Luís MouraEm abril, um furacão de mudança
O dia começou com filas intermináveis na alameda do dragão. Centenas de sócios, se não milhares, aguardavam a abertura de portas para o inicio do ato eleitoral mais importante da historia do Futebol Clube do Porto. Por um lado, apresentava-se o eterno presidente, Jorge Nuno Pinto da Costa, que encabeçava a lista A. Uma proposta de renovação, francamente difícil de efetuar ao fim de 42 anos de presidência. Por outro lado, André Villas-Boas. Antigo treinador do clube que conquistou praticamente tudo o que havia para conquistar em 2011- com exceção da taça da liga-, o primeiro real adversário que Pinto da Costa iria defrontar numas eleições presidências, era oposição pela lista B e prometia uma mudança. Justiça seja feita ao terceiro candidato do dia, pela lista C, Nuno Lobo. Repetiu a candidatura que apresentara nas últimas eleições, em 2020, sem grande sucesso.
Cedo se percebeu que a afluência seria histórica. Ao todo, votaram mais de 26 mil associados, dos cerca de 35 mil elegíveis para o ato eleitoral. Foi um dia de festa, a prova de que o Futebol Clube do Porto não vivia numa ditadura esquecida pela monótona liderança de Pinto da Costa, nunca antes posta em prova, e os sócios, num inigualável comportamento democrático compareceram em massa para definir o futuro do clube.
As urnas fecharam já depois das 20 horas. Ás 20:50, a contagem dos votos iniciou-se com atenta vigilância da Polícia de Segurança Pública, chamada por Lourenço Pinto, presidente da Assembleia Geral do Futebol Clube do Porto, a pedido do candidato André Villas-Boas. A contagem dos votos, apesar de não terminada, era perentória ao atribuir uma vitória esmagadora a André Villas-Boas com cerca de 80%. Mais tarde, já depois da 1 da manhã o Porto anunciava nas redes sociais o seu novo presidente.
Luís André de Pina Cabral e Villas-Boas é o 32.º Presidente do FC Porto.#FCPorto pic.twitter.com/1KY5v2F7eV
— FC Porto (@FCPorto) April 28, 2024
André Villas-Boas irá suceder ao presidente dos presidentes do Futebol Clube do Porto no início do mês de maio. Entre o turbilhão de sentimentos que assolam a esfera azul e branca, um parece dominar: a esperança. Esperança no futuro, mas também no passado que está eternizado nos livros de história e, principalmente, nos milhares de azuis e brancos que viveram sob a liderança de Jorge Nuno Pinto da Costa e que nunca o deixarão só. Os motivos da derrota desproporcional ao que deu ao clube são vários. Desde logo pelo insucesso financeiro. Reina no mundo do futebol uma expressão que me custa a entender: “O que importa é ganhar”. Nem sempre, sem um clube sustentável, capaz de contratar e impor uma boa dinâmica dentro da estrutura, ganhar é cada vez mais uma miragem.
Para o futuro, André Villas-Boas terá um projeto consolidado, mas difícil de impor. O próprio Sérgio Conceição já avisou o seu próximo superior, na conferência de imprensa de rescaldo ao jogo contra o Sporting. Nessa mesma intervenção, abriu portas à continuidade. Apontou o seu amor pelo Futebol Clube do Porto, como algo superior ao presidente, depois de ter entrado na campanha eleitoral ao firmar um contrato por 4 épocas (equivalente ao mandato) com Jorge Nuno Pinto da Costa. Abriu, principalmente, portas para o diálogo para o bem comum do Porto. A confirmar-se a continuidade de Sérgio Conceição, este pode ser um aspeto positivo para o clube. Um pendulo de estabilidade para a atribulada troca de estrutura ao fim de 42 anos.
Mas nem só Sérgio Conceição pode jogar a favor de André Villas-Boas, também a união dos portistas. Votaram em massa e escolheram com clarividência, uma prova de que estão mais unidos que nunca. Despediram-se com uma enorme salva de palmas do seu rei deposto, e deram as boas vidas ao seu sucessor.
Jorge Nuno Pinto Da Costa é ovacionado no dragão 🙌#sporttvportugal #LIGAnaSPORTTV #LigaPortugalBetclic #FCPorto #SportingCP pic.twitter.com/MvihsHyNoj
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Para o futuro fica a esperança, mas também o anseio. A dificuldade de levantar um Porto decadente, financeiramente claro está, para o colocar na rota do sucesso e da inovação. Luís André de Pina Cabral e Villas-Boas é o homem certo para o fazer? Veremos nos próximos anos.
