Ledman Liga Pro e a Dança das Cadeiras: mudanças, problemas e resultados?

Francisco IsaacFevereiro 14, 201812min0

Ledman Liga Pro e a Dança das Cadeiras: mudanças, problemas e resultados?

Francisco IsaacFevereiro 14, 201812min0
As saídas e entradas na Liga Pro aumentaram em Janeiro e isso "abanou" com a classificação. A dança das cadeiras na Segunda Liga e a sua análise

Dança das Cadeiras no futebol pode ou não surtir efeitos, dependendo de uma série de variáveis, existindo o mito de que a “chicotada psicológica” garante desde logo uma mudança de postura na equipa. Contudo o tema de hoje não é para saber se esse mito tem ou não algum fundo de verdade, mas sim é dedicado a algumas situações e mudanças nos bancos de suplentes de certos clubes na Ledman Liga Pro.

Não iremos falar de todas as trocas, só aquelas que tiveram um impacto positivo ou negativo, tentando perceber o porquê da troca e se isto “belisca”, de certa forma, os projectos em causa.

Do topo da classificação até aos últimos classificados, vejamos as trocas mais significativas nesta Ledman Liga Pro.

MATOSINHOS, PORTO DE TALENTO E PORTO DAS TROCAS

O Leixões está a lutar pela subida de divisão, mas nem isso significa permanência do mesmo treinador desde o início da temporada. Porquê? Ao fim de 7 meses de temporada, os “Bebés” já trocaram de Homem do Leme por quatro vezes: Daniel Kenedy (saiu à 3ª jornada), João Henriques (contratado pelo Paços de Ferreira, ficando no clube até à 19ª ronda), Malafaia (adjunto de J. Henriques assumiu o clube durante 4 jogos) e Francisco Chaló.

A saída de Kenedy deveu-se a um início de temporada com vários pontos baixos, estando em 15º lugar na tabela classificativa. Com um plantel até bem interessante e caprichoso, a direcção da formação de Matosinhos não perdeu tempo e apostou em João Henriques, que era o adjunto de Kenedy.

Com Henriques o clube passou do tal 15º para uma posição cimeira da tabela, chegando a estar em 3º lugar (durante a 12ª e 13ª jornada).

Mesmo com uma descida ligeira, o clube esteve sempre muito bem classificado e com claras hipóteses de subir de divisão, apresentando um tipo de jogo bem dinâmico, esticando as linhas e apostando tanto na criatividade de jogadores como Breitner, Brandão ou Bruno Lamas e na eficácia e recuperação de Eustáquio ou Luís Silva.

O excelente trabalho do português valeu-lhe o interesse da Liga NOS e do Paços de Ferreira. Os pacenses adiantaram-se e conseguiram contratar João Henriques.

Mais uma vez, o Leixões optou por contratar alguém de dentro do staff, com a subida de Malafaia ao lugar de Henriques. A experiência nem estava a correr mal, com 5 pontos conquistados em 12 possíveis… só que o clube viu em Francisco Chaló o homem-certo para a luta pela subida.

O treinador que rescindiu à uma semana e pouco o contrato com o Académico de Viseu (resultados negativos nas últimas jornadas), tem assim em Matosinhos mais uma oportunidade para subir de divisão algo que não aconteceu nas suas passagens pelo Covilhã (ficaram muito perto, mas falharam nas últimas duas jornadas), Penafiel ou Feirense.

Só o tempo vai dizer se as ideias e forma de estar de Chaló, já que é um treinador mais de bloco “pesado”, com lançamento em profundidade, com pouco jogo a circular pelo meio, algo que o Leixões tem-no feito bem.

Foto: Leixões SC

NEM A SAÍDA DE VIEIRA ATRAPALHOU A BRIOSA

A Académica de Coimbra sonha com o regresso à Liga NOS e nem a saída (a mal) de Ivo Vieira para o Estoril parece ter beliscado esse objectivo com o plantel a segurar o 2º lugar neste preciso momento. A Briosa tem espelhado um certo domínio dentro das quatro-linhas, com uma equipa bem articulada, organizada e inteligente, onde Chiquinho se tem sobressaído.

Ivo Vieira ficou nos “estudantes” até à 13ª ronda, galgando “metros”, dando a volta a um tremido arranque de época com 4 pontos conquistados em 5 jogos, preocupando os adeptos com a possibilidade do clube efectuar outra temporada abaixo do expectável. As derrotas contra os rivais directos pela subida foi o apontamento mais negativo, com tropeções preocupantes frente ao Académico ou Santa Clara.

