La Liga Scouting #28 – Luis Suárez (Granada C.F.)
Quando se fala no nome “Suárez”, o pensamento do comum adepto de futebol viaja automaticamente para uma figura: o avançado uruguaio de 34 anos que actua no Atlético Madrid, com uma ilustre carreira recheada de sucessos e golos, muitos golos.
Porém, há outro Luis Suárez que merece destaque na “La Liga“. Mas, ao contrário do uruguaio (desde logo, porque é… colombiano), este encontra-se numa fase bem distinta da sua carreira. Aos 22 anos, está ainda à procura do seu espaço na principal competição espanhola, num Granada que vive um dos melhores momentos da sua história, tendo chegado inclusive aos quartos-de-final da Liga Europa na presente temporada, também com a ajuda do avançado.
Chegou ao futebol europeu ainda júnior, com apenas 18 anos, precisamente ao Granada, que o identificou no modesto Leones, dos escalões inferiores colombianos. No entanto, a sua presença no clube não seria longa, uma vez que o Watford assegurou os seus serviços a título definitivo junto do clube colombiano, levando-o para Inglaterra. Uma mudança que, de certa forma, não foi bem uma mudança, uma vez que tanto o Granada como o clube inglês – juntamente com a Udinese, de Itália – são detidos pela família Pozzo, comandada pelo empresário italiano Giampaolo Pozzo.
Seguiram-se uma série de empréstimos relativamente bem sucedidos ao Valladolid B e ao Gimnàstic, mas a “cereja no topo do bolo” foi a chegada a Saragoça, na época 2019/20. Na segunda liga espanhola, Suárez carregou os “blanquillos” para a luta da subida (perdida nas derradeiras jornadas da competição), apontando 19 golos em 38 jogos e demonstrando ser uma das principais figuras do campeonato.
Naturalmente, este rendimento levou a que a família Pozzo o “transferisse” de regresso para Granada, por cerca de 7M€. Chegado com altas expectativas, a verdade é que o colombiano tem tido algumas dificuldades em apresentar o mesmo rendimento que surgiu em Saragoça, aparecendo de forma intermitente no 11 de Diego Martínez.
Porém, e apesar desse facto, foi também já nesta temporada que o avançado atingiu um outro marco no seu ainda curto percurso: em Novembro de 2020, Carlos Queiroz premiou-o com a estreia pela selecção principal colombiana. Um momento que Suárez, certamente, quererá repetir por muitas mais vezes.
Para tal, necessitará primeiro de garantir a afirmação total no seu clube, algo que deverá necessariamente passar por uma alteração de posição.
Como joga… Suárez
O colombiano é um avançado, e este é, simultaneamente, o resumo mais simplista e mais complexo que pode ser feito sobre o seu perfil e o seu estilo de jogo. Simplista, porque está longe de detalhar todas as suas capacidades. Complexo, porque Suárez possui uma multiplicidade de funções que encaixam dentro da definição de um “avançado”.
Ágil, veloz e com um poder de aceleração acima da média, Suárez encarna na perfeição o papel do clássico avançado sul-americano de “faca nos dentes”, que não dá um único lance por perdido, disputa todas as bolas e ganha muitos duelos individuais em lances aparentemente desfavoráveis. Temerário, tem na sua compleição física (1,85m) um bom aliado para essas batalhas, e é possivelmente esse aspecto que também lhe permite ser opção para toda a frente de ataque. Seja num modelo com 2 avançados, seja num modelo com 3, seja no corredor central ou nos corredores laterais, é um jogador que executa com qualidade aquilo que lhe é pedido e que garante uma ameaça constante no último terço do terreno.
É, de resto, precisamente a partir das alas que Suárez tem jogado a maioria dos seus minutos no Granada, e também é aqui que poderá estar a explicação para os números modestos apresentados nesta temporada (apenas 7 golos em 37 jogos). Apesar da sua capacidade atlética lhe conceder esta polivalência, o colombiano é essencialmente um “9”, e um bom “9”. É notório que o corredor central potencia o seu futebol, nomeadamente ao nível da forma como se associa com os seus companheiros entre linhas e como se demonstra sagaz e oportuno no momento de explorar as costas da defesa adversária, atacando a profundidade e utilizando a sua aceleração para criar oportunidades flagrantes de golo.
Ora, no 4x2x3x1 do Granada, o seu posicionamento lateral – mais afastado da frente de ataque – nem sempre lhe oferece a possibilidade de se ligar com os colegas em fases de criação, e também lhe retira a capacidade de explorar a profundidade na grande maioria dos lances. Perde-se, sobretudo, a capacidade de o envolver no jogo, ele que apesar do seu perfil versátil e globalmente completo sobressai muito mais quando integrado num contexto onde toca muitas vezes na bola e onde toma mais decisões em posse.
Uma mudança de natureza táctica que poderá ser a diferença entre o Luis Suárez desta temporada e um Luis Suárez que demonstre todo o seu talento e potencial, claramente projectado para voos mais altos. Aos 22 anos, o colombiano vai mais do que a tempo de poder vir a criar o seu próprio nome no futebol europeu, deixando assim de viver “na sombra” do seu homónimo uruguaio.