Iniesta: O Eterno 8

Rute RibeiroOutubro 2, 20245min0

Iniesta: O Eterno 8

Rute RibeiroOutubro 2, 20245min0
Andrés Iniesta decidiu despedir-se dos relvados. O lendário médio, presente nos melhores XIs da história, encerra uma brilhante carreira no futebol

Iniesta dispensa apresentações, toda a gente se lembra dos seus tempos de ouro no Barcelona e de como era influente no meio campo em parceria com Xavi e mais tarde também com Busquets. Aquele era um Barcelona temido por todos, viveram-se tempos de glória e sem dúvida que o auge foi sob o comando de Pep Guardiola (o homem que explorou ao máximo o potencial dos jogadores que tinha à sua disposição). Nessa altura fez-se história e conquistaram os 6 troféus no mesmo ano (Copa del Rey, LaLiga, Champions League, Supertaça de Espanha, Supertaça Europeia e Mundial de Clubes).

Não é à toa que se tornou uma lenda do clube, acarinhado por todos e considerado um dos melhores médios do mundo, e por isso vamos fazer uma pequena viagem pela carreira que lhe concedeu esse estatuto.

La Masia – a fábrica de talentos – viu nele o potencial e aos 12 anos trouxe-o para ser treinado e lhe poderem incutir o ADN Barcelona. Rapidamente se foi destacandone liderou a equipa sub 15 até à vitória na Nike Premier Cup em 1999, onde marcou o golo da vitória e foi declarado o jogador do torneio.

Daí até à sua estreia na equipa principal foi um saltinho e Iniesta estreou-se (e logo a titular) numa noite europeia a 29 de outubro de 2002 contra o Club Brugge, onde venceram com um golo de Riquelme aos 64’.

Nessa época (2002/03) realizou 9 jogos (6 a titular) e apontou 1 assistência no jogo contra o Recreativo Huelva. Esse jogo terminou com uma confortável vitória por 3-0 e tinha no seu XI jogadores como Puyol e Kluivert, sendo o treinador o conhecido Louis van Gaal.

O primeiro golo com o escudo blaugrana veio na época seguinte a 14 de janeiro de 2004 num jogo em casa a contar para a Copa del Rey, onde a equipa venceu o Levante por 3-1. O golo foi apontado ao minuto 3 e Iniesta acabou por sair lesionado ainda na primeira parte, por volta do minuto 40.

Em 2007, Ludovic Giuly fez a sua transferência para o Roma no mercado de verão e nessa altura o médio teve então a oportunidade de trocar a sua camisola 24 para o número pelo qual ficou conhecido na história do futebol – o número 8.

Iniesta foi-se tornando ao longo das épocas cada vez mais consistente nas suas exibições e a sua presença em campo foi sendo mais regular, até se tornar titular indiscutível. Com isso veio também a responsabilidade e o jogador passou a integrar o grupo de capitães do Barcelona como 4ª opção na época de 2008/09.

A influência dele em campo era visível nos momentos cruciais e um deles foi nessa mesma época ao marcar o golo contra o Chelsea (aos 90+3’) que levou a equipa até à final da Champions League. Essa final jogou-se em Roma contra o Manchester United de Sir Alex Ferguson e com uma vitória por 2-0 com golos de Eto’o (assistido por Iniesta) e Messi, o camisola 8 venceu a segunda UCL da sua carreira.

Depois dessa brilhante época que fez parte dos 6 troféus no mesmo ano mencionada anteriormente, Iniesta enfrentou tempos mais complicados que envolveram lesões e o luto após a perda precoce do amigo e jogador de futebol Daniel Jarque. Foi uma fase dura mas que se nos pode ensinar alguma coisa é que se precisarmos, devemos procurar ajuda de especialistas, que foi o que Iniesta fez.
Andrés Iniesta após esse período voltou à sua habitual consistência, levantou vários troféus e foi assinando várias renovações com o clube ao longo do tempo.

A última vez que renovou foi a 6 de outubro de 2017 e este era um contrato para a vida, assegurando que seria blaugrana até ao seu último dia como jogador de futebol. No entanto, cerca de meio ano depois (27 de abril de 2018) decidiu anunciar que o seu percurso com o clube do seu coração chegaria ao fim no final dessa mesma época.

Despediu-se então dos adeptos culers a 20 de maio de 2018 num jogo a contar para a LaLiga em que venceram a Real Sociedad por 1-0 e onde foi substituído por Paco Alcácer ao minuto 81. Foi ovacionado por todos os adeptos presentes naquela que foi a sua casa durante 16 anos.

Iniesta gravou o seu nome na história do clube e terminou a sua ligação ao clube com 758 jogos, 66 golos, 32 títulos e muitos adeptos no mundo inteiro rendidos ao seu talento. Depois de sair do Barcelona rumou a terras asiáticas e assinou pelo Vissel Kobe, clube japonês onde esteve até 1 de julho de 2023 e arrecadou 3 títulos. Teve ainda uma breve passagem pelos Emirados Árabes Unidos onde representou o Emirates, último clube da sua carreira.

Já no futebol de seleções, Iniesta deixa também saudades a todos os adeptos espanhois já que fez parte da encantadora geração cheia de talento que conquistou 3 troféus seguidos: EURO 2008, Mundial 2010 e EURO 2012. Nas camadas mais jovens conseguiu também conquistar o EURO sub 17 e 19. Nesta secção o momento inesquecível de Iniesta será sem sombra de dúvida o seu golo solitário na final do Mundial de 2010, já no tempo extra e que deu assim o primeiro e até agora único Mundial à seleção espanhola.

O futebol despede-se assim de um dos grandes não só da sua geração mas da história da modalidade no geral. Iniesta será o eterno camisola 8, o médio talentoso e influente que inspirou muitos jogadores e que fez brilhar os olhos de muitos adeptos deste desporto.


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