Só custou 3 Euros
2017, 2022 e, em breve, 2025 – são estes os anos em que Portugal teve, e terá, a honra de participar nos Campeonatos da Europa Femininos de Futebol. Países Baixos, Inglaterra e Suíça, são os países que entrarão na história do futebol feminino português, como os 3 primeiros que a seleção nacional feminina visitou, e visitará, como parte integrante das equipas nacionais que disputaram (e disputarão) a fase final do respetivo campeonato da Europa.
A seleção nacional portuguesa consegue, após os dois jogos disputados contra a sua congénere da Chéquia, conquistar a terceira presença consecutiva numa fase final de um Europeu, os três primeiros em que marca presença – um feito de enaltecer, sem qualquer dúvida, e que esperamos que se torne rotineiro. Contudo, nem tudo foram rosas no percurso da seleção nacional, que disputou ambos os jogos decisivos como que a “meio gás”, dadas as exibições a que nos tem vindo a habituar nos tempos recentes. 10 jogos disputados, 8 vitórias e 2 empates, marcaram o percurso das “navegadoras” (lamento, não me consigo habituar ou aceitar este termo) que, a olho nu, e dado o ainda curto histórico da seleção nacional junto da elite mundial, parece de enaltecer (e não deixa de o ser). No entanto, a exigência atual, em termos de resultados e, principalmente, de exibições, não é a mesma de há uns anos, e isto “só custou 3 Euros”! Ora vejamos o exemplo mais recente…
O primeiro jogo contra a Chéquia, em casa do Dragão, marcou um momento “absurdo” naquela que é a história do futebol feminino em Portugal – 40.189 espectadores, fãs acérrimos, marcaram lugar no primeiro dos dois jogos decisivos, e fizeram-se ouvir e sentir durante todo o encontro. Mas a satisfação destes adeptos não foi total – exibição morna, com o empate a prevalecer no final do encontro, e a “chutar” a decisão para casa do adversário. Fizeram-se ouvir algumas críticas, vindas dos adeptos que acompanham a seleção e o seu crescimento há largos anos, e muitas delas, bem fundamentadas. Na verdade, todos ficámos com a mesma sensação – esta equipa é capaz de melhor, de muito melhor! Jogadoras totalmente profissionais, várias a jogar nas melhores ligas do mundo (Espanha, Estados Unidos), condições de treino e de recuperação altamente profissionalizadas, com um staff técnico também ele altamente profissionalizado, pediam mais qualidade de jogo. A qualidade das jogadoras é tremenda, e tem incrementado bastante ao longo dos últimos anos, sendo reconhecida por todos os que viram e veem futebol jogador por mulheres em Portugal.
Neste momento, o crescimento do futebol feminino é cada vez maior, e com ele está a crescer a exigência do adepto, que já não se contenta com o “ao menos não fomos goleadas”. Esta é uma grande, e boa, consequência deste crescimento que todos apregoam. O elevado grau de exigência do adepto é apenas a consequência do bom trabalho desenvolvido até ao momento. E este bom trabalho não pode parar por aqui – o sucesso leva a que ainda mais trabalho tenha de ser feito, de forma a ser capaz de o manter. Só assim se evolui.
Portanto, para os adeptos, a seleção e as jogadoras nela integradas têm que jogar mais e melhor, a equipa tem de jogar mais e melhor, tem de existir maior ambição em campo, mais personalidade, mais coragem, mais irreverência! Se o somos capazes de concretizar contra as grandes seleções mundiais, por que raio não somos capazes de o fazer contra seleções do mesmo nível (teórico)?! Há a sensação de que falta sempre algo, que ninguém sabe bem explicar o que é…
E é esta a questão que fica no ar…
A qualidade e o potencial estão lá, basta não termos receio de o trazer cá para fora, em todos os momentos competitivos! É esta a exigência que apenas custou 3 Euros (e um mundial)!
Parabéns à nossa seleção, por mais uma enorme conquista! Parabéns pelo vosso trabalho, pela vossa dedicação, pela vossa (que é tanto nossa) luta incessante pelo lugar da mulher no desporto!
Rumo à Suíça!
“Fazer Forte Fraca Gente”