Euro 2020: As 5 “Jovens Promessas” da competição
Tal como outras grandes competições, o Campeonato Europeu é tradicionalmente um torneio onde surpreendem e despontam para a alta roda do futebol mundial jovens talentos desconhecidos do público em geral ou simplesmente à procura da afirmação definitiva entre os grandes. Um palco que estabelece e solidifica os “craques”, que define legados e que projecta carreiras para o estrelato.
O Euro 2020 promete continuar essa tradição. Assim, seguem-se 5 jovens que poderão muito bem ser a “revelação” da competição.
Nuno Mendes (Portugal)
O primeiro talento deste artigo é, provavelmente, aquele com quem estamos mais familiarizados.
Nuno Mendes chega ao Euro 2020 e à selecção portuguesa numa ascensão meteórica e relativamente semelhante à de Renato Sanches, em 2016. Fulcral na caminhada vitoriosa do Sporting rumo a um título nacional que escapava há 19 anos, tem quebrado barreiras atrás de barreiras no futebol português e assume-se cada vez mais como uma das maiores promessas mundiais da sua posição.
Potente, veloz, ágil, sagaz. Nuno é uma autêntica “locomotiva” que percorre toda a ala esquerda com uma eficácia brutal, tanto no capítulo defensivo como sobretudo no capítulo ofensivo do jogo. Aí, sempre de cabeça levantada, varia entradas fulminantes pela área adversária adentro com cruzamentos teleguiados a partir da lateral, procurando a todo o momento associar-se com os seus colegas de modo a estar sempre envolvido no ataque.
Raphael Guerreiro é o seu concorrente de posição e o lateral-esquerdo do Borussia Dortmund teve um papel relevante no título europeu de há 5 anos, mas Fernando Santos verá certamente utilidade no perfil altamente completo e atlético do “menino” de 18 anos, que actua sempre com a naturalidade própria das estrelas, imune a qualquer tipo de pressão.
Uma promessa que, de certa forma, é já uma certeza.
Pedri (Espanha)
À data deste artigo, Pedri já teve oportunidade de mostrar ao que vem para este Europeu, rubricando uma exibição de altíssimo nível frente à Suécia, na primeira jornada do Grupo E.
Com 18 anos, tornou-se o mais jovem espanhol da história a jogar num Campeonato Europeu, e quem o vê jogar rapidamente percebe o porquê de uma afirmação tão precoce. Dotado de uma qualidade técnica maravilhosa e tão própria do criativo espanhol, Pedri segue as pisadas dos mágicos Andrés Iniesta e David Silva, que brilhavam nos espaços curtos e através de combinações desenhadas com pés de veludo.
Destemido, assume a batuta da equipa, pauta o jogo com elegância e objectividade e descobre caminhos para o golo onde eles parecem não existir. É um mestre do último passe, que cresce exponencialmente em contextos onde o seu futebol rendilhado tenha reflexo noutros companheiros do mesmo perfil.
Ainda em tenra idade mas já com o peso de uma grande responsabilidade nos seus ombros, o “pequeno mágico” do FC Barcelona promete liderar o futebol espanhol nos próximos largos anos.
Adam Hlozek (República Checa)
Chega-nos da República Checa aquele que é, porventura, o elemento mais desconhecido desta lista, mas nem por isso o menos talentoso. Adam Hlozek tem 18 anos, actua pelo Sparta Praga e terminou a actual temporada a sagrar-se melhor marcador da liga checa, com 15 golos em 19 jogos e depois de uma exibição extraordinária na última jornada do campeonato, jogo onde apontou 4 golos em apenas 45 minutos.
Capaz de jogar em toda a frente de ataque, é no entanto como “9” que o seu perfil mais sobressai, uma vez que é aí que é capaz de se envolver mais no jogo ofensivo da equipa. Possante mas móvel, versátil e com uma fabulosa margem de progressão, tem recursos técnicos para dar e vender, finaliza com qualidade e de variadas formas e demonstra ainda potencialidades ao nível da visão de jogo e da capacidade de se associar e até assistir os seus colegas de ataque.
É a “jóia da coroa” checa, aquele que melhores condições possui para se assumir como o herdeiro de Karel Poborsky, Pavel Nedved ou Tomas Rosicky. Embora esteja ainda a dar os primeiros passos na selecção principal, é nele que recaem todas as esperanças dos checos para os próximos anos do seu futebol. E Hlozek tem feito por merecer essa confiança.
Jude Bellingham (Inglaterra)
Tal como Pedri, também Jude Bellingham já teve oportunidade de se estrear no Europeu à data deste artigo. Ao fazê-lo, tornou-se tão somente no jogador mais jovem da história dos Campeonatos Europeus, com 17 anos e 349 dias.
Um marco que, por si só, já nos diz alguma coisa sobre a valia deste jovem que joga como um veterano. Bellingham é o protótipo quase perfeito do “box-to-box” moderno. Atlético e muito forte fisicamente, tem passada larga e capacidade de choque para vencer a maioria dos duelos individuais. E depois, entra a qualidade com bola. Hábil tecnicamente, quebra linhas com facilidade através do drible, garante fluidez na circulação de bola e chega à área adversária com regularidade. A sua margem de progressão é gigante, sobretudo no capítulo da finalização, podendo no futuro evoluir para um jogador preponderante no plano ofensivo.
Aos 17 anos, chega ao Europeu depois de 46 (!) jogos na temporada pelo Borussia Dortmund, divididos por todas as competições. Um registo notável e indicador do quão fiável e resiliente o jovem inglês pode ser para as equipas onde joga, num futebol que exige cada vez mais dos seus protagonistas no plano físico.
Seja na poderosa Bundesliga ou na Champions League, contra os melhores dos melhores, Bellingham é um predestinado que irá certamente marcar uma era no miolo do futebol inglês.
Ryan Gravenberch (Holanda)
No meio-campo holandês, mora um talento geracional que combina a criatividade revolucionária do “futebolista total” holandês com a variabilidade de recursos do futebolista moderno.
Ryan Gravenberch é, desde cedo, apontado como uma das grandes esperanças da Holanda para liderar o renascimento da herança de Rinus Michels e Johan Cruyff, e a verdade é que as primeiras impressões do possante médio são muito positivas. Com 19 anos feitos apenas no passado mês de Maio, já se afirmou definitivamente no meio-campo do Ajax e, agora, começa a escrever a sua história na “laranja mecânica”.
Bastante completo, Ryan sente-se à vontade em praticamente todos os aspectos do jogo, mas é sobretudo através de uma rara combinação de capacidade de drible e qualidade de passe que se destaca. Igualmente capaz de bater adversários no drible ou através de passes certeiros que quebram linhas, é ainda um médio que chega com qualidade a zonas de finalização e que não se incomoda nos momentos em que tem de decidir e executar em espaços curtos.
Com Frank De Boer, e dadas as rotinas do meio-campo habitualmente titular (De Roon, Frenkie De Jong e Wijnaldum), Gravenberch iniciará a competição no banco de suplentes. No entanto, uma oportunidade para demonstrar a sua vasta qualidade e a imensidão de formas como consegue impactar o jogo é tudo aquilo que precisará para ganhar um lugar no 11 e formar uma parelha com Frenkie De Jong que tem tudo para ser icónica na próxima década do futebol holandês.
Para ele e para os restantes jovens da competição, o futuro já chegou. O futuro é agora. Estão prontos para brilhar.