Iniesta: O Eterno 8
Iniesta dispensa apresentações, toda a gente se lembra dos seus tempos de ouro no Barcelona e de como era influente no meio campo em parceria com Xavi e mais tarde também com Busquets. Aquele era um Barcelona temido por todos, viveram-se tempos de glória e sem dúvida que o auge foi sob o comando de Pep Guardiola (o homem que explorou ao máximo o potencial dos jogadores que tinha à sua disposição). Nessa altura fez-se história e conquistaram os 6 troféus no mesmo ano (Copa del Rey, LaLiga, Champions League, Supertaça de Espanha, Supertaça Europeia e Mundial de Clubes).
Não é à toa que se tornou uma lenda do clube, acarinhado por todos e considerado um dos melhores médios do mundo, e por isso vamos fazer uma pequena viagem pela carreira que lhe concedeu esse estatuto.
La Masia – a fábrica de talentos – viu nele o potencial e aos 12 anos trouxe-o para ser treinado e lhe poderem incutir o ADN Barcelona. Rapidamente se foi destacandone liderou a equipa sub 15 até à vitória na Nike Premier Cup em 1999, onde marcou o golo da vitória e foi declarado o jogador do torneio.
Daí até à sua estreia na equipa principal foi um saltinho e Iniesta estreou-se (e logo a titular) numa noite europeia a 29 de outubro de 2002 contra o Club Brugge, onde venceram com um golo de Riquelme aos 64’.
Nessa época (2002/03) realizou 9 jogos (6 a titular) e apontou 1 assistência no jogo contra o Recreativo Huelva. Esse jogo terminou com uma confortável vitória por 3-0 e tinha no seu XI jogadores como Puyol e Kluivert, sendo o treinador o conhecido Louis van Gaal.
O primeiro golo com o escudo blaugrana veio na época seguinte a 14 de janeiro de 2004 num jogo em casa a contar para a Copa del Rey, onde a equipa venceu o Levante por 3-1. O golo foi apontado ao minuto 3 e Iniesta acabou por sair lesionado ainda na primeira parte, por volta do minuto 40.
Em 2007, Ludovic Giuly fez a sua transferência para o Roma no mercado de verão e nessa altura o médio teve então a oportunidade de trocar a sua camisola 24 para o número pelo qual ficou conhecido na história do futebol – o número 8.
Iniesta foi-se tornando ao longo das épocas cada vez mais consistente nas suas exibições e a sua presença em campo foi sendo mais regular, até se tornar titular indiscutível. Com isso veio também a responsabilidade e o jogador passou a integrar o grupo de capitães do Barcelona como 4ª opção na época de 2008/09.
A influência dele em campo era visível nos momentos cruciais e um deles foi nessa mesma época ao marcar o golo contra o Chelsea (aos 90+3’) que levou a equipa até à final da Champions League. Essa final jogou-se em Roma contra o Manchester United de Sir Alex Ferguson e com uma vitória por 2-0 com golos de Eto’o (assistido por Iniesta) e Messi, o camisola 8 venceu a segunda UCL da sua carreira.
On this day on 2009, Iniesta put Chelsea on the sword in the 93rd minute. Barça was down by a goal while playing with 10 men pic.twitter.com/Jc6ysGP5nw
— The Pep (@GuardiolaTweets) May 6, 2020
Depois dessa brilhante época que fez parte dos 6 troféus no mesmo ano mencionada anteriormente, Iniesta enfrentou tempos mais complicados que envolveram lesões e o luto após a perda precoce do amigo e jogador de futebol Daniel Jarque. Foi uma fase dura mas que se nos pode ensinar alguma coisa é que se precisarmos, devemos procurar ajuda de especialistas, que foi o que Iniesta fez.
Andrés Iniesta após esse período voltou à sua habitual consistência, levantou vários troféus e foi assinando várias renovações com o clube ao longo do tempo.
A última vez que renovou foi a 6 de outubro de 2017 e este era um contrato para a vida, assegurando que seria blaugrana até ao seu último dia como jogador de futebol. No entanto, cerca de meio ano depois (27 de abril de 2018) decidiu anunciar que o seu percurso com o clube do seu coração chegaria ao fim no final dessa mesma época.
Despediu-se então dos adeptos culers a 20 de maio de 2018 num jogo a contar para a LaLiga em que venceram a Real Sociedad por 1-0 e onde foi substituído por Paco Alcácer ao minuto 81. Foi ovacionado por todos os adeptos presentes naquela que foi a sua casa durante 16 anos.
Iniesta gravou o seu nome na história do clube e terminou a sua ligação ao clube com 758 jogos, 66 golos, 32 títulos e muitos adeptos no mundo inteiro rendidos ao seu talento. Depois de sair do Barcelona rumou a terras asiáticas e assinou pelo Vissel Kobe, clube japonês onde esteve até 1 de julho de 2023 e arrecadou 3 títulos. Teve ainda uma breve passagem pelos Emirados Árabes Unidos onde representou o Emirates, último clube da sua carreira.
Já no futebol de seleções, Iniesta deixa também saudades a todos os adeptos espanhois já que fez parte da encantadora geração cheia de talento que conquistou 3 troféus seguidos: EURO 2008, Mundial 2010 e EURO 2012. Nas camadas mais jovens conseguiu também conquistar o EURO sub 17 e 19. Nesta secção o momento inesquecível de Iniesta será sem sombra de dúvida o seu golo solitário na final do Mundial de 2010, já no tempo extra e que deu assim o primeiro e até agora único Mundial à seleção espanhola.
Andrés Iniesta se retira del fútbol.
Nunca saldré de este recuerdo, de este día 11 de julio de 2010, del gol que nos dio un Mundial de fútbol.
El gol de Todos, el Mundial de España 🇪🇦 , el sueño de un país de fútbol.
Eternas Gracias Don Andrés.pic.twitter.com/JYJO7k7kBw
— Macroski (@MMacroski) October 1, 2024
O futebol despede-se assim de um dos grandes não só da sua geração mas da história da modalidade no geral. Iniesta será o eterno camisola 8, o médio talentoso e influente que inspirou muitos jogadores e que fez brilhar os olhos de muitos adeptos deste desporto.