O momento da afirmação de Sérgio Oliveira
Os alarmes soaram à passagem do minuto 11′ no duelo entre Porto e Sporting a contar para a meia-final da Taça da Liga. Danilo Pereira acabava de lesionar-se e era obrigado a deixar as quatro linhas e a dar o seu lugar ao espanhol Óliver Torres. Saía de campo o santo-graal do FC Porto, visto como um dos grandes influenciadores do processo defensivo mas também quem permite a Herrera soltar-se no ataque para apoiar Marega, Aboubakar e os dois alas.
E agora? A pergunta que muitos faziam em simultâneo com a saída do médio. Agora, era a vez de Sérgio Oliveira assumir-se como o 6/8 do 4-4-2 de Sérgio Conceição. Não obstante, ainda antes de o saber, teve de esperar o momento certo. Esperar no banco de Moreira de Cónegos e ver Óliver e Herrera jogarem de inicio com Paulinho como terceiro médio. Não resultou e a entrada do português para os minutos finais fez luz na cabeça de Sérgio Conceição. Não foi por acaso, o médio entrou e criou três oportunidades claras de golo, uma das quais chegou mesmo a ser materializada em golo, mais tarde (pelo VAR) anulado por suposto fora de jogo de Waris.
A história de Sérgio Oliveira no FC Porto é longa, embora só agora tenha os melhores momentos, a verdade é que o natural de Paços de Brandão já leva oito temporadas de futebol sénior e a sua estreia foi pela mão de Jesualdo Ferreira numa temporada em que os dragões defendiam o tetra-campeonato. Embora tenha passado por vários estágios (empréstimos) até chegar aos dias de hoje. Sempre visto como uma promessa, Oliveira procura agora aos 24 anos ser uma certeza, e, além de ser titular no FC Porto, voltar a vestir a camisola das quinas, ele que é dos jogadores com uma história repleta de jogos nos escalões da formação.
Visto como um jogador essencial, Sérgio Oliveira estava apenas a ser utilizado em determinados contextos onde era necessário juntar um médio ao lado de Danilo que somasse poderio físico, técnico e intelectual. Desse saída de bola, recuperação e passe de qualidade no momento de transição. Na verdade, Sérgio Conceição procurava um duplo-6. Danilo – como é sabido – mais para recuperar, enquanto Sérgio dava a qualidade na construção, deixando assim Herrera mais subido para criar no último terço. A missão agora era diferente, seria a de finalmente jogar num meio-campo de apenas duas unidades, ele e Herrera assumirem as despesas sem o “monstro” Danilo Pereira na vigilância.
A resposta de Sérgio Oliveira foi superlativa e diante de Sporting de Braga e Sporting CP para a Taça de Portugal, fez duas das melhores exibições que o médio protagonizou com a camisola azul e branca. Como se diz na gíria, o português encheu o meio-campo. O médio trouxe aquilo que por vezes faltava ao FC Porto, um pouco mais de qualidade na zona central, onde apenas Herrera assumia funções de construção e criação já que Danilo Pereira evidencia limitações nesse campo. Então, a entrada de Sérgio Oliveira foi uma boa ajuda. Ganhou um médio que recupera e sai rapidamente de zonas de pressão, seja através de passe curto ou longo, tendo uma visão de jogo muito boa e qualidade de passe. A somar a isso, apareceu também a veia goleadora (3 golos) e as assistências para golo. Vive por estes dias o melhor momento da sua carreira, além de titular no FC Porto, Sérgio Oliveira está a ser influente.
A grande questão que agora vai colocar-se não tarda será perceber o que irá fazer Sérgio Conceição com a recuperação de Danilo. É sabido a influência do médio nas contas portistas, mas, dado o atual momento da dupla luso-mexicana e o rendimento da equipa não se ressentir de Danilo será que estaremos perante uma utilização mais periódica do campeão europeu? Acima de tudo, Sérgio Conceição já nos fez perceber que todos são fundamentais e, portanto, a seu tempo Danilo ou outro jogador que agora não esteja a ser muito utilizado voltarão a ter peso no onze portista.