A renovação tática do SC Braga e a chegada de Ricardo Sá Pinto!
Artigo escrito por Gonçalo Faria
O experiente Ricardo Sá Pinto, de 46 anos, voltou ao país Natal para liderar o comando técnico do SC Braga, no dia 3 de julho. O português liderava o Legia Varsóvia, clube polaco que disputava a primeira liga, onde alinhou em 28 encontros. A última passagem por terreno luso foi em 2015, liderando “Os Belenenses SAD”, onde comandou por 26 partidas.
O presidente dos Minhotos, António Salvador, modificou toda a estrutura do clube, de maneira que a vinda do português, e as características incutidas pelo treinador podem conduzir o clube às conquistas competições europeias, bem como à luta pelo título da liga NOS. Inerente à garra de Ricardo Sá Pinto está o futebol ofensivo e agressivo, característica que esteve ausente da equipa alguns anos.
Sá Pinto e os reforços
A recém-chegada do técnico trouxe inúmeros reforços de grande importância que vêm aprimorar o plantel dos vermelhos-e-brancos. As entradas para a defesa foram evidentes, com Eduardo, Diogo Viana, Caju e Wallace a impor robustez física, experiência e habilidade nas tarefas mais recuadas, assim como qualidade no transporte de bola na fase de construção.
De seguida, no setor intermédio, o jovem André Horta regressou ao clube proveniente do Los Angeles FC da MLS, proporcionando, assim, maior criatividade no meio campo, visão de jogo, bem como qualidade técnica principalmente no último passe.
Por fim, a chegada de Rui Fonte, Hassan e Galeno aos bracarenses melhora significativamente a frente de ataque, transportando grande habilidade dentro de área, de tal forma que a criação de linhas de passe e competência de jogar entre as mesmas, facilitando ao Sporting de Braga a aproximação do último terço do terreno. Além disso, e com o intuito de reforçar os corredores, o treinador fez chegar Galeno proveniente do FC Porto. O extremo esquerdo brasileiro, acarreta não só grande habilidade no 1×1 com o adversário, como também velocidade e excelente capacidade técnica no remate.
De acordo com as ideias do líder, a formação vermelha-e-branca está a trabalhar para atuar num esquema tático 4-2-3-1, e jogar não só o futebol curto e apoiado, como também, em transições ofensivas rápidas, um núcleo intermédio muito compacto e por fim, beneficiar do setor defensivo forte fisicamente. No entanto, os jogos que disputaram do início da temporada, variaram entre 4-4-2 e o 4-3-3 com João Novais e Palhinha no meio campo, e os atletas Ricardo Horta e Galeno nos corredores, transportando assim, a equipa para o último terço com velocidade e criatividade no transporte de bola.
Mas afinal, quais as peças importantes no meio campo bracarense?
Embora o técnico ainda não tenha alinhado com uma tática fixa, o bom funcionamento do meio-campo é visível, e consiste no posicionamento de João Palhinha, João Novais e André Horta.
O médio defensivo emprestado pelo Sporting, assume um papel importantíssimo no meio campo, possuindo uma capacidade de antecipação, recuperação de bola e posicionamento de alto nível, evidenciando um registo de “96% de eficiência no passe”, “100% nos duelos ganhos” e novamente “100% nos dribles bem-sucedidos”, garantindo assim um equilíbrio defensivo.
Embora o camisola 60 tenha uma postura de grande rendimento, a criatividade e visão de jogo passam pelos pés de Novais e André Horta. Taticamente, João Palhinha e João Novais aparecem lado a lado e Horta um pouco mais adiantado, porém, isso não acontece permanentemente. O posicionamento do recém-chegado da MLS e do médio ofensivo são alternados durante o jogo formando assim, um núcleo mais dinâmico. Muitas das vezes, aparece o médio Novais a participar na fase de construção, com André Horta a percorrer terrenos mais ofensivos, sendo a ligação com o ataque. O contrário também acontece com regularidade, visto que, jogando João Novais mais adiantado no terreno, os remates de longa distância aparecem com mais frequência, bem como, o surgimento de mais jogadores em zonas de finalização. Demonstra assim, registos de grande qualidade com “86% de eficiência no passe”, “74% em bolas longas”, “67% de recuperações de bolas”, e por último, “85% de dribles bem-sucedidos”.
Na verdade, as mudanças táticas foram evidentes, mas não ficaram por aqui, o alinhamento dos laterais Bracarenses foi modificado com a chegada de Sá Pinto. O técnico prefere jogar com os laterais mais projetados e com movimentos alternados, ora interiores, ora exteriores, atuando assim com mais frequência na fase ofensiva.
Mas, se por um lado, as modificações causaram boas dinâmicas no setor intermédio, por outro, a equipa Minhota não tem a presença necessária na grande área das defesas adversárias. Verifica-se que possuem um défice de jogadores na fase de finalização, ou seja, os números de jogadores dentro de área não são significativos para ocorrer golos. No entanto, isto só acontece quando a referência atacante é Paulinho, uma vez que o camisola 20 não acarreta funções de finalizador possante, mas sim, características de baixar no terreno com o intuito de colaborar nas jogadas, gerando as diagonais dos extremos.
Em suma, as transformações táticas não demonstraram efeito imediato, e desta forma os resultados na Liga NOS estão muito aquém do esperado, não obstante, os resultados para a liga Europa estão cada vez melhores, tendo o SC Braga vencido em terreno Inglês, o Wolverhampton por 1-0. Mas será que a simbiose que Ricardo Sá Pinto pretende fazer, misturando a garra de vencer com a inspiração tática, levará os guerreiros do Minho aos grandes palcos europeus, bem como, o título da liga NOS? – título que os bracarenses desejam ano após ano.