Quais os Problemas por Resolver no Futebol Português?

José Nuno QueirósJulho 29, 20205min0

Quais os Problemas por Resolver no Futebol Português?

José Nuno QueirósJulho 29, 20205min0
Faz sentido termos 18 equipas? A Taça de Portugal ainda é emoção? Para quando uma taça da Liga apetitosa? Todo isto são questões que a liga e a federação não conseguem responder. Mas é urgente que algo seja feito.

O futebol português está longe de ser perfeito. Todos nós sabemos que nunca vamos conseguir competir com o chamado “big-5” a nível de contratações e salários, ou até ao nível da chegada às fases mais avançadas das provas europeias, ainda assim há uma série de problemas que podiam e deviam ser imediatamente corrigidos. Hoje vamos olhar para os erros nas principais competições portuguesas, o campeonato e a taça de Portugal e da Liga.

Número de equipas na Primeira Liga

Atualmente o campeonato português disputa-se com 18 equipas no principal escalão, número que é equivalente à liga Alemã e inferior às restantes 4 ligas que contam com 20 equipas. No entanto este número tem obrigatoriamente que descer. Portugal não pode simplesmente aumentar o número de participantes se depois não consegue responder com competitividade.

Com 18 equipas são vários os casos em que pelo menos 1 delas demonstra não ter capacidade para estar entre os grandes (Aves nesta época; Feirense em 2018/2019; Nacional em 2016/2017; Penafiel em 2014/2015).

A Liga tem que esquecer esta ideia e seguir o exemplo do que fazem as ligas equivalentes à nossa como a Russa, e voltar a ter apenas 16 equipas mas que tenham melhores condições e assim ofereçam maior competitividade. O alargado número de equipas provoca muitas vezes o aparecimento de equipas de baixa qualidade e que usam e abusam do anti-jogo para conseguir contraria os adversários. Nós temos que dar primazia às equipas que jogam bem à bola como Famalicão, Gil Vicente, Rio Ave e Guimarães e evitar que equipas como este Setúbal, Belenenses ou Tondela continuem aqui.

Isto também diminuiria o tamanho da liga em 4 jornadas, algo que imediatamente ajudaria a resolver uma das principais críticas que é o calendário super apertado.

Sorteio da Taça de Portugal

A pergunta aqui é fácil de fazer e todos devem ter a mesma pergunta. Porque mataram o espírito da Taça?

A Taça de Portugal é uma prova com tantas condicionantes no sorteio inicial que nem se percebe quanto daquilo é mesmo aleatório. As equipas da primeira liga só entram na 3ª eliminatória e jogam todas fora (sem possibilidade de jogar umas contra as outras).

Isto não passa de uma enorme ajuda aos clubes poderosos mascarada por uma eliminatória fora que ajuda financeiramente os clubes mais modestos do nosso país. Quem não se lembra do fantástico Porto vs Sporting de 2014/2015? Porque se tirou esta possibilidade?

Esta possibilidade só aumenta a probabilidade das equipas “grandes” passarem à próxima fase (apesar de muitas não o fazerem, mas não deixam de ter todas as condições).

Para pior decidiu-se colocar as meias-finas a 2 mãos. Mais uma medida que mata por completo todas as aspirações dos clubes de divisões inferiores de chegar à final. E ainda acrescenta 1 jogo extra a uma época por si só já bastante preenchida.

Basta ver que desde 2008/2009 (primeiro ano a 2 mãos), nenhum dos 3 grandes perdeu nas meias finais, excepto quando se defrontaram uns conta os outros. E o Chaves foi a única equipa fora da 1ª divisão a atingir uma final neste modelo.

É altura de voltar a entregar a taça aos adeptos e devolver a emoção da taça de que num jogo pode haver uma surpresa, pois todos sabemos que se já é difícil para alguém do 3º escalão ganhar 1 vez a alguém do 1º quanto mais ter que aguentar 2 jogos.

As meias finais da Taça tiveram despedia em grande com um 5-3 num derby. Voltaremos a ver isto a 2 mãos? (Fonte: ZeroZero)

Taça da Liga

Uma competição que teima em não cativar os adeptos desde que surgiu a taça da Liga é uma competição ingrata para quem não terminou nos 4 primeiros lugares da tabela.

Os 4 primeiros classificados tem, por assim dizer, uma via aberta para a final-four da Taça ao serem impedidos de jogar entre eles na fase de grupos. A juntar a isto as eliminatórias anteriores obrigam os 10 clubes finais da tabela a realizar eliminatórias extra que acumulam fadiga, tudo isto para chegarem a uma fase de grupos super condicionada pelo sorteio, para irem a uma final-four desgastante a meio da época por um mísero prémio financeiro e nem uma vaga europeia conseguem trazer.

A pergunta é muito simples. Valerá a pena o esforço de uma equipa pequena para chegar longe na Taça apenas pela glória do troféu?

O último a tentar foi o Moreirense que à custa desse esforço quase hipotecou a permanência na primeira liga (salvou-se por 1 pontinho apenas).

Esta prova nem para os grandes foi aliciante durante muitos anos, passou a ser apenas desde que foi introduzido o modelo de final-four e a ideia que passa é que eles com algum esforço marcam sempre presença nessa final-four.

A juntar a tudo isto a prova é desgastante demais para ser jogada em Janeiro, uma vez que altera todo o calendário do início da segunda volta para as equipas participantes, nomeadamente finalistas. O Sporting que esteve presente nas últimas 3 final-fours teve jogos para esquecer no mês de Janeiro e de Fevereiro, passando a ideia de que boas épocas foram hipotecadas apenas para ganhar um troféu menor.

A festa a meio da época que quase acabava em desilução no final. Inácio por exemplo nem aguentou até ao final. (Fonte: SAPO Desporto)

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