Portugal sub-19: haja o que houver, eles estão aqui (para ficar)

Bruno Costa JesuínoJulho 15, 20196min0

Portugal sub-19: haja o que houver, eles estão aqui (para ficar)

Bruno Costa JesuínoJulho 15, 20196min0
Os sub-19 de Portugal entraram no Europeu a dar cartas, com uma goleada imposta à Itália. Novos nomes, mesma intensidade e melhores resultados. A análise do Fair Play ao grupo seleccionado por Filipe Ramos

Três golos sem resposta à candidata Itália e finalista do último europeu. Portugal, campeão em título na categoria, não deu qualquer hipótese e o resultado só surpreende que não viu o jogo, tal foi a diferença qualidade apresentada pelas duas equipas. Mais um ou dois golos portugueses adequavam-se bem, tendo em conta o domínio e as oportunidades flagrantes criadas pela seleção lusa. Haja o que houver, eles estão aqui (para ficar).

Uma das melhores palavras para definir este grupo é maturidade. Ainda por mais, uma equipa privada de seis titulares, que ficaram nos seus clubes a lutar por um lugar no plantel principal e que foram figuras na seleção durante a qualificação: Pedro Álvaro (defesa central), Nuno Tavares (defesa esquerdo), Tiago Dantas (médio centro), o capitão Romário Baró (médio centro), Rafael Camacho (extremo/avançado), e Pedro Neto (extremo/avançado). Além da lesão de última hora de Umaro Embaló.

A jogar no habitual sistema 433, Gonçalo Cardoso, o jogador do grupo com maior experiência de primeira liga, entrou diretamente para o eixo defensivo. Na lateral esquerda, Tiago Lopes, que cumpriu muito bem a sua função. Vítor Ferreira e Fábio Vieira, que tiveram um papel mais ‘secundário’ na qualificação, tinham a difícil missão de substituir os criativos Romário Baró e Tiago Dantas. Foram provavelmente os dois melhores em campo, enquanto João Mário e Félix Correia, entraram para o tridente ofensivo.

Estes seis, juntaram-se aos habituais titulares: Celton Biai, Tomás Tavares, Gonçalo Loureiro, Diogo Capitão e Gonçalo Ramos.

Esta é a nossa análise ao como joga este renovado Portugal sub-19

TITULARES: O QUE TROUXERAM E QUEM SÃO

Lá atrás muito mais que um guarda-redes. Um autêntico líbero que não se intimida a jogar com os pés. Celton, exímio no controlo da profundidade, fez ainda uma espetacular assistência para o segundo golo. Muito seguro entre os postes, fez uma excelente defesa na primeira parte num livre directo dos italianos. Faz lembrar alguém? A sua personalidade e postura em campo faz lembrar Éderson.

Tomás Tavares é um daqueles laterais que facilmente conseguimos imaginar em outras zonas do campo. Alto, esguio e sem a rapidez normalmente associada a um jogador da posição, demonstra uma excelente inteligência posicional e um grande à-vontade a sair a jogar. Não faz os raides tão característicos de um lateral direito, mas traz muitas soluções à equipa, principalmente através do seu jogo interior. No lado oposto, um lateral com um perfil mais convencional. Não esteve nos jogos de qualificação, mas neste jogo mostrou que podem contar com ele. Deu equilíbrio ao seu flanco e transmitiu confiança à toda equipa.

Depois de uma dupla de Diogos na geração anterior, o eixo-defensivo é composto por dois Gonçalos. Loureiro, um central robusto, rápido e forte nos duelos individuais. Ao seu lado, Cardoso, que conta já com mais de uma dezena de jogos na primeira liga. Muito forte na antecipação e tem mostrado apetência para o golo. Foi ele a abrir o marcador.

Como médio mais defensivo, o discreto Diogo Capitão. Não sendo o mais vistoso, é indispensável para o equilíbrio de toda a equipa, jogando mais fixo dá liberdade, ora as às subidas dos laterais, ora aos outros médios. Com mais liberdade, mas igualmente importante para a segurança da equipa: Vítor Ferreira. Um jogador muito equilibrado, com boa meia distância e que brilhou recentemente no Torneio do Toulon, tendo sido inclusive eleito o jogador revelação do certame. Fundamental na forma como Portugal se manteve dominador, personalizado e intenso durante praticamente todo o jogo.

Mais criativo, Fábio Vieira, um jogador que a camisola 10 lhe assenta que nem uma luva. Com um toque de bola diferenciador, muito do jogo ofensivo passou pelos seus pés, com várias aberturas ao melhor estilo de um ‘maestro’. Podia ter marcado, numa arrancada em que passa por três jogadores e dispara, fora da área, rente ao poste, e já dentro da área, com um remate que saiu à figura do guarda-redes italiano. Numa exibição muito positiva de toda equipa, Fábio foi provavelmente o melhor em campo, bem ladeado pelo companheiro Vítor e pelo desequilibrador Félix Correia.

Extremos. Aquela posição onde Portugal sempre formou grandes jogadores. E esta geração está recheada deles, tanto que na qualificação o selecionador Filipe Ramos foi alternando as suas opções. Com a ausência nos convocados de Pedro Neto (que esteve presente no mundial de sub20), Rafael Camacho (a fazer a pré-época com a equipa principal do Sporting) e Umaro Embaló (lesão já à última da hora), a aposta recaiu em João Mário e Félix Correia. O primeiro, rápido e empreendedor, o segundo, um extremo com muita magia, que faz um pouco lembrar Bruma, quando tinha a mesma idade. Na primeira jogada da segunda parte, deixou para trás o defesa esquerdo italiano e fez uma assistência para o segundo golo, deixando a equipa ainda mais confortável em campo. Não satisfeito, ainda fez o gosto ao pé, fechando o resultado.

Se em extremos as seleções nacionais sempre tiverem fartura, no reverso da medalha, pontas de lança tem sido uma pecha. No ataque de Portugal, como jogador mais adiantado, joga Gonçalo Ramos, um médio-ofensivo adaptado a falso 9. Uma ‘transformação’ que tem sido projetada no clube e com bons resultados. Marcou muitos golos ao longo da época e ontem também fez o gosto ao pé. Vai demonstrando, cada vez mais, bons movimentos e pormenores de avançado.

Melhor jogador italiano? Carnesecchi. Aqui a escolha é bem mais fácil. Se não fosse a boa performance do guarda-redes italiano, o resultado poderia ter atingindo números históricos.

Importância do passado e a fácil previsão do futuro

Além da qualidade da formação, os planeamentos são cada vez mais importantes. A presença desta geração num torneio em que jogaram com adversários mais velhos (Torneio de Toulon), ajuda e muito a dar traquejo a jovens que, para conseguirem desenvolver todo o seu potencial, têm que ser expostos a estes estímulos, principalmente nos clubes.

Ainda foi só o primeiro jogo, segue-se a Espanha e a Arménia. Mas aconteça o que acontecer, estão aqui jogadores muito talentosos, em que o mais difícil será não darem jogadores de primeira linha. E mais importante que vencer ou não a competição é os respetivos clubes lhes darem oportunidades para continuar a crescer. Até porque eles vieram para ficar.


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