O que falta (ou faltou) para o Monaco revalidar o título?
Não há impossíveis no futebol, mas 11 pontos de distância para o líder PSG parecem ser um desafio perto do impossível para o Monaco alvejar o bicampeonato em França, e aqui vamos analisar algumas das razões para esta quebra dos monegascos que surpreenderam na última época desportiva.
Perdas de Jogadores Importantes
O plantel do Monaco sofreu as inevitáveis perdas de jogadores devido ao sucesso alcançado a nível interno, mas principalmente a nível europeu com as prestações na Champions League que culminaram nas meias finais.
O Monaco perdeu 4 jogadores que eram peças chave desta equipa! Nomes como Bernardo Silva, Mendy ou Bakayoko ainda deixam saudades no principado, mas a maior perda chama-se Mbappé, não só pela qualidade no presente, mas também pela melhoria que podia ter no futuro, fruto da sua tenra idade, e por ter ido parar ao grande rival, o PSG.
Leonardo Jardim tinha aqui um grande desafio para combater, e até ao momento ainda não o conseguiu fazer e os resultados não são agradáveis: eliminação das competições europeias e o título praticamente perdido.
Reforços de qualidade duvidosa ou não imediata
As perdas que o Monaco enfrentou foram duros golpes mas deixaram os cofres da equipa monegasca muito bem preenchidos para atacar o mercado, e apesar de já se saber que seria difícil contratar com a mesma qualidade, os reforços ainda estão longe de ter impacto na equipa.
Keita chegou vindo da Lazio para ocupar o ataque e foi a transferência mais cara do clube esta época, mas nunca mostrou o mesmo perfume de Bernardo Silva ou a qualidade finalizadora de Mbappé, além disso o extremo saiu penalizado com a passagem do 4x3x3 para 4x4x2 que o obriga a fazer parceria com Falcao. Muito a provar para o jovem de 22 anos.
Tielemans foi a segunda transferência mais cara do Monaco, mas não teve o salto positivo que se esperava depois do Anderlecht, não consegue entrar no onze com Moutinho e Fabinho e acaba por deixar fugir uma recuperação do lugar no meio campo com a grave lesão que o afasta dos convocados.
Kongolo é talvez a maior desilusão para os adeptos do Monaco. O defesa ex-Feyenoord tem apenas 180 minutos em 20 jogos, manifestamente pouco para quem custou 15M e já tem 23 anos.
Temos ainda os casos de Diakhaby e Meité que custaram 18M em conjunto e tem 421 e 95 minutos respectivamente e parecem igualmente ser mais importantes para o futuro do que para o presente.
Com esta aposta tão vincada no futuro e evolução de jovens jogadores parece que este Monaco se esqueceu do presente e da possibilidade que tinha de afirmar o clube não só em França como também no futebol europeu onde teve a vantagem de ser colocado no Pote 1 da fase de grupos da Champions League.
Queda na produção de golos
Recuando à jornada 20 da edição de 2016/2017 na Ligue 1, o Monaco já tinha apontado 60 golos e era falado em todo o Mundo pela sua veia goleadora que não encontrava concorrência a nível europeu.
Ora esta época tem apenas 46, menos 14 golos que no ano da conquista do título.
Esta quebra deve-se principalmente à falta de jogadores que iniciem as jogadas e permitam que Falcao finalize as oportunidades.
Com Falcao ainda a demonstrar a veia goleadora que reencontrou na época transacta, falta-lhe um outro parceiro que consiga acompanhar o seu ritmo goleador, como ele encontrava em Mbappé.
Keita que, apenas marcou 5 golos, e Carrillo, com 4 tentos, aparecem a seguir aos 15 golos do ponta colombiano.
Enquanto o Monaco não encontrar jogadores capazes de ajudar Falcao na frente de uma maneira que apenas Lemar mantém da época passada. O desmontar das teias adversárias fica mais complicado.
Fragilidades defensivas
Este ponto é aquele que se mantém de uma época para a outra, infelizmente para Leonardo Jardim.
Se na época passada este ponto era disfarçado pela veia goleadora da equipa, este ano como já vimos esta fragilidade ficou mais exposta.
Sem reforços capazes de se mostrar melhorias para o sector mais recuado e com a perda de Bakayoko e Mendy este sector ficou demasiado exposto à força dos ataques adversários.
Com Jorge a entrar para o onze depois de apenas 2 jogos na última época e com um Moutinho a assumir com Fabinho um meio campo a dois a defesa do Monaco não melhorou a imagem da última época onde era vista como o pior lado da equipa.
Numa liga onde as defesas nunca foram o ponto forte (sempre foi algo que interessou mais aos rivais italianos), o número de golos sofridos até é inferior quando comparado com o mesmo período da época transacta (21 vs 19) e apenas o PSG sofreu menos golos, no entanto, quem vê os jogos do Monaco sabe que muito da salvação do Monaco chamasse Subasic que impede que estes números aumentem e também ao facto de muitas equipas do campeonato gaulês estarem bastante abaixo do poderio das melhores equipas do campeonato.
Para termos um termo de comparação mais fiável, na Champions em 6 jogos sofreu 16 golos, apenas Celtic, Anderlecht (do grupo do demolidor PSG e do Bayern) e o APOEL (com Dortmund, Real Madrid e Tottenham) sofreram mais golos que os monegascos.
O investimento e crescimento do PSG
Provavelmente a principal razão para o Monaco ficar arredado do campeonato no que ao título diz respeito. O PSG é melhor que este Monaco em todos os aspectos!
Com reforços de classe mundial com o objectivo Champions claramente visível neste investimento, o campeonato gaulês parece cada vez mais um passeio para a equipa que tem o trio mais letal da europa (Neymar, Cavani, Mbappé).
O PSG conta apenas 2 empates e uma surpreendente derrota com o promovido Strasbourg, e com 11 pontos de vantagem a tendência parece ser o aumento da distância para Monaco e Lyon.
Leonardo Jardim tem agora a missão de recuperar este Monaco e garantir pelo menos o segundo lugar numa luta com o Lyon e de onde partem ambos com 42 pontos a partir deste momento. Iremos ainda ver o Monaco da última época com Jardim ao leme?