Porém, o plantel e o treinador deram a volta à situação e o clube começou a recuperar o fôlego, conquistando vitórias e resultados positivos passando de um 18º para o 8º, com o olhar já posto lá para cima. Contudo, o Estoril surgiu no horizonte e Ivo Vieira não recusou o convite para regressar à Primeira Liga, levando a que se desse uma situação de rescisão unilateral, para “tristeza” da direcção da Briosa.

Mas para grandes males, grandes remédios com a chegada de um treinador já com alguma experiência na principal divisão de futebol em Portugal: Ricardo Soares. O técnico comandou o plantel do GD Chaves e o CD Aves nos últimos dois anos, sendo despedido dos avenses ao fim de 9 jornadas.

A chegada de Ricardo Soares coincidiu com o melhor momento da Académica, já que conquistaram seis vitórias em 10 encontros, impondo-se frente ao FC Porto “B”, SC Covilhã ou Varzim. Com Soares a formação de Coimbra tem cimentado o seu lugar no topo da tabela, tomando o controlo do 2º lugar por completo (está a 3 pontos de Penafiel e Arouca).

Ricardo Soares ultimou algumas das ideias de Ivo Vieira e melhorou a qualidade de jogo da Académica. Como jogam com o técnico que os guia desde o 14 de Novembro? Grande preponderância no centro do terreno, trabalho articulado na defesa e um ataque inteligente, dinâmico e com muita “manha”.

A troca não só beneficiou a Académica como catapultou para o top-2 da Ledman Liga Pro.

Foto: Lusa

UNIÃO EM BUSCA DE RUMO E EM BUSCA DE TREINADOR

A temporada do União da Madeira tem sido muito delicada, com vários resultados negativos estando neste preciso momento a lutar para não descer ao Campeonato de Portugal. Um plantel com vários “buracos”, uma SAD com problemas financeiros e um clube à procura de rumo, acabam por ser elementos inflamáveis e nocivos para qualquer equipa. Paulo Alves foi o primeiro a tentar guiar o União na Ledman Liga Pro, mas aguentou só até à 10ª jornada.

O início até foi bastante bom, com o União a golear a Académica por 3-0 em casa, colocando-os num certo alvoroço com as perspectivas de subida a aumentarem… porém, o pesadelo começou logo na semana seguinte na visita ao campo do Gil Vicente, registando-se o primeiro de sete encontros consecutivos sem sentir o sabor da vitória. Paulo Alves só teve “culpa” em seis desses encontros, recebendo a ordem de rescisão a 2 de Outubro.

Perante a indefinição e a falha nas negociações com Jorge Costa (um dos possíveis interessados no lugar e que tinha sido despedido do Arouca há pouco tempo), a direcção optou por José Viterbo, que liderava as camadas de formação dos unionistas. O técnico que já orientou a Académica tentou devolver a esperança ao clube, mas, como o seu antecessor, acabou na porta de saída.

Viterbo somou 6 derrotas em 8 jogos, o que condenou, ainda mais, ao União ficar nas posições mais baixas da Segunda Liga. Nota para a vitória por 5-3 frente ao Académico de Viseu, um dos melhores resultados da equipa durante o período-Viterbo.

O conimbricense também pode reclamar de alguns problemas internos no clube, já que vários jogadores rescindiram contrato com o clube ou foram suspensos por salários em atraso.

O caos classificativo, a pouca qualidade colectiva e a falta de condições estruturais podiam afastar qualquer técnico deste projecto, mas Ricardo Chéu não virou as costas ao desafio e assinou contrato de uma época. Para já os resultados estão a ser satisfatórias, se compararmos com o que foi o resto da temporada, com duas vitórias, dois empates e duas derrotas.

Para já um 16º lugar, a 7 pontos do último classificado, mas com o penúltimo a dois… até quando dura o União de Chéu?

Foto: Jornal da Madeira

PROFESSOR CAJUDA DA CHINA PARA VISEU

O Académico de Viseu estava a fazer uma bela temporada, destacando-se no topo da classificação durante largas jornadas, contudo, tudo mudou há algumas semanas para trás. Francisco Chaló tinha guiado os viseenses ao 1º lugar a certa altura, mas depois alguns resultados menos positivos permitiram que o FC Porto “B” ultrapasse o Académico, entrando numa luta muito próxima com a Académica.

