Ewald Lienen, “The Lenin”, o revolucionário de Gladbach
Na agitada década de 1960, os jovens rebelavam-se contra o conformismo da geração dos pais e dos avós: hippies, maio de 68, greves estudantis, amor livre, experiencias psicadélicas e propostas de estilos de vida alternativos numa europa que entrava na sua fase de expansão económica do pós-guerra.
Na Alemanha, Rudi Dutsche – líder do movimento estudantil e anti guerra – era uma das figuras de proa dessa juventude, mas dentro das 4 linhas vários jovens também procuravam exprimir a sua irreverencia e desejos de uma sociedade diferente, como o ala esquerdo Paul Breitner e o medio Ewald Linen – a.k.a “the Lenin”. Este artigo debruçar-se-á sobre o Lenin de Bielefeld.
Nascido a 28 de Novembro de 1953, numa pequena vila perto de Bielefeld, Ewald Lienen iniciou a sua carreira profissional no Arminia Bielefeld na 2.Bundesliga (Época 1974-75). Após três boas épocas foi contratado para o Borussia de Mönchengladbach, onde adquiriu alguma notoriedade.
Porém, este centro campista trabalhador ficou mais conhecido pelas suas posições políticas. Lienen recusava-se a dar autógrafos, pois não se considerava “mais do que o comum dos cidadãos”. Participou ativamente no movimento antinuclear, ecológico, pacifista e era um vegetariano convicto. Mas a cereja no topo do bolo, foi o facto de ele ser um dos principais fundadores e mobilizadores da criação do sindicato de jogadores profissionais de futebol.
Devido a sua entrega em campo, o treinador do Borussia de Mönchengladbach decidiu entregar lhe a braçadeira de capitão, e um grupo de sócios do clube e membros da CDU (União Democrata Cristã – partido da ex-chanceler alemã Angela Merkel) devolveu os bilhetes de época, alegando que não queriam um “Comunista como capitão da sua equipa”.
Infelizmente, Lienen é conhecido mais pela sua arrepiante lesão – apenas aconselho aqueles com mais estomago a vê-la – do que pela sua dimensão social e política. Numa cena digna de um filme de terror, a 14 de agosto de 1981, Norbert Siegmann, do Werder Bremen, tem uma entrada brutal sobre Lienen com as suas chuteiras a rasgarem a perna de Lienen ficando o osso e o musculo expostos. Mesmo lesionado foi até ao banco do Werder Bremem, onde protestou contra Otto Rehhagel – nome de má memoria para todos os portugueses e para Lienen – que o considerou o responsável moral pela entrada selvagem de Siegmman.
Atualmente, está ligado a estrutura do F.C. St. Pauli – clube de Hamburgo fortemente conhecido pelos seus ideais de esquerda, um casamento perfeito entre Lienen e um clube no qual nunca jogou, apenas treinou. Aquando da realização da reunião do G20 em Hamburgo – junho 2017 – ,permitiu que um grupo de 200 manifestantes usassem as instalações do clube como sua base e que lá fizessem uma manifestação, da qual Lienen fez parte – como assim se esperava
Como jogador conquistou uma Taça UEFA e uma Kirin Cup, tudo ao serviço do Borussia de Mönchengladbach.