Onde andas Briosa?
Artigo de Opinião escrito por Guilherme Catarino
Como elemento solitário da família a nascer em Lisboa, a Académica de Coimbra sempre teve um lugar especial no meu seio familiar. Talvez pelo respeito ao clube da terra (coisa essa que pouco se vê infelizmente no nosso país) ou porventura pela grandeza do clube em passados anos, sempre me ensinaram a não esquecer as minhas raízes. Desta forma, tenho acompanhado à distância o momento do clube ao longo da última década, momento esse caracterizável essencialmente pela inconstância de resultados – desportivos e financeiros – e pelas inúmeras incógnitas que o circunscrevem.
Recuemos uns anos. Estamos na época de 2012/13 e os estudantes tinham conseguido um inédito apuramento para a fase de grupos da (nova) Liga Europa, resultado da conquista da Taça de Portugal no Jamor frente ao Sporting, naquela final mítica resolvida pelo “pequeno” Marinho. Como “elo mais fraco”, num grupo que juntava o poderoso Atlético de Madrid (já de Simeone), aos checos do Viktoria Plzen e ao sempre imprevisível Hapoel Tel-Aviv – equipas habituadas a palcos europeus – a Académica consegue cinco pontos, frutos de 2 empates caseiros contra os israelitas e os checos, e vitória, também ela em casa, frente aos comandados de Diego Simeone por 2-0, para gáudio dos quase 5 mil espetadores presentes no Cidade de Coimbra.
Terminava assim uma epopeia de dois anos, com a Académica a abandonar a competição no terceiro lugar do grupo. Esta englobou, assim, uma nobre prestação numa competição europeia, uma derrota pela margem mínima na Supertaça que iniciava o ano desportivo 2012/13, frente ao FC Porto de Vítor Pereira – campeão com apenas uma derrota na prova – e uma conquista merecida da Taça de Portugal, a primeira no século, após bater o pé ao Sporting.
“Valentes estudantes!” Alguns dirão, e bem. “E agora? – perguntarão outros – onde páras Académica?”
3 anos corridos de tal bravura, a equipa de Coimbra fica em último lugar na primeira liga com umas pobres 5 vitórias em 34 possíveis, o que a leva consequentemente ao convívio dos “pequenos” na Segunda Liga. E aí se mantém até aos dias de hoje, com prestações positivas, porém inconstantes, e, deste modo, insuficientes para alcançar o tão desejado lugar perto dos grandes do futebol português.
Aqueles mais atentos conhecem a dificuldade das segundas ligas nacionais. Não acontece só em Portugal: veja-se a intensidade do Championship em Inglaterra onde qualquer equipa pode estar prestes a subir, e pouco tempo passado estar em zona de descida. Será uma tarefa no mínimo hercúlea aquela que o clube de Coimbra almeja: voltar à Primeira Liga num futuro próximo. O que traz indignação não só pelas pessoas da cidade – uma das maiores e mais representativas da cultura portuguesa – mas também pelo futebol português que vê (mais um) clube histórico distante dos grandes palcos.
Muitas questões surgem quanto a este holocausto inesperado e repentino, vivido em terras de Santa Clara: o plantel mudou drasticamente? a direção, que mudanças fez? A equipa técnica manteve-se? Onde foram os montantes exorbitantes ganhos no espaço de época e meia com conquistas de taças e prestações europeias?
Como outros clubes em Portugal (alguns casos mais recentes) pouca ou nenhuma relevância é dada, pelos mais diversos órgãos sociais, a estes problemas essencialmente internos e tão dúbios, ficando assim uma panóplia de questões por solucionar e (acima de tudo) compre