A partir da 17ª jornada o Académico foi marcando o passo, com 16 pontos perdidos em 7 jogos… se tivessem conquistado metade desses já estavam bem descolados do resto da competição e, inclusivé, podiam estar no 1º lugar da Ledman Liga Pro.

Chaló não aguentou a pressão e terminou a sua relação com o clube a 6 de Fevereiro, naquilo que não tem sido umas semanas fáceis para o clube (problemas da direcção com os sócios devido à compra da SAD).

Antes em 1º e agora em 7º lugar, o Viseu conta com 36 pontos a quatro pontos do 2º lugar e a situação pode agravar-se neste momento crucial da temporada. Como dar a volta a esta sequência de sete jogos sem ganhar (ao nível do Real SC ou União da Madeira)? A resposta do Viseu foi: com experiência e carisma e Manuel Cajuda possui ambas características.

O treinador que esteve 5 anos na China ao serviço do Sichuan FC, clube das divisões secundárias, volta desta forma a Portugal e que já ajudou um clube histórico português a subir de divisão: o Vitória SC, ou mais conhecido por Vitória de Guimarães na época de 2006/2007.

O Viseu joga um futebol de lançamento em profundidade nos corredores, com os laterais a ter uma grande importância no jogo ofensivo. O meio-campo defensivo é outro dos “segredos” que Chaló explorou bem, mas o ataque acabou por ser um empecilho para a continuidade do técnico em Viseu. Será que Manuel Cajuda conseguirá dar a volta ao problema?

Foto: Diário das Beiras

JOSÉ AUGUSTO DEU O MOTE AOS SERRANOS

Os Serranos são uma das equipas mais “italianas” das divisões profissionais em Portugal, com a melhor defesa da Ledman Liga Pro (20 golos) mas o 2º pior ataque da mesma divisão (22 golos)! E, a cereja em cima do bolo, é o facto de estarem a 6 pontos do 2º lugar e a 3 do 3º (que dá promoção pelo facto do FC Porto “B” se encontrar no primeiro lugar), algo impensável para o início de época que tiveram: 4 derrotas, 1 empate e 1 vitória.

Filipe Gouveia estava a ter sérias dificuldades em dar a volta ao SC Covilhã e isso era notório pela forma “fraca” com que saia com a bola da defesa ou pela apatia geral a partir do último terço do terreno.

O plantel era praticamente “novo”, com 15 novas caras, com uma boa parte a terem somado poucos minutos na temporada que antecedeu a de 2017/2018 ou, por outro lado, jovens que ainda não se tinham afirmado no futebol Nacional.

A missão de Gouveia não era nada fácil e, apesar dos esforços e tentativas, o Covilhã nunca foi uma equipa competente dentro de campo, sucumbindo perante os perante os primeiros adversários da actual época.

Com a saída de Gouveia (alegando motivos pessoais) em Setembro, chegou José Augusto um treinador desconhecido para a maioria das pessoas, pois até então tinha tido experiências curtas. Para quem não conhece o nome, José Augusto assumiu o lugar de director desportivo do Portimonense durante largas épocas.

Surpreendentemente, José Augusto deu a volta à situação e tornou a formação serrana imbatível durante 8 encontros seguidos, mostrando-se uma equipa quase impossível de ultrapassar na defesa ou dificilmente derrotada. Igor Rodrigues, guarda-redes emprestado pelo SL Benfica “B”, tem sido um gigante entre os postes, fazendo boa parelha com Zarabi e Joel no eixo-defensivo, auxiliados por Paulo Henriques e Dias nas laterais.

Este “músculo” tem dado resultados, com o Covilhã a estar, neste momento, num confortável 9º lugar da Liga Pro… quem sabe se não vai haver surpresa pelas Serras da Covilhã no final do campeonato.

Há outros casos que vale a pena mencionar caso do Arouca (saída de Jorge Costa em Setembro para a entrada de Miguel Leal, com o clube a passar de 17º para 4º); Cova da Piedade (Bruno Ribeiro tirou o clube de um perigoso 16º lugar para o actual 12º); Penafiel (Armando Evangelista tem sido um sucesso, já que agarrou no plantel em Setembro e devolveu a esperança da subida aos penafidelenses).

Foto: SC Covilhã

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