Gastar ou formar? Duas maneiras diferentes de olhar para o futebol

Pedro SousaMarço 23, 20195min0

Gastar ou formar? Duas maneiras diferentes de olhar para o futebol

Pedro SousaMarço 23, 20195min0
Dinheiro ou formação? Gastar ou formar? O Bola na Relva olha para duas maneiras diferentes de ver o futebol e mostra qual tem dado mais frutos!

 


Pedro Sousa é autor do projeto Bola na Relva e colaborador do Fair Play!


Tirando os olhos das transferências da Premier League, não observando os valores astronómicos gastos pelas equipas italianas no início do novo milénio e deixando de parte a era dos “galácticos” em Madrid, o Paris Saint Germain afirmou-se, no futebol europeu, como uma das equipas que mais gastaram no futebol. O objetivo era claro. Aliás, ainda é claro: ganhar a Liga dos Campeões.

Do outro lado da barricada, temos formações que olham para dentro e não desviam o olhar desse modelo, que todos o conhecemos como apostar na formação e nas camadas jovens do clube. Na Holanda, a escola do Ajax é aquela que mais frutos deu à seleção. E não só. Os clubes europeus olham para o emblema de Amesterdão como uma “mina” de jogadores jovens e de alta qualidade.

Qual será o melhor modelo? Esperar que um investidor chegue com rios de dinheiro e gastá-lo para construir algo forte? Ou olhar para o talento e trabalhá-lo desde pequeno?

O dinheiro não comprou o sonho… ainda

Nasser Al-Khelaïfi chegou à capital francesa em 2011. Desde esse ano, o clube da capital investiu muito e forte. Depois do Lyon ter conquistado sete campeonatos consecutivos, o campeonato francês passou por uma fase de remodelação. A formação dos Le Gones dominaram o futebol gaulês e deixaram uma herança pesada. Depois, e até à chegada de Al- Khelaïfi, existiram quatro campeões diferentes. Após isso, só o Mónaco, por uma vez, conseguiu parar o poderio parisiense.

São cinco campeonatos conquistados e o sexto está perto de ser confirmado. Este foi o primeiro objetivo do árabe: a hegemonia do futebol francês. Contudo, o maior sonho do presidente passa por conquistar a Liga dos Campeões. Até ao momento, só houve um clube de França que levantou o troféu: Marselha, em 1992/93. O milionário construiu uma equipa forte. Porém, na competição de clubes mais importante da europa, o PSG só conseguiu chegar, em quatro ocasiões, aos quartos-de-final. Muito pouco para quem já investiu milhões.

Mbappé foi um dos maiores investimentos do PSG (Foto:

Desde que chegou a presidente, Nasser Al-Khelaïfi já gastou mais de um bilião de euros (1 192 milhões). Desde a primeira grande contratação em 2011/2012, que foi Javier Pastore, a principal aquisição foi Neymar. O internacional brasileiro custou aos cofres do emblema da capital francesa 222 milhões de euros. Só estou a dizer o valor da transferência paga ao Barcelona. A Neymar, o dono do clube decidiu juntar Kylian Mbappé. O astro francês, com a taxa de empréstimo de um ano, custou, no total, 180 milhões. Este dinheiro gasto, para já e em oito anos de liderança, resultaram apenas em chegar aos quartos-de-final da prova milionária.

O talento nasce em Amesterdão… e ainda o sabem trabalhar

Todos os amantes de futebol conhecem a escola de formação do Ajax. Conhecida mundialmente, o emblema holandês sempre teve no seu plantel atletas formados no clube. As coqueluches mais recentes são Frenkie de Jong e Matthias de Ligt.

O primeiro já foi vendido ao Barcelona por uma transferência recorde. O emblema catalão desembolsou cerca de 75 milhões de euros para obter os serviços do jovem prodígio para a próxima temporada. De Ligt apresenta-se como forte candidato a seguir as pisadas do companheiro de equipa. Mas o que ganhou o Ajax ao apostar na formação ao longo destes anos? 33 campeonatos holandeses, 18 taças da Holanda, 9 supertaças e 4 Liga dos Campeões, 1 Taça UEFA, 2 taças Intercontinentais, 3 Supertaças europeias e 1 Taça das Taças. Estes títulos são todos de um modelo que está bem enraizado no emblema desde a sua criação.

Uma das conquistas da Champions do Ajax (Foto: UEFA)

Depois do futebol holandês ter passado por uma fase negra (a seleção holandesa não se apurou para o Euro 2016 e para o Mundial 2018), nestes últimos tempos, e vendo a forma como o Ajax eliminou o Real Madrid, conseguimos ter garantias que as camadas jovens holandesas estão a dar frutos outra vez. A aposta na formação que tanto deu ao futebol dos

Países Baixos parece estar de volta. Os tubarões europeus também estão e prometem encher os cofres dos emblemas holandeses.

 

São dois modelos completamente diferentes: comprar o produto já feito, investindo milhões e apostar na prata da casa, obtendo lucros gigantescos. Gosto mais da política imposta pelo Ajax. Toda a gente gosta que a sua equipa ganhe com uma fornada de jovens jogadores formados nas escolas do clube. Contudo, o lado monetário e investidor do emblema parisiense, ao início, deu a entender a toda a gente que era para agarrar a hegemonia do futebol europeu. Ainda não deu, mas “só” chegou há oito anos.

A aposta francesa ainda não deu os frutos desejados (Foto: Hindustan Times)

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