Selecção Nacional: regressos para garantir o apuramento?
André Silva, Bruma, Pepe, Ricardo Pereira, João Mário, Rúben Semedo são as grandes novidades de Fernando Santos, aproveitando para reforçar a selecção Nacional com jogadores em boa forma, prescindindo de Daniel Carriço, Daniel Podence, Renato Sanches, Ferro e João Cancelo, alimentando as escolhas com uma dose de vitaminas de qualidade.
Com o Luxemburgo já bem no horizonte de Portugal (11 de Outubro pelas 19h45 no Estádio da Luz), é sobretudo no encontro com Ucrânia (14 de Outubro 14h00) em Kiev que subsistem as maiores preocupações, pois um resultado negativo pode criar um distanciamento pontual do 1º e 2º lugar impossível de alcançar e esse cenário não vai de encontro às expectativas dos actuais 5º classificados do ranking mundial da FIFA.
Por isso, o que esperar do adversário da Europa do Leste? E o que as novidades nos 25 convocados podem revelar das pretensões ofensivas/defensivas da estratégia de jogo de Fernando Santos? Uma análise curta aos encontros de Portugal neste Outubro de 2019!
LUXEMBURGO “FÁCIL” MAS SERÁ A UCRÂNIA ACESSÍVEL?
Se os luxemburgueses não serão uma especial dor-de-cabeça, ainda por mais porque o jogo terá lugar em Lisboa, a Ucrânia tem pontos que podem criar alguma celeuma e problemas ao pragmatismo táctico e objectividade ofensiva dos comandados de Fernando Santos.
Lembrar antes de mais que os ucranianos de Andriy Shevchenko não consentiram qualquer derrota nos 5 jogos já realizados nesta corrida para o Campeonato da Europa, mostrando um equilíbrio defensivo calibrado ao ponto que só consentiram 1 golo nesta campanha, apresentando desde logo um obstáculo ao ataque liderado por Cristiano Ronaldo: furar um bloco defensivo excelentemente articulado, que não se precipita na circulação de bola e na leitura das movimentações do adversário, fechando bem os passes e combinações curtas.
Kryvtsov e Matvyenko são os centrais permanentes da Ucrânia e é normal que assim seja, uma vez que ambos compõem a mesma combinação a nível de clube ao serviço do FC Shakhtar Donetsk de Luís Castro. Esta harmonia e conhecimento partilhado da dupla permite e oferece uma plataforma estável e trabalhada à selecção do leste europeu, tratando-se de um dos pormenores essenciais para o sucesso actual de Schevchenko e companhia. Em termos de laterais encontramos situações diferentes: enquanto à direita a titularidade tem saltado de Karavayev e Bolbat (4 e 1 jogos a titulares), já a esquerda tem sido dominada por Mykolenko, o novo diamante do futebol ucraniano.
Mykolenko é um dos maiores perigos ao corredor esquerdo português, pois a combinação de um movimentação ágil e uma leitura eficiente e expedita dos comportamentos dos jogadores contrários torna-o um perigo permanente na recuperação de bola e ataque lançado no corredor ofensivo. Por fim, Andriry Pyatov é o veterano guardião que apresenta bons índices de resposta na saída dos postes e no dar uma voz de comando coerente e de alta liderança.
Não tirando mérito ao meio-campo de fino calibre (Stepanenko, Zinchenko e Malinovskiy montam uma linha lógica e de utilidade) e ao ataque incisivo, é na defesa que está a chave-mestra da Ucrânia de Shevchenko, e será interessante perceber como poderá Portugal quebrá-la e abrir a porta para alcançar o 1º lugar do grupo.
ANDRÉ SILVA VOLTA PARA SER TITULAR? E COMO PODE JOÃO MÁRIO COMBINAR NO MEIO-CAMPO?
Para desbloquear a defesa da Ucrânia e conseguir fazer um resultado amplo contra o Luxemburgo, o que pode Fernando Santos “inventar”? A chamada de André Silva pode reforçar a ideia de um regresso à combinação entre Cristiano Ronaldo, Bernardo Silva e André Silva como o trio de perfuração à baliza contrária. Existe claro a questão Gonçalo Guedes e João Félix, sendo que pode ser o avançado do Atlético Madrid a surgir como peça também no tal tridente do ataque luso. Na alimentação ao emparelhamento ofensivo ficam as várias dúvidas (novamente) de quem vai compor o meio-campo.
Para o jogo da Ucrânia, será não só necessário uma carga física imponente mas também, e especialmente, terá que surgir um capricho técnico e de capacidade de criação de linhas de passe eficazes que não caiam especialmente no tipo de futebol de desmantelamento praticado pelos ucranianos. Ou seja, Danilo Pereira, William Carvalho e Bruno Fernandes podem ser a solução mais interessante, até porque Pizzi está em clara queda em termos de forma física, e João Moutinho é um médio mais para “estancar” durante os últimos 30-35 minutos de jogo. Como sempre, poderemos vir a encontrar outras variantes do “miolo” das Quinas, com Rúben Neves e João Mário a terem qualidades apetecíveis para um jogo mais dinâmico, rápido e tecnicamente mais de acerto.
Em relação à combinação defensiva, a dúvida vai mais uma vez para quem vai sentar no banco de suplentes com o regresso de Pepe ao centro da defesa. Recairá a escolha em Rúben Dias ou José Fonte? Rúben Semedo poderá vir a efectuar a sua estreia pelas Quinas, naquilo que é um caso de superação depois de dois anos confusos e de várias atrapalhações extra-futebol que colocaram várias reticências na carreira do ex-Sporting Clube de Portugal.
No lado esquerdo tudo continua imutável, com Raphael Guerreiro a ser o lateral-esquerdo absoluto e Mário Rui o suplente do defesa do Dortmund. João Cancelo deixou de contar como solução à direita e ficou de fora dos convocados, lembrando que o lugar de lateral-direito no 11 titular está completamente tomado por Nelson Semedo e Ricardo Pereira vem como “sombra” do defesa do FC Barcelona. Na baliza tudo igual com Rui Patrício, Beto e José Sá, ficando a dúvida no ar se o guardião do Olympiakos vai ou não finalmente fazer a sua estreia por Portugal.
Observando este “quadro-geral” de opções, os onze titulares para a Ucrânia deverão ser: Rui Patrício, Raphael Guerreiro, José Fonte, Pepe, Nelson Semedo, Danilo Pereira, William Carvalho, Bruno Fernandes, Cristiano Ronaldo, Bernardo Silva e João Félix. Num sentido mais arriscado, Rúben Neves pode aparecer no lugar de Danilo Pereira, João Mário como médio mais avançado e André Silva no centro do tridente atacante, mas seriam demasiadas trocas num curto espaço de tempo para um treinador estratégico como é Fernando Santos.
Conseguirá Portugal somar mais 6 pontos em dois jogos e dar um passo praticamente decisivo no apuramento para o Europeu 2020? Ou os ucranianos voltarão a causar problemas na produção ofensiva portuguesa?