Guerra de estatutos

Pedro NunesAgosto 3, 20183min0
Na região espanhola da Andaluzia, duas equipas lutam pelo estatuto de dono daquele espaço. Os últimos anos têm sido dominados pelo Sevilha, que juntava as boas posições na tabela da Liga, às conquistas europeias. Contudo, na época passada, com um futebol vistoso, o Bétis acabou à frente e tornou este duelo bastante interessante.

A equipa mais dominante da Andaluzia dos últimos anos vestia de vermelho e branco, mas a época passada pintou a região de cores diferentes. O Bétis terminou à frente do arqui-rival Sevilha pela primeira vez desde há muito tempo, garantindo inclusive um lugar para jogar a Liga Europa.

As dúvidas iniciais de um futebol com um estilo diferente, aliada à imediata necessidade de resultados do futebol moderno, fez com que a apreensão existente quanto à real capacidade desta equipa levasse algum tempo a ser dissipada. Mesmo assim, Setién colocou-se como um dos melhores técnicos da Liga, capaz de converter jogadores bons em muito bons, normais em bons e fracos em competitivos.

O treinador, depois de fazer um grande trabalho no Las Palmas, potenciou um estilo de jogo associativo e com critério bem definido, fazendo evidenciar vários jogadores que até ao momento estavam longe dos olhares da ribalta como Fabián, Junior ou Loren Morón. O primeiro, como prémio da excelente temporada feita, viajou agora para Itália, onde será o responsável por substituir Jorginho Frello, no novo Nápoles de Ancelotti. Outro momento importante na temporada foi a chegada do central Marc Bartra, que veio dar o salto de qualidade que faltava ao processo de saída de bola da equipa.

Para esta nova temporada a continuidade é a palavra de ordem. Com esse intuito, já partiram para a aquisição de jogadores como Joel Robles, Sidnei, Inui e William Carvalho,. De verde e branco em Portugal para verde e branco em Espanha, William é um jogador com qualidades para encaixar bem nesta equipa, precisamente no lugar de Fabián.

Saltando do banco do Benito Villamarín para o do Ramón Sánchez Pizjuán do Sevilha, o cenário é quase o oposto. A instabilidade foi muita e o objectivo é que esta temporada seja bem diferente. Uma verdadeira roda viva de treinadores, que começou com Eduardo Berizzo, que não conseguiu corresponder em termos de resultados e foi rendido por Montella. O italiano também não correspondeu às expectativas e o Sevilha acabou a temporada com Joaquin Caparrós ao leme. Agora é a vez do ex-Girona, Pablo Machin, dar-se à tarefa de fazer voltar este Sevilha aos tempos áureos. O técnico enfrenta agora uma situação diferente daquela que viveu na Catalunha, onde foi o responsável por trazer o Girona da segunda liga, cimentá-lo na primeira e conseguindo, apenas quatro anos depois, deixá-los a uns escassos 7 pontos de jogar a Europa.

Principalmente em termos de mercado, onde o Sevilha se movimentava como ninguém, a equipa perdeu algum fulgor e isso poderá tirar algumas manobras que se sabiam ser bem feitas. A passagem de Monchi para a Roma justifica esta circunstância. Mesmo assim, há algumas movimentações a destacar. Lenglet, líder do centro da defesa com apenas 22 anos, viajou para Barcelona e deixou em Sevilha cerca de 30M€ e foi uma das únicas coisas positivas a acontecerem na temporada sevilhana.

Estas circunstâncias trouxeram uma alteração de estatutos a esta região. As equipas, cada uma por seu lado, querem fazer das suas cores as mais vistosas. Será um duelo interessante de acompanhar na temporada que se aproxima.

Foto: Diario de Sevillla

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