Bilbau procura voltar ao que sempre foi
No ano passado a liga não correu bem e isso ligou os alarmes no San Mamés. Era sabido que a transição para o pós-Ernesto Valverde ia ser complicada, depois do sucesso que o treinador teve no país basco. Ziganda, da equipa B, foi o chamado para o desafio mas a equipa demonstrou muitas dificuldades no decorrer da época.
O principal plano da equipa basca usado até ali não foi possível de colocar em prática. Aparecendo cada vez menos, Aritz Aduriz já não conseguiu ter a mesma influência, também por culpa do esquema da equipa que, com um plano ofensivo pouco conseguido, não fazia chegar a bola ao seu avançado goleador. Neste parâmetro a principal justificação é a lesão de Iker Muniain. Ainda Setembro não tinha chegado ao fim e os jornais já punham os adeptos em sobressalto. Iker Muniain sofria uma lesão nos ligamentos cruzados do seu joelho direito e tinha de ficar de fora durante, pelo menos, 6 meses. O drama já não era novo para o jogador, pois em 2015 já tinha vivido uma situação idêntica, na altura a contas com o joelho contrário. Por outro lado, o menino Iñaki Williams cresceu, mas não tem correspondido às expectativas que lhe iam sendo postas há uns anos. Hoje em dia, é um jogador com boa capacidade física e técnica mas com alguma falta de carisma no que toca a liderar uma equipa. A solução de recurso era, então, as bolas paradas e os remates de longa distância. Neste ponto, a figura principal era Raúl Garcia.
Esses, que são capazes de se afirmarem, não permanecem muito tempo em San Mamés. O guardião Kepa Arrizabalaga foi um dos nomes do último mercado de transferências. O guardião era o melhor activo dos leones e o Chelsea abriu o cordões à bolsa para o tornar no guarda-redes mais caro da história. Vendo sair Courtois, o clube londrino não pensou duas vezes em ir buscá-lo ao país basco por 80 milhões de euros. Também o central Aymeric Laporte rumou à liga inglesa, meses antes, para jogar no Manchester City.
Estas condicionantes deixam sempre dificuldades no momento de ter de voltar a reconstruir a equipa. O clube tem dinheiro mas não tem oferta suficiente para suprir a sua necessidade. Não raras da necessidade resta entrar em negociações com o grande rival da região – a Real Sociedad. O maior exemplo é o central Iñigo Martinez. Esta temporada, falou-se também de Xabi Prieto que, segundo consta, rejeitou a mudança do Anoeta para San Mamés.
Em Lezama, centro de operações do Athletic, as coisas mudaram, mas querem que volte o quanto antes ao que eram. Ao leme está agora o treinador Eduardo Berizzo que depois de uma passagem bem sucedida em Vigo e de um percalço em Sevilha, vai ser o principal responsável por devolver este Athletic ao lugar na tabela que lhe pertence num dos desafios mais interessantes de acompanhar nesta edição da La Liga.
O Athletic Club é um clube especial. Não só em Bilbau, mas em todo o mundo. E é especial por, num mundo tão globalizado, ser um clube tão local. A sua conhecida política de querer garantir a identidade basca e de apenas fazer alinhar jogadores daquela região ou que tenham feito a formação em clubes ali localizados, dá-lhes esse estatuto. Não há muitos clubes que sigam este exemplo – o Chivas no México é parecido, ao só fazer jogar mexicanos -, até porque é tarefa bem complicada. Esta opção coloca, logo à partida, uma desvantagem a nível de mercado – todos os clubes podem vir buscar os seus jogadores e eles apenas podem ir buscar atletas que reúnam aquele tipo de condições. A base de recrutamento fica, portanto, muito mais pequena. Na região basca, a população limita-se a três milhões de habitantes, em que apenas uma pequena parte é jogador profissional de futebol. No entanto, este não tem sido um entrave para as aspirações desta equipa, que luta sempre pelos lugares cimeiros da tabela, com participações regulares nas competições europeias. Um registo de respeito.