Liga das Nações 2025 – dupla jornada

Margarida BartolomeuMarço 2, 20254min0

Liga das Nações 2025 – dupla jornada

Margarida BartolomeuMarço 2, 20254min0
Um empate e uma vitória para Portugal na Liga das Nações 2025, com Margarida Bartolomeu a passar a pente fino o que se passou

Nos passados dias 21 e 26 de fevereiro, teve início o percurso da seleção nacional feminina de futebol na Liga das Nações. Inglaterra e Bélgica foram as adversárias, e os aspetos positivos e negativos que se retiram de ambos os jogos são bastante semelhantes.

Se no primeiro jogo, com a receção à atual campeã europeia e vice-campeã mundial (Inglaterra), se esperavam todas as dificuldades possíveis e imaginárias, o segundo jogo representava um desafio, em teoria, mais acessível, pese embora a seleção belga seja extremamente competente. Contudo, não foi bem esse o caso…

Contra a seleção inglesa, em casa (Portimão), a seleção portuguesa não colocou em campo, no seu 11 titular, algumas das atletas que, a meu ver, são “indiscutíveis” – Lúcia Alves, Andreia Jacinto e Francisca “Kika” Nazareth, começaram a partida no banco de suplentes (neste lote podia constar também a Andreia Faria). O jogo inicia, e com ele ficou clara a “estratégia” portuguesa – tentar anular a seleção inglesa, e ofensivamente, bola na frente para a correria da dupla Silva (Diana e Jéssica). Se, em vários momentos, foi possível criar desequilíbrios pelas alas, a verdade é que, no último terço e no momento da decisão, faltou sempre acerto (constantes cruzamentos para “ninguém”, demasiados dribles inconsequentes, etc.). Esta falta de acerto realçou a falta de acompanhamento das médias portuguesas à linha ofensiva na transição ofensiva, talvez por uma estratégia mais conservadora, de forma a não expor a linha defensiva. No entanto, esta “estratégia” apenas aguentou 15 minutos, e a seleção inglesa adiantou-se no marcador. A desvantagem manteve-se até ao intervalo, mas na segunda parte, após a entrada de Kika Nazareth e Andreia Jacinto, Portugal tornou-se numa seleção mais esclarecida e dominadora, capaz de aliar a irreverência à correta tomada de decisão, e aproximou-se cada vez mais da área adversária. Numa excelente jogada de entendimento entre Ana Capeta (acabada de entrar) e Kika Nazareth, as jogadoras portuguesas alcançaram o empate, que pela subida de rendimento coletivo, se afigurava bastante justo.

No segundo jogo, e sem poder contar com Kika Nazareth e Ana Capeta, por motivos de ordem física, Francisco Neto lançou Andreia Jacinto no 11 inicial, no lugar de Dolores Silva, e Patrícia Morais no lugar de Inês Pereira. Contudo, os problemas mantiveram-se – linha de ataque constituída por duas jogadoras de características semelhantes (embora a Jéssica procure mais o drible, e Diana Silva o espaço), que muito correm com e sem bola, mas que não têm acompanhamento na transição ofensiva, resultando em ataques inconsequentes. Ou seja, manteve-se a toada do jogo anterior, de atacar, mas sempre de forma conservadora (sim, a utilização excessiva desta palavra é propositada). A vitória foi selada com recurso a um penalti conquistado por Jéssica Silva, e concretizado por Carole Costa, tendo existido algumas oportunidades para ampliar o marcador fazer o 0-2, tendo também ficado por assinalar um penalti a favor da Bélgica (mais uma competição feminina que não tem VAR), que poderia ter mudado o rumo do jogo.

A questão que penso que permanece não está associada à qualidade, ou possível falta dela, das jogadoras nacionais. Pelo contrário! A questão é a seguinte – E se deixarmos de entrar nos jogos de forma conservadora, e lançarmos desde o 1º minuto de jogo as jogadoras mais aptas, mais competitivas?! E se estruturarmos uma linha ofensiva mais heterogénea, com maior presença na área e capacidade posicional, aliada ao ataque do espaço?! E se…

Digo-o e defendo-o – a qualidade da seleção nacional cresceu de forma exponencial nos últimos anos, e as estratégias de jogo têm de evoluir em conformidade! A mudança é potenciadora do crescimento, sempre!

4 pontos conquistados, em 6 possíveis, que coloca a seleção portuguesa na frente do grupo, em igualdade pontual com a Inglaterra. Um começo promissor nesta Liga das Nações, que se prevê competitiva e desafiante!

Foto de Destaque da Federação Portuguesa de Futebol


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