Guerra de estatutos
A equipa mais dominante da Andaluzia dos últimos anos vestia de vermelho e branco, mas a época passada pintou a região de cores diferentes. O Bétis terminou à frente do arqui-rival Sevilha pela primeira vez desde há muito tempo, garantindo inclusive um lugar para jogar a Liga Europa.
As dúvidas iniciais de um futebol com um estilo diferente, aliada à imediata necessidade de resultados do futebol moderno, fez com que a apreensão existente quanto à real capacidade desta equipa levasse algum tempo a ser dissipada. Mesmo assim, Setién colocou-se como um dos melhores técnicos da Liga, capaz de converter jogadores bons em muito bons, normais em bons e fracos em competitivos.
O treinador, depois de fazer um grande trabalho no Las Palmas, potenciou um estilo de jogo associativo e com critério bem definido, fazendo evidenciar vários jogadores que até ao momento estavam longe dos olhares da ribalta como Fabián, Junior ou Loren Morón. O primeiro, como prémio da excelente temporada feita, viajou agora para Itália, onde será o responsável por substituir Jorginho Frello, no novo Nápoles de Ancelotti. Outro momento importante na temporada foi a chegada do central Marc Bartra, que veio dar o salto de qualidade que faltava ao processo de saída de bola da equipa.
Para esta nova temporada a continuidade é a palavra de ordem. Com esse intuito, já partiram para a aquisição de jogadores como Joel Robles, Sidnei, Inui e William Carvalho,. De verde e branco em Portugal para verde e branco em Espanha, William é um jogador com qualidades para encaixar bem nesta equipa, precisamente no lugar de Fabián.
Saltando do banco do Benito Villamarín para o do Ramón Sánchez Pizjuán do Sevilha, o cenário é quase o oposto. A instabilidade foi muita e o objectivo é que esta temporada seja bem diferente. Uma verdadeira roda viva de treinadores, que começou com Eduardo Berizzo, que não conseguiu corresponder em termos de resultados e foi rendido por Montella. O italiano também não correspondeu às expectativas e o Sevilha acabou a temporada com Joaquin Caparrós ao leme. Agora é a vez do ex-Girona, Pablo Machin, dar-se à tarefa de fazer voltar este Sevilha aos tempos áureos. O técnico enfrenta agora uma situação diferente daquela que viveu na Catalunha, onde foi o responsável por trazer o Girona da segunda liga, cimentá-lo na primeira e conseguindo, apenas quatro anos depois, deixá-los a uns escassos 7 pontos de jogar a Europa.
Principalmente em termos de mercado, onde o Sevilha se movimentava como ninguém, a equipa perdeu algum fulgor e isso poderá tirar algumas manobras que se sabiam ser bem feitas. A passagem de Monchi para a Roma justifica esta circunstância. Mesmo assim, há algumas movimentações a destacar. Lenglet, líder do centro da defesa com apenas 22 anos, viajou para Barcelona e deixou em Sevilha cerca de 30M€ e foi uma das únicas coisas positivas a acontecerem na temporada sevilhana.
Estas circunstâncias trouxeram uma alteração de estatutos a esta região. As equipas, cada uma por seu lado, querem fazer das suas cores as mais vistosas. Será um duelo interessante de acompanhar na temporada que se aproxima.