Selecção Nacional: 4 potenciais nomes para Portugal após o Euro 2020
Portugal garantiu acesso a mais um Campeonato da Europa de futebol, podendo assim defender o seu título de campeões do Velho Continente nas 12 cidades que vão receber a competição em 2020. Fernando Santos, o “Engenheiro” do título, vai somar o seu terceiro evento como seleccionador português podendo atingir os 75 jogos ao serviço das Quinas… mas quem se seguirá após o Euro 2020?
Apresentamos quatro propostas para o lugar, com o “como” e os “porquês”! Quem poderia constar nesta lista?
JOSÉ MOURINHO
Um dos melhores treinadores do século XXI, José Mourinho está sem projecto prolongado neste momento, procurando novo clube para servir e dar sequência a uma carreira recheada de títulos, recordes e mudanças de paradigmas na estratégia de jogo. O antigo treinador do FC Porto, Inter de Milão, Real Madrid, Chelsea, Manchester United (conquistou troféus por todos estes clubes) nunca escondeu o interesse de vir a treinar as Quinas em mais do que uma entrevista, mas lembrou sempre que esse momento só seria pensado numa fase avançada da carreira… passaram já vários anos desde o dia em que se sentou no banco de suplentes pela primeira vez (Setembro de 2000) e 2020 poderá ser perfeitamente o momento em que José Mourinho avance para o serviço à Selecção Nacional.
Mas, que valências o treinador campeão europeu de clubes por duas ocasiões pode trazer? Intensidade, agressividade defensiva, lógica de jogo, postura de exigência e moldagem de um estilo de jogo eficiente apesar de não ser vistoso ou espectacular. José Mourinho gosta de trabalhar com plantéis que misturam experiência e juventude, procurando atletas já bem lapidados para dar o salto a nível internacional ou continuar a sua rota de afirmação.
Os maiores problemas para Mourinho vingar ou assinar pela Selecção Nacional são dois: ordenado e confrontação com os jogadores-estrela. A relação com Cristiano Ronaldo, por exemplo, nunca foi a melhor, com algumas trocas de palavras e críticas… porém, e neste caso, Mourinho tem feito uma aproximação em elogios ao astro português naquilo que pode ser uma mea culpa pelo passado recente. José Mourinho gosta de elevar os seus jogadores, mas também gosta de criticá-los numa tentativa de os “sacudir” e esperar uma reacção excepcional dos mesmos. O salário a auferir nunca poderá vir a ser algo “baixo” e caberá à Federação Portuguesa de Futebol reflectir se a aposta financeiramente alta num activo como José Mourinho será interessante ou não para o futuro da selecção.
VÍTOR PEREIRA
Não tem tido uma carreira fantástica, mesmo tendo conquistado o título de campeão da Chinese Super League em 2018, mas não seria errado pensar no nome de Vítor Pereira para assumir o cargo de seleccionador de Portugal, até porque tem uma panóplia de qualidades que valorizam o seu trabalho enquanto treinador: estratégia defensiva de consolidação e compacta, contra-ataque letal e estabelecido em princípios lógicos e complicados de fazer frente, colectivo em primeiro lugar e capacidade de montar um ataque eficaz.
Não é um estilo de jogo fantástico, nem se prima por fazer as bancadas aplaudirem de forma constante, mas é garantido que com os actores certos fará a diferença em jogos esporádicos como os acontecem com selecções nacionais. Confere um sentido de trabalho profundo aos atletas e mostra-se altamente competente nas ligações humanos com os seus activos.
Treinador emotivo e ao mesmo tempo racional, é um técnico que defende os atletas até ao limite, dando uma certa “vida” à comunicação e expressão dentro e fora das quatro-linhas. Mais uma vez, pode não ter tido um sucesso imenso por todos os clubes que representou, mas o trabalho feito no FC Porto (bicampeão português), Olympiakos e SIPG são boas referências sem dúvida para alguém que conhece bem o futebol português.
LEONARDO JARDIM
Um formador de jovens atletas, um treinador que consegue aguentar casas a “arder” para as elevar a um estatuto de qualidade total e um vencedor que ajudou o AS Monaco a levantar o título de campeão de França, impondo-se no meio do “império” do Paris Saint-Germain no século XXI… este é Leonardo Jardim. O actual técnico do emblema do principado, tem um conhecimento profundo do futebol em Portugal, seja da Liga NOS ou do trabalho realizado nas academias, procurando sempre em “capturar” jogadores jovens para as equipas sob seu comando.
Com os jogadores certos, o antigo técnico do Sporting CP, é capaz de estabelecer uma estratégia de jogo dominante e de futebol rápido, recheado de pormenores brilhantes e uma postura intensa e mágica, enchendo os relvados de forma categórica. Foi assim naquele AS Monaco fantástico de Bernardo Silva e Kylian Mbappé ou no Sporting CP de 2013/2014 – onde só somou 4 derrotas em 35 jogos – e não deverá ser muito diferente por todas equipas que venha a treinar.
É um técnico de categoria mundial, o que leva à grande questão: tem a FPF margem de manobra para convence-lo a desistir da carreira enquanto treinador de clubes e passar a seleccionador? Leonardo Jardim sabe montar uma estrutura técnica de franca qualidade e seria útil a sua contratação pela a instituição que preside ao futebol em Portugal.
FERNANDO SANTOS
Não seria impossível que Fernando Santos renovasse o vínculo no final do Europeu, dependendo claro do resultado final… se conseguir o bicampeonato é mais que normal que se queira a sua manutenção enquanto o líder das Quinas; caso consiga ir até às meias-finais, seria aceitável a renovação de contrato, até porque tem lançado vários jogadores nestes últimos 5 anos como seleccionador português, para além de ter conferido estabilidade emocional e uma identidade ao jogo português.
A maioria do público não aprecia a forma calculista e, por vezes, desinteressada como Portugal pega no jogo ofensivo, mas a verdade é que em 71 jogos, garantiu 45 vitórias, perdendo só por 12 ocasiões, mais 14 empates… 146 golos marcados e apenas 59 sofridos, tendo estado presente no Campeonato da Europa de 2016, a Taça das Confederações em 2017, Mundial de Futebol em 2018 e a Liga das Nações em 2019, conquistado dois títulos em quatro possíveis pelo caminho.
É o treinador português com melhor percentagem de vitórias no século XXI (só Humberto Coelho o supera, mas a estadia do actual vice-presidente da FPF foi curta, estranhamente) e conseguiu lançar quase 40 jogadores nas Quinas nestes cinco anos de ligação à FPF, tendo recuperado jogadores como Ricardo Quaresma, Manuel Fernandes, entre outros que deixaram de servir a selecção nacional com outros seleccionadores.
Nunca fugiu das críticas e também nunca se elevou como o principal catalisador do recente sucesso de Portugal, preferindo estar mais na sombra quando “ganha” e dar o corpo às balas quando o momento não é o melhor. É o epíteto do “cala e trabalha”, um autêntico comandante de homens que não conseguindo aceitar um futebol de alto risco, não deixa de tentar impor uma identidade própria a Portugal.