Mayday, Mayday… faltam goleadores à Ledman Liga Pro?
Estamos a 2 jornadas de fechar a Ledman Liga Pro e existem alguns pontos-fortes a reter: Vítor Oliveira guiou mais uma equipa ao convívio dos grandes, com o Paços de Ferreira a dominar por completo o 1º lugar a 4 pontos do segundo; o Famalicão depois de muito suar e atrapalhação conseguiu a merecida subida, deixando o Estoril e Académica ficarem por terra; as equipas B do SL Benfica e FC Porto (que começou bastante mal, mas a meio recuperou o fôlego) continuam a ser um osso duro de roer; e o veteranissímo Pires passou a marca dos 100 golos na Ledman Liga Pro, ao serviço do Penafiel.
Ora e aí está o objecto do artigo de hoje: goleadores. Neste caso e nesta época o medianismo em termos de homens-golo que a Ledman Liga Pro tem sofrido, com o ponta-de-lança do FC Penafiel Pires a assumir a liderança partilhada com Fabrício Simões ambos com 15 golos, seguido de Kwame Nsor com 14 e os extremos Ença Fati (UD Oliveirense) com 12 Harramiz (CD Mafra) este com 10 golos cada.
Em comparação com temporadas anteriores existe alguma diferença e parece ser difícil que algum destes quatro chegue ao nível dos melhores marcadores das 5 últimas temporadas:
17/18: Ricardo Gomes (CD Nacional) 22 golos em 36 jogos, seguido por Carlos Vinicius (Real SC) e Thiago (CD Santa Clara) com 19 e 15 golos respectivamente;
16/17: Pires (Portimonense SC) 23 golos em 43 jogos, seguido por Paulinho (Gil Vicente) e Kwame Nsor (União SC) com 19 e 16 golos respectivamente;
15/16: Simy (Gil Vicente) com 20 golos em 43 jogos, seguido por Zé Tiago (SC Covilhã) e Platiny (CD Feirense) com 19 e 17 golos respectivamente;
14/15: Tozé Marreco (CD Tondela) com 23 golos em 45 jogos, seguido por Erivelto (SC Covilhã) e Frédéric Mendy (União SC) com 23 e 19 golos respectivamente;
13/14: Pires (Moreirense FC) com 22 golos em 40 jogos, seguido por Tozé (FC Porto “B”) e Rui Lima (UD Oliveirense) com 21 e 16 golos respectivamente;
Um primeiro pormenor salta à vista… entre 2017 e 2013 o número de jogos foi bem superior em comparação com a época actual, e isto deve-se à redução de número de equipas que alinharam nos dois últimos anos na segunda liga. Contudo, e a duas jornadas do fim Pires (que já foi Bota de Ouro por duas ocasiões da segunda divisão) está a 8 golos de igualar os seus números de 2016/2017 ou pelo menos apanhar Simy, o melhor marcador em 2015.
Entre golos, números, estatística e alguns nomes conhecidos que passaram pelo futebol português, é notório que existe um decréscimo e que tem até levantado algum equilíbrio na tabela classificativa.
Se o 1º lugar foi praticamente impossível de ser alguma vez apanhado (historicamente nunca Vítor Oliveira desperdiçou uma folga tão alargada para os restantes adversários), já o 2º lugar de acesso à Liga NOS esteve em aberto durante largo tempo, para além da luta pela descida ainda quente uma vez que Académico de Viseu, Mafra, Varzim, Farense e Arouca estão a 3 pontos de distância entre si e qualquer um pode cair para o Campeonato de Portugal.
Por isso, será que a inexistência de goleadores como Ricardo Gomes (agora na Sérvia continua na senda goleadora com 19 golos em 30 encontros) ou Tozé Marreco poderá estar a influenciar a competitividade da Ledman Liga Pro?
O Paços de Ferreira assume neste momento o papel de gigante na Ledman Liga Pro, ocupando a posição 3º de melhor ataque (47 golos) e melhor defesa (20 golos sofridos) algo que curiosamente não aconteceu em épocas passada à passagem da 32ªjornada com o líder da tabela… o que significa isto? Nas 5 épocas anteriores existiam equipas mais goleadoras do que o 1º classificado ou com melhor defesa, não sendo o 1º classificado uma formação toda-poderosa com uma distância pontual larga como acontece com o Paços de Ferreira nesta temporada.
Dupla curiosidade para o facto do Paços não ter qualquer goleador no top-5, apesar do transferido Luiz Phellype ter chegado a 9 golos em 13 jogos (melhor média dos goleadores na Ledman LigaPro desta época), o que cria o cenário curioso de um líder inabalável sem um matador assumido.
A terceira curiosidade vai para o facto de no top-10 de melhores marcadores apenas três pertencerem a clubes dos primeiros 5 lugares, com outros sete a “correr” por fora em busca de notoriedade, como acontece com Bruninho e Harramiz atletas do CD Mafra, que subiu do Campeonato Portugal para a 2ª liga em 2018.
No meio destes pormenores todos, o quadro ganha forma ao percebermos que ao existir uma clara ausência de “grandes” matadores/goleadores/bombers às equipas de top da Ledman LigaPro cria uma luta incessante pela subida de divisão e fuga à despromoção… entre o 16º e 6º lugar só existe uma diferença de 9 pontos, algo que não aconteceu nas cinco épocas anteriores. Entre o fundo e o meio da tabela a diferença nunca foi tão pequena, não esquecendo que a 2ª liga de 18/19 tem menos equipas que as anteriores cinco edições.
A questão também pode ser levada para o campo da defesa… estarão os vários emblemas da 2ª liga a guardarem melhor a sua baliza esta temporada? Pode ser o caso, mas em outras épocas houve melhores médias de poucos golos sofridos e não deixaram de existir goleadores, assim como da ascensão de grandes guarda-redes, como o caso da qualidade contínua de Ricardo Ribeiro, agora atleta do FC Paços de Ferreira.
E um dos últimos pormenores pode ir para a idade dos avançados já que a larga maioria está entre os 25 anos para cima com Pires (37), Harramiz (28), Ença Fati (25), Fabrício Simões (34), Bruninho (30), Luiz Phellype (25), Kwame Nsor (26) e Hugo Almeida (34). Comparando com as duas época anteriores, a média de idades dos goleadores envelheceu com apenas Chris Willock (SL Benfica), Aziz (Vitória SC), Walterson Silva (Famalicão) a representarem o escalão sub-25.
Menos jovens a invadir a corrida pelos goleadores, significa também alguma estagnação depois de termos tido Carlos Vinicius, Murillo ou Fernando a despontarem em 17/18 e Paulinho, Rui Costa, Gelson Dala ou Alexandre Guedes em 16/17.
No fim de contas, a inexistência de titãs na frente de ataque não significa que é um campeonato pobre em golos, uma vez que a média está em 39 em 2018/2019. Todavia, será necessário que nestas duas últimas jornadas os golos apareçam em grande para apanhar as médias das cinco épocas anteriores (arredondados):
– 17/18: 45;
– 16/17: 50;
– 15/16: 42;
– 14/15: 56;
– 13/14: 48
Menos goleadores, mais equilíbrio, mais emoção e mais reviravoltas como foi o caso da Académica de Coimbra que já esteve em zona de descida durante algumas jornadas e esteve a apenas a 2 pontos do 2º lugar… é ou não um campeonato emocionante, inesperado (à parte de sabermos de antemão que as equipas de Vítor Oliveira já têm lugar marcado na subida) e que neste momento pode ainda dar uma volta (ou várias) inesperada?
Dois golos do goleador Pires frente ao Académico de Viseu