Motivos para o FC Porto Acreditar (ou não) no Título
O primeiro terço do campeonato português distingue até ao momento a excelente campanha do FC Porto, finalmente orientado por um técnico que vive profunda e convictamente o emblema que orienta. O resultado deste promissor prólogo só será conhecido em Maio, como tal, o Fair Play decidiu reunir um conjunto de motivos e razões capazes ora de impulsionar Sérgio Conceição e os seus homens para o título ora de alimentar por mais um ano o jejum azul e branco.
Méritos
O Fiel Comandante
O maior agregador e contribuidor para a boa temporada azul e branca é Sérgio Conceição. Nos últimos anos foi notória a falta de liderança no balneário azul e branco, ora o técnico portista conseguiu genialmente suprimir essa carência não com a contratação de uma referência para dentro das quatro linhas, mas com a sua própria assunção como um líder de espírito indomável e sede de vencer no banco de suplentes. Com um discurso inteligente, coerente e motivador, Sérgio Conceição tem conseguido proteger e libertar os seus homens, galvanizando ainda toda a massa associativa azul e branca. Para além das soft skills, o treinador de 42 anos tem demonstrado ser capaz de trabalhar tática e tecnicamente a sua formação para uma ideia de jogo positiva e dominadora, bem como de ler e analisar astutamente o desenrolar dos encontros procurando sempre um equilíbrio entre pragmatismo e intensidade ofensiva.
A União do Plantel
Num plantel recheado de fortes valores individuais, assistiu-se frequentemente nos últimos anos a um alheamento de certos jogadores ao compromisso e à dinâmica da equipa, que penalizaram o coletivo e a sua união. Alavancado no discurso agregador do técnico e no fio condutor do futebol azul e branco, o plantel portista tem mostrado dentro do terreno uma assinalável união e solidariedade entre os diversos elementos que vão atuando, o que permite assim à equipa saber sofrer, passar por momentos de grande aperto e, mesmo assim, superar com distinção o desafio (por exemplo, encontro para a Liga dos Campeões em casa frente ao RB Leipzig). A ponta mais visível desta união, que agrada imenso a toda a comunidade azul e branca, dá-se também a conhecer no final dos encontros quando os jogadores portistas se juntam no relvado e formam entre si uma “roda”, onde se ouve palavras fortes de motivação.
A Valorização dos Ativos
Na presente temporada, o FC Porto contratou apenas o guardião Vaná Alves ao Feirense, como tal, para que fosse possível Sérgio Conceição sonhar com o título era necessário que o mesmo soubesse tirar o melhor partido de elementos em subrendimento ou emprestados nas temporadas anteriores. Ora, o técnico português não deixou os seus créditos em mãos alheias e foi capaz de impulsionar significativamente o rendimento de diversos elementos do plantel portista, tornando jogadores outrora dispensáveis em elementos úteis. Nesse sentido, é difícil de ficar indiferente ao excelente contributo dos “dispensáveis” Aboubakar, Marega e Herrera, à utilidade dos “toscos” André André e Sérgio Oliveira, bem como, ao maior comprometimento coletivo dos “egoístas” Corona e Brahimi. Se hoje podemos olhar para o plantel azul e branco e dizer que este é curto mas realmente competitivo, devemos saber dar o devido mérito ao timoneiro Sérgio Conceição que transformou bestas em bestiais.
Ameaças
A Corrosão do Líder
O discurso lúcido, objetivo e destemido de Sérgio Conceição tem sido um dos principais responsável pela revitalização do Dragão, porém, o estilo de liderança e o temperamento do técnico português podem não conseguir cativar e unir o grupo nos momentos mais difíceis. Até ao momento, o FC Porto assiste a uma espécie de “lua de mel” entre Sérgio Conceição e os seus jogadores, onde o discurso e as decisões do líder, quer sejam mais ou menos disruptivas, estão em harmonia com os seus pupilos. Pois bem, uma das maiores dúvidas dos aficionados portistas é perceber como a equipa e o seu timoneiro irão relacionar-se nos momentos mais complicados da temporada, ora quando o discurso de Sérgio Conceição for mais inflamado ora quando os jogadores estiverem algo fatigados com o desenrolar da época desportiva.
A Falta de Profundidade do Plantel
O maior entrave ao sucesso desportivo azul e branco deve residir na longevidade da temporada. Com um plantel relativamente curto e distribuído por quatro competições nacionais e internacionais, o modelo de jogo incutido por Sérgio Conceição pode começar a sofrer as consequências da sua própria intensidade e efervescência, quer ao nível das lesões e cansaço dos jogadores quer consequentemente ao nível da performance individual e coletiva do FC Porto. As lesões musculares de Tiquinho Soares, Marega e Otávio são efemérides que se pretendem evitar a todo o custo pois reduzem as escolhas de um plantel já de si reduzido, podendo em última instância obrigar Sérgio Conceição a recorrer à equipa B para que possa continuar a alimentar o seu modelo de jogo e o sonho do título azul e branco.
A Instabilidade dos Pesos Pesados
É indubitável a união que o plantel portista apresenta neste momento, contudo, com o decorrer da época desportiva, o desconforto gerado por inúmeros encontros no banco de suplentes pode tornar elementos como Casillas, Layún e Maxi Pereira tóxicos para o ambiente do balneário e do espírito de equipa. O trio latino continua a ter qualidade para ser uma alternativa credível ao FC Porto, no entanto, face à maior regularidade e qualidade de José Sá, Alex Teles e Ricardo pereira, dificilmente Casillas, Layún e Maxi conseguirão impor-se habitualmente no onze portista. Atendendo à massa salarial e ao estatuto dos 3 elementos, a partir de Fevereiro estes podem não conseguir disfarçar o desconforto e a insatisfação com a sua situação e criar anticorpos dentro do balneário portista que podem minar a estabilidade emocional do plantel.