Que final de Liga Europa teremos?
Finalizou-se, no recente dia 6 de agosto, a segunda fase dos oitavos-de-final de uma atípica Liga Europa, onde as circunstâncias atuais obrigaram a uma paragem de quase cinco meses na competição e a maioria das equipas ainda em prova já viram os seus campeonatos internos terminar.
Foi, contudo, decisão da UEFA, concluir as competições europeias a seu cargo, em andamento desde o passado ano desportivo, refira-se, e deste modo providenciar aos adeptos e fãs da modalidade os melhores encontros entre os principais clubes da Europa, perante uma situação global preocupante e à vista de todos.
Com esta rubrica procuraremos, então, através de uma breve análise ao momento atual das oito equipas ainda em competição, contrastar aspetos nestas negativos e positivos, tentando perceber que equipas estarão com maior capacidade de almejar e competir por um lugar na final da segunda maior competição de clubes da Europa.
O Wolverhampton de Nuno Espírito Santo chega à final eight após eliminar o Olympiakos de Pedro Martins, com o empate a um golo na Grécia em março a requerer somente um empate/vitória aos ingleses em sua casa na última quinta-feira, resultado esse conseguido com um golo insólito de Jimenez. Com mais uma temporada notável a nível interno, apesar de falhar os lugares europeus, os laranjas aparecem conjuntamente com os compatriotas de Manchester como um dos principais alvos a abater. Dessa tarefa estarão encarregues os homens de Julen Lopetegui.
O Sevilha aparece assim nos quartos-de-final da competição após vencer categoricamente a Roma do português Paulo Fonseca, e apresentando com alguma surpresa um dos melhores registos das equipas ainda em competição com a última derrota da equipa andaluz a morar no remoto mês de fevereiro, em Vigo, para a La Liga. Garantida a presença na liga milionária no próximo ano, resultado do 4º lugar conquistado este ano na liga espanhola, os andaluzes terão vida difícil na busca pela sexta Liga Europa da sua história. Sem dúvida um dos duelos mais apetecíveis destes quartos!
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— Wolves (@Wolves) August 7, 2020
Com um autêntico passeio pelos oitavos-de-final, o Manchester United de Solsjkaer atropelou o surpreendente Lask Linz e aparece revigorado pela boa fase que a equipa atravessa, desde a chegada de Bruno Fernandes. As estatísticas não enganam, e, desde a vinda do médio português para Old Trafford, os reds deram um salto qualitativo tremendo com a promoção à Champions League a destacar-se como principal feito. Como oponente terá o histórico Copenhaga, cujo mérito não deve, de qualquer modo, ser retirado. Os nórdicos deram a volta a uma desvantagem de um golo trazida de Istambul perante o campeão turco Basaksehir – recorde-se, carrasco do Sporting numa fase preliminar… – mas contam com importantes baixas para o jogo com os ingleses: Viktor Fischer e Ragnar Sigurdsson estão lesionados e complicam a já árdua tarefa do treinador norueguês Stale Solbakken. Fiquemos à espera do que será capaz este Copenhaga.
O terceiro embate dos quartos-de-final colocará frente a frente o Inter de Antonio Conte e o irreverente Bayer Leverkusen. Os italianos chegam a esta fase após eliminar o Getafe de Bordalas com denotada dificuldade, enquanto os alemães eliminaram estranha, mas confortavelmente, o Rangers liderados por Steven Gerrard e carrasco do SC Braga, com duas vitórias contundentes na eliminatória.
Ao contrário do que referimos sobre o Manchester United de Solsjkaer, o Inter prometeu muito no início da época ao comando de Antonio Conte, fazendo até muitos acreditar que o Scudetto fugiria (finalmente!) à hegemonia da Juventus, porém o decréscimo de qualidade a meio do ano foi notório, e a Atalanta até ameaçou roubar a segunda posição da Serie A aos nerrazurri à altura da última jornada.
Quanto aos comandados de Peter Bosz, apesar do futebol atrativo desenvolvido ao longo do ano pelos alemães, estando inclusive na luta pela Bundesliga até poucas jornadas do final, não conseguiram garantir os lugares de Champions face a uma certa inconstância de resultados, e uma vaga na liga milionária apenas poderá ser alcançada caso conquistem a Liga Europa. Duas equipas que se caracterizaram este ano desportivo pela instabilidade exibicional e que, porventura, lhes retirou um lugar ao sol…
O último embate dos quartos colocará frente a frente o campeão ucraniano Shakhtar e o vice-campeão suíço Basileia. Os ucranianos “despacharam” os alemães do Wolfsburgo com duas vitórias categóricas, pouco tempo depois de eliminarem o SL Benfica nesta mesma prova, e desde março que não sentem o sabor da derrota com apenas dois empates e 11 vitórias nas últimas treze partidas realizadas. Quiçá tomados como “underdogs” nesta fase da prova, e já com um lugar garantida na Champions League do consequente ano desportivo, talvez falhe tal aposta, mas a equipa liderada por Luís Castro pode alcançar grandes feitos este ano na Liga Europa.
Igual “facilidade” demonstraram os helvéticos na fase preliminar contra os alemães do Eintracht Frankfurt, com o 4-0 somado das duas mãos a garantir o passaporte para os quartos-de-final da Liga Europa. Os suíços perderam recentemente a hegemonia interna e o Young Boys parece assumir-se cada vez como a grande potência a nível interno, porém os Rot-Blau terão certamente uma palavra a dizer já que são o único representante suíço nas competições europeias. Não será de todo tarefa fácil perante um tão poderoso Shakhtar, mas de certo o ex-leão Van Wolfswinkel e a sua armada de tudo farão para eliminar a turma de Luís Castro.
Com a fase final da Liga Europa a aproximar-se a passos largos, será na Alemanha em campo neutro que tudo se decidirá. Acredito que assistamos a dificuldades de adaptações ao terreno da parte de algumas equipas, e que certamente se notará a falta de ritmo de algumas equipas face à falta de competição recente. Uma coisa esta recente competição sempre nos reservou e cumpriu: competitividade máxima e equilíbrio notório nas suas fases a eliminar. Garantida também será a nossa presença aquando da apreciação e comentários a estes quatro jogos que de tudo têm para provocar emoção e espetáculo dentro e fora das quatro linhas.