FC Porto e Vítor Bruno: sob o comando do homem dos calções
O arranque da época 24/25 realizou-se no passado sábado dia 3 de agosto com a disputa do primeiro troféu – a Supertaça. Aos 24’ já perdíamos por 3 (“Pela forma como o jogo se desenrolou, para ser honesto, vi o caso muito malparado” – VB na flash pós jogo) e não se previa um bom desfecho, para tristeza de muitos portistas, mas infelizmente para satisfação de alguns que desde o resultado das últimas eleições parecem estar mais focados em encontrar motivos para apontar o dedo à nova direção e equipa técnica do que em sofrer pelo clube do seu coração, demonstrando apoio tanto nas vitórias como nas derrotas. Mas nem quero falar muito dessa toxicidade que temos visto por essas redes sociais fora e que deixam evidente que esta época poderá haver mais “guerra” interna entre adeptos do que as habituais picardias com os adeptos dos clubes rivais. Vou portanto fechar este tema deixando apenas o lembrete de que apesar das mudanças de líderes, há toda uma herança que veio dos anteriores e nem os cofres se vão encher de forma espontânea para de repente ficar tudo bem, nem o plantel mudou radicalmente após VB assumir o cargo de treinador.
Voltando então aos 24’ desse jogo, o resultado era pesado, pouco depois já os adeptos rivais lançavam foguetes e viu-se por aí que até o autocarro já estava com o nº de troféus atualizado para o valor que passariam a ter nesse dia. Mas há uma coisa que não se pode negar, o Porto tem raça, e se conseguir manter a cabeça em jogo, consegue voltar à vida. O resto todos viram, Galeno reduziu ligeiramente a vantagem antes do intervalo, VB fez um discurso de improviso e que os seus jogadores revelaram após o jogo (coisa que não o agradou “Eles falam muito, não têm de dizer tanto, têm de ser mais reservados”, e com razão), o Porto conseguiu a igualdade, levar então o jogo a prolongamento e ditar a vitória com um golo de Iván Jaime aos 101’.
Foi assim que o homem dos calções conquistou o seu primeiro troféu enquanto treinador e AVB o segundo enquanto presidente, e é então agora o momento para refletir sobre o que se pode esperar para este campeonato que arranca com um jogo em casa frente ao Gil Vicente.
No meu ponto de vista, esta vitória contra um Sporting visivelmente mais sólido vai valer muito para alimentar a confiança do nosso plantel, mas até agora é um plantel que viu sair o seu capitão Pepe e o seu marcador Mehdi Taremi e teoricamente os únicos “reforços” que teve foram as subidas da B e o regresso de David Carmo e Fran Navarro após o empréstimo ao Olympiacos. Continua a ser um plantel com bastantes debilidades em praticamente todos os setores, sendo que para mim o mais urgente seria um lateral esquerdo e um bom finalizador. Mesmo assim, já deu para ver na pré-época e mesmo na Supertaça que VB “reforçou” a equipa sem gastar 1€, ao dar nova vida a jogadores que no passado foram postos de lado e que afinal podem fazer a diferença em campo.
E já que falei em gastar, como bem sabemos a situação financeira da equipa não é maravilhosa e torna-se urgente fazer encaixes financeiros, não só para melhorar as contas, mas também para tentar trazer os tais reforços. Neste caso os rumores mais recentes incluem as vendas de Gonçalo Borges e Galeno sendo que, sobre o primeiro, os rumores incluem também que o jogador não quer sair por dinheiro nenhum deste mundo e claro que nisso vemos a divisão de opiniões – há os que acham que ele devia ajudar o clube e há aqueles que entendem o sonho de menino de querer vingar no seu clube. Considero ambos os pontos de vista válidos, desde que argumentados da forma certa e sem atacar o jogador.
Resumindo e concluindo, em relação ao plantel para a época que iniciou agora, as minhas expectativas não são altas, no sentido em que neste momento mais facilmente vejo o plantel a ficar exatamente como está do que a entrar o tão desejado e urgente reforço para as zonas mais críticas. VB terá que trabalhar então com o que tem e é aí que entram as minhas questões. Conseguirá este plantel aguentar com sucesso as várias competições em que estará presente ao longo da época? Chegaremos a algum ponto em que terão que priorizar algumas competições em relação a outras? Conseguirá o treinador manter o balneário unido e imune às críticas que poderão sofrer quando (e se) falharem em alguma frente? Só o decorrer da época nos trará essas respostas, mas duas coisas eu já sinto como sendo certas depois do que vi na Supertaça:
- O espírito parece diferente. Tivemos jogos em que o Porto só por estar a perder por 1 golo parecia ficar logo de cabeça perdida e com o jogo meio atabalhoado em que aparentavam ser 11 jogadores à toa a tentar de forma desorganizada recuperar o resultado. No sábado ainda vimos um pouco isso mas depois do intervalo entraram fortes, vimos ordem, vimos calma e com isso a capacidade de resolver o que aparentava não ter solução.
- Temos um treinador que transmite calma, que mesmo na forma como se expressa aos meios de comunicação social é ponderado, com um discurso bem construído, transparente e esclarecedor. E essa calma e presença de espírito, acredito eu que terá um impacto brutal no ambiente do balneário.
Deixo-vos, para finalizar, as declarações completas de VB após o jogo e peço a todos os adeptos para se lembrarem bem desta parte do seu discurso: “Há dias em que não vai correr bem. Isto é a vida de treinador, temos de arriscar, perceber como podemos abanar e levar o jogo para onde queremos. Há dias que correm assim, ninguém é genial por fazer isto, vai haver momentos em que me vão crucificar por alterações que possa fazer” e que “neste clube apenas é impossível pensar que não é possível” e quem sabe, daqui a uns meses vejamos que afinal foi mesmo tudo possível.
🎙Vítor Bruno: "Foi o encarnar de tudo aquilo que é o espírito FC Porto"
👉Declarações completas: https://t.co/8L53QbdmUO #Supertaça #SCPFCP pic.twitter.com/zITOhhzB74
— FC Porto (@FCPorto) August 3, 2024