais uma vez?

Quando Bruno de Carvalho, Augusto Inácio (o homem para o futebol) e Virgílio Lopes (responsável pela Academia de Alcochete) chegaram ao Sporting em 2013 o clube dispunha nos seus quadros um lote de jogadores sub-23 constituído por Vitor Golas, Santiago Arias, Tiago Ilori, Cédric, Pedro Mendes, Nuno Reis, Fokobo, João Mário, Erik Dier, Zezinho, Ricardo Esgaio, Betinho, Iuri Medeiros, Bruma, Ruben Semedo, Filipe Chaby, Wallyson, Carlos Mané, André Carrillo, Zakarias Labyad, Martin Viola, Gael Etock, Diego Rúbio.

A lista nem é exaustiva, ficam de fora outros tantos nomes com a mesma relevância, quer sejam formados desde muito “novinhos” ou que chegaram a Alcochete com 16/18 anos.

Desse lote de jogadores que compunham a equipa B alguns acabaram por ser determinantes para que o vergonhoso sétimo lugar não fosse ainda pior. Nomes como Ilori, Dier, Bruma acabaram por se salientar sobre outros que o clube de Alvalade tinha contratado (no tempo de Godinho Lopes) a peso de ouro e que, quando mais deles precisavam, falharam. Juntaram-se a Patrício, Adrien e mais tarde William Carvalho.

Passados cinco anos, depois dos elogios recebidos por ser do Sporting a espinha dorsal dos campeões europeus de 2016, o clube continua a ser o responsável pela formação da maioria dos jogadores da selecção presente no Campeonato do Mundo na Rússia (para mais ver este artigo do Fair Play publicado no 24SAPO: Quem é o clube português mais representado no Mundial).

Durante este período o clube viu chegar aos seus quadros um extenso rol de “reforços” com destino à equipa B, a ver:

2013: Ousmane Dramé, Everton Tiziu, Samba, Lewis Enoh, Matías Pérez, Hugo Sousa, Diogo Sousa, Mama Baldé, Tiago Palancha, Paulo Lima, Ronaldo Tavares, Jefferson Encada, Janilson Fernandes, Al Hassan Lamin, André Serra

2014: Jorge Silva, Hadi Sacko J Ivanildo Fernandes, Aya Diouf, Paulo Borges, Zhang Lingfeng, David Tavares, Rúben Varela, Luís Elói, Gil Santos, Jovane Cabral, Bernardo Moura, Rafa Benevides, Olávio Gomes, Diogo Barbosa, José Correia, Abou Touré, Abdoulaye Dialló, Ever Peralta, Bruno Pais, Khadime Ndiaye, Bruno Wilson, Jorge Santos, Sérgio Santos, Muhamed Djamanca, Luis Caicedo

2015: Murilo de Souza, João Coelho, João Pedro Ricciulli, Gabriel Pajé, Francisco Sousa, Zé Pedro Oliveira, Bruno Fernandes, Sérgio Félix,

É pois notório a menor confiança nos jogadores com percurso sustentado nas categorias de base, em favor dos jogadores oriundos do exterior, uma das bases de sucesso da escola sportinguista.

Poucos são os jogadores aproveitados para o plantel principal, tendo a sua maioria passado pelo clube de forma meteórica. Para isso também terá contribuído de forma decisiva a passagem pelo clube de Jorge Jesus e da alteração significativa da fonte e do perfil de recrutamento para a equipa principal.

Apenas Gélson Martins e Ruben Semedo sobreviveram à mudança, passando no apertado crivo. Palhinha, Geraldes, Matheus Pereira, Ryan Gauld, pouco ou nada participaram no Sporting CP desde a chegada de JJ ao clube.

Rafael Leão, outra aposta de Jorge Jesus, “nasceu” de uma urgência de falta de avançados, subindo da equipa B (o seu fim terá sido uma aposta, como já tínhamos falado: O Fim das Equipas B?) para a equipa principal. Não foi uma boa aposta? E seria o único na formação secundários dos Leões para ascender a este nível?

Por força da necessidade que a nova realidade económico-financeira acabará inexoravelmente por impor, a formação voltará a merecer maior atenção.

Siniša Mihajlović, apresentado como um treinador que gosta de apostar em jovens jogadores, terá inevitavelmente que olhar atenção para Palhinha, Geraldes, Matheus Pereira e Mané, sendo um treinador rígido, exigente e que puxa pelos níveis de confiança da equipa.

Além desses nomes incontornáveis, que outros poderão constituir opções válidas para o treinador sérvio?

Depois da equipa B ter sido a primeira e a única das três grandes a descer de divisão e se avançar para um novo projecto, a equipa sub-23 conterá no seu interior valor ao nível das exigências para uma primeira divisão e um candidato ao titulo, estatuto do qual o Sporting nunca se poderá desvincular?

Tem a palavra a juventude e a irreverência os “meninos” abaixo listados e que constituem a equipa que o Sporting irá apresentar no recém-criado campeonato sub-23. Esta é a listagem para já oficial:

Guarda-redes
Stojkovic e Diogo Sousa

Laterais direitos
Thierry Correia e João Oliveira

Laterais esquerdos
Abdu Conté e Echedey

Defesas centrais (e médios?)
Tiago Djaló, Demiral, João Queirós, Tomás Silva, Miguel Luís, Mitrovsky, Nuno Monteiro

Extremos
Elves Baldé, Marcos Túlio, Jovane Cabral

Avançados
Diogo Brás, Pedro Mendes, Pedro Marques e Leonardo Ruiz.

Deverá o Sporting reverter alguma da sua preocupação para a promoção de jovens no plantel principal? Terá o clube perdido parte da sua identidade nos últimos anos? Ou um plantel muito jovem pode tirar algum impacto físico e mental aos jogos mais complicados?

A força da Academia (Foto: Lusa)